Na floresta escura

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A noite caiu antes que eu sequer desse conta. Comemos uma boa comida e em seguida fomos colocado para fora do quartel com facas e nossa roupas completas do exército.

O nosso grupo era formado por vinte garotos. Junior nos levou para um lado da floresta , enquanto os outros grupos estavam em outros cantos.

- Muito bem galera - começou júnior, era primeira vez que ouvia falar mais de uma palavra em uma frase - a gente vai procurar um lugar adequado para ficarmos e iremos passar a noite.

- Não iremos caçar ou matar alguém? - perguntou um garoto parecido com Mike.

- Não - respondeu junior rude.

- A gente podia colocar os viadinhos aí para vigiar enquanto dormimos. - sugeriu um.

- Não quero um babaca que chupa rola me vigiando enquanto eu dormo não! - cortou outro.

- Tive uma ideia melhor porque vocês não vão se fuder! - eu me meti.

Ouve vários uhuuuuuu. Junior se adiantou.

- Parem de agir como crianças. Ninguém vai precisar se preocupar. Eu irei vigiar, beleza. Todos vocês dormem e eu faço isso pelo grupo.

Alguns garotos pareceram surpresos outros até deram tapinhas de felicidades ao Júnior que pareceu se enrijecer diante do toque.

- Agora vamos! - disse junior.

E, pela primeira vez desde tudo aquilo, ele me lançou um olhar. Meu Deus, eu não acredito que estava começando a gostar daquele hétero que me odiava só por gostar de homens.

Todos nós entramos na floresta escura e repleta de samambaias e outras gramas altas. Olhamos atentos para os lado com medo de algo aparecer. As luzes ao longe do quartel pareciam tão fracas e inúteis da floresta. E as árvores pareciam pessoas eretas e estranhas.

Ficamos bem afastados do quartel conforme caminhamos. Junior parecia ter bastante experiência com aquele tipo de situação, ele pegou um pedaço de madeira e acendeu com um esqueiro a ponta. Agora ele andava com uma tocha iluminado o cominho.

Os garotos faziam brincadeiras de mau gosto ou contavam piadas ofensivas a mulheres, e o alvo principal deles os gays.

- Porque o Homem com H maiúsculo ficou com medo de ter filhos? - ia contando o idiota chamado Paulo.

Os garotos bobões perguntavam:

- Porquê?

- Porque se nascesse mulher, ele teria que aguentar duas frescuras e se nascesse homem ele acharia que seria viado!

Os garotos se atiraram em gargalhadas e gritos.

- Será que dá para falarem baixo! - brigou junior, ele liderava o cortejo a frente, eu não conseguia ver se estava rindo daquela situação toda ou se estava sério. Provavelmente a segunda opção, seus ombros largos estavam imóveis.

Mesmo assim os garotos continuaram.

- Será que dar para pararam de falar de mulher - eu comecei, os garotos ficaram em silêncio.

- Que foi viadinho. As mulheres são suas inimigas em comum, certo, elas também gostam da gente, homens fortes de verdade que tenham pau grande - disse Paulo, o idiota, fazendo referência ao assunto que estava falando com os garotos.

- Não babaca, estou falando isso porque tenho mãe e vocês também. Idiotas! Isso é insultar elas também.

Os meninos começaram a rir. Mike se aproximou de mim.

- Não vale a pena.

Então finalmente, um finalmente bem demorado e irritante, a gente parou em um local bem legal, dava de ver até mesmo o luar e as estrelas. Eu e Mike ficamos encantos com aquela cena.

- Bom, acho que vamos ficar aqui, certo. Procure lugares para descansar. Ou se quiserem, vamos... acender um fogueira.

Os garotos ficaram animadíssimos com a ideia e começaram a procurar pedaços de madeira pela floresta. Ficou apenas eu, Junior e Mike esperando os idiotas voltarem com as madeiras.

- O que você acha dele? - sussurrou mike sentado ao meu lado, observamos Junior, ele estava sentado ao lado de uma árvore observando o céu estrelado.

Eu fingi descontração.

- Eu não acho nada dele - menti - e você?

- Acho ele um gato! - eu e Mike demos risada apesar das dores da briga de ontem.

- O que aconteceu com você depois que desmaiou - eu perguntei ainda sobre a luta corpo a corpo que tivemos ontem.

- Foi a coisa mais horrível. - comentou mike.

- Você ficou bem?

- Claro que sim! Dei uma boa surra no meu adversário - eu encarei o Mike, seu rosto de fato não havia ferimentos.

- Que sorte. - eu comentei desanimado.

- Foi ele, quem levou você para a cama - disse Mike.

- Quê?! - eu quase gritei histericamente, depois falei mais baixo - o quê? Como assim?

- Foi o que eu vi, o sargento ficou observando as outras lutas depois que você desmaiou. Ficou só você e ele ali, então eu vi ele levar um corpo para dentro do Quartel. E você não estava mais ali. Logo em seguida ele retornou.

Aquela informação me pegou de surpresa. Eu fiquei encarando o Júnior, será que ele era diferente daqueles garotos. Já tive amigos héteros incríveis e decididos com suas vidas e capazes de aceitar as diferenças. Junior não poderia ser diferente. Afinal, porque eu me importava, ele me bateu!

- Você devia agradecer! - sussurrou Mike no meu ouvido.

- Sem chance, não falo com ele e acredito que assim está ótimo.

- Ele parece tão so...

Mike não terminou de falar porque os idiotas retornaram liderados pelo Paulo. Todos trouxeram madeiras o suficiente para construir dez fogueiras.

Não demorou até que júnior começasse a montar a fogueira enquanto os garotos que aparentemente comia comidas contrabandeado do Quartel. Eles dividiam para todos ali presentes.

Paulo se aproximou de mim e Mike e estendeu a mão cheia de doces e chocolates.

Eu e meu amigo aceitamos os doces, havia uma estranho olhar no Paulo.

- Fazendo isso não estou dizendo que vou parar de zuar vocês - ele disse rindo, eu e mike sorrimos também.

Quando ele nos deu as costas soltou:

- Viadinhos.

- Lixo - xinguei de volta.

- Idiota - ajudou Mike.

No centro, a fogueira estava imensa, todos nós observamos com felicidade oculta era como se tivéssemos fazendo algo indevido, mas o meu pensamento pousou em Júnior.

Se ele de fato me levou para a minha cama, eu deveria agradecer. Ou talvez ele esteja fazendo mais que sua obrigação. Mas a grande dúvida que não saia da minha cabeça era porquê? Por qual motivo ele pegou o meu corpo e me levou para minha cama. Se fazer isso para um hetero que sempre tinha que deixar claro para outros héteros que gostavam de mulher e que não tinha nenhum contato, seja físico, com gay. Me deliciei com os doces que Paulo me deu para tentar afastar esse pensamento.

Mas a grande fogueira acessa me envolvia com seu calor, junior voltava para seu lugar. Ele olhou ao redor e eu olha para ele enquanto ouvia gritos vindos de algum lugar da floresta ou talvez tenha sido apenas dos garotos aqui perto fazendo suas palhaçadas.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora