Júnior quer saber

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Quando amanheceu, Edson ainda estava no meu apartamento. Nós dois ficamos juntos na cama agarrados eu até que gostei de ficar agarrado com ele, mas me senti como se tivesse traindo um namorado ou coisa do tipo. Poderia até ser crueldade da minha parte mas definitivamente queria que ele fosse embora.

- O que você achou do sexo?- ele me perguntou.

Transamos três vezes, ele era versátil, então comi ele duas vezes, e fui fodido uma. Normal.

- Foi muito bom - respondi de um jeito meio alegre, apesar de não achar que merecesse exclamações.

Enquanto transavamos, eu não parava de pensar no Júnior.

Depois de horas conversando,  ele foi embora. Eu me arrumei e fui para o trabalho já que eu tinha que entrar um pouco tarde esses dias. Como já foi dito, vai iniciar os treinamentos dos meninos na floresta.

Quando cheguei no quartel, corri para ala hospitalar e comecei a organizar todas as coisas  que precisavam ser organizadas para o dia a dia.

Quando eu estava ligando o computador,  fui surpreendido por ninguém menos que...

Júnior.

Ele me encarou de jeito suplicante.

- Pode me ajudar, eu me machuquei.

- Claro. - respondo educadamente.

Respiro fundo. Ao que parece Júnior se machucou no dedo. Era um corte feito com faca. Como ele fez isso? Será que ele se cortou de propósito?

-  Como você fez isso? - eu perguntei com curiosidade.

- Foi em casa, cortando melancia.

Ah, eu deveria imaginar. Júnior é péssimo com facas, e agora que estava sozinho com certeza deve está fazendo tanta coisa errada naquele apartamento que eu poderia dizer que é uma criança quem mora lá sozinho.

- Eu fui cortar a melancia e sem querer cortei o dedo. Eu não tenho curativos em casa.

Escutei o que ele disse enquanto tirava um pano enrolado  de qualquer jeito; estava sujo de sangue, limpei os dedos dele com um soro com a caixa de curativos. Eu olhava para a mão dele com desejo, não no corte, mas na mão...mãos sexy. Droga.

- Pronto. - informo quando finalizo o meu trabalho.

- Vai iniciar a temporada de treinos dos garotos - Júnior diz como se eu precisasse saber.

- Ah, já estou sabendo - digo.

Então um silêncio envolve nós dois.

- Bom, eu já vou. Tenho que cuidar de alguns garotos.

- Beleza, bom trabalho.

Júnior se retira e eu solto a respiração que prendi desde o silêncio que caiu sobre nós.

Tive bastante coisa para fazer. Mas fiquei sabendo segundo as fofocas da recepcionista, que Júnior comprou uma moto e que agora vinha para o trabalho com ela. Uau, agora ele pode pôr uma mulher em cima dela e se gabar para todos os heterossexuais que ele tem uma moto e uma mulher em cima.

Quem eu estou enganado,  Júnior é hetero e por mais que tenha transado comigo, ele nunca iria deixar seu jeito de ser heterossexual de lado. Antes de mim, ele já tinha uma vida e depois de mim ele pode continuar com essa vida que eu não vou me preocupar de querer destruir. Não! Eu precisava pensar na minha própria vida.

Por isso, na hora do almoço eu peguei minha bandeja e sentei em um lugar bem longe dele e dos outros meninos.  Acredito que Pedro e Marcelo não tenham percebido a minha decisão de querer sentar sozinho, mas acho que Júnior percebeu.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora