De volta ao Quartel

424 39 3
                                    

Cinco meses depois.

Pela segunda vez, desci do uber e olhei meio assustado para o Quartel. Se passaram cinco meses e...ainda sinto como se tivesse acontecido ontem todos os acontecimentos.

Era uma manhã de segunda-feira fria, as enormes árvores que formavam a floresta do Quartel estavam com suas copas úmidas, pois havia chovido.

Peguei minha bolsa com alguns documentos e paguei o uber. Então me aproximei daquele enorme portão e fui recebido pelo mesmo porteiro uniformizado que me havia recebido na primeira vez que estive ali.

- Oi, bom dia! Eu sou...

- Guilherme Guilhotina? - disse o porteiro, lendo uma prancheta presa em um gancho na parte.

- Isso mesmo - concordei - fui chamado para uma...entrevista de emprego.

Isso mesmo, entrevista de emprego. Quando recebi a ligação fiquei um pouco assustado e até mesmo impressionado. Eles não informaram bem do que se tratava ou o que eu iria fazer é por esse motivo que estou aqui, para descobrir. O salário seria informado, e eu estaria fazendo algo que eu acho que gosto: investigações. Mesmo sabendo que isso não tem nada a haver com o Quartel.

Eu entrei nos terrenos grandiosos do Quartel e percebi que havia uma diferença muito grande ali. A poucos metros havia o que parecia ser uma quadra de esportes completamente fechada por um muro alto e sem teto, o que tinha ali dentro, eu não sabia. Talvez era algum espaço de treinamento novo.

E em vários pontos, havia vários objetos de treinamentos que nunca haviam ali quando eu estava servindo.

Me aproximei lentamente das portas que davam para entrada.

Falei com a recepcionista e ela me pediu para esperar e se eu quisesse poderia me servir de café.

Sentei em uma das cadeiras ali e fiquei esperando.

Então eu vi ele.

Júnior.

Ele entrou pelas mesmas portas que eu, totalmente descontraído e usava óculos pretos lhe deixando completamente atraente, ele usava botas de coro e uma calça jeans e uma camisa social,  levava nas costas uma bolsa grande de lado. Olhar para ele me deixava com um certo atrevimento.

Ele foi até a recepcionista que olhou para ele com os olhos brilhantes. Não havia percebido detalhes da mulher, mas ela era muito linda.

Combinava com o Júnior.

Enquanto eles conversavam eu olhava para eles. E se Júnior ficasse com ela, parecia ser uma grande mulher. Seria mais interessante do que ficar com um gay que só tem dois buracos para servir no sexo.

Nossa, o que eu estava falando era...ridículo.

Então Júnior notou minha presença. E, olhou para mim e acenou e deu uma piscada de alguém que aprontou e sabe que eu também não fiz coisas boas. Sorri, o que desfez aquele meu pensamentos de buracos.

Em seguida Júnior se retirou pelas portas ao lado da recepção.

- Senhor Guilherme, acabei de receber uma notícia de que você pode entrar. Fica no corredor da ala hospitalar, sabe aonde fica?Ou eu posso te levar.

- Não, obrigado, sei aonde fica. Obrigada.

Me retirei daquela lugar, pois eu comecei a encarar a mulher. Meu Deus o que estava acontecendo comigo.

Eu sabia aonde ficava o corredor da ala hospitalar já que eu gostava de fazer investigações noturnas com Júnior. Me lembrar me deixava até excitado, pois sempre quis fazer sexo com alguém as escondidas em lugares levemente arriscados.

- Você é o Guilherme Guilhotina, eu imagino? - perguntou uma mulher vestida de jaleco quando eu bati e entrei na conhecida ala hospitalar que Júnior ficou uma vez. - Prazer, eu sou Doutora Erica, da ala hospitalar.

Acho que tenho uma leve lembrança de quem ela seja. Apesar de não conseguir me lembrar quando vi essa mulher.

- Olá, prazer.

- Venha até minha sala - ela me encaminhou para uma porta atrás de um uns armários. Era uma sala apertada mas bem organizada. - sente-se. Eu precisava muito de um parceiro de trabalho. Não sei se você sabe mas o Quartel vai iniciar uma nova jornada de treinamentos para os jovens. E como você viu ao entrar eles expandiram os equipamentos de treinos.

"O que significava que a demanda de machucados será bem grandes. Eu poderia ter escolhido alguém especializado na área, mas já vi vários jovens sair daqui e se tornarem grandes médicos. Você pode aceitar essa vaga que estou abrindo ou não, é sua escolha."

Uau ela estava pedindo para eu ajudar na ala hospitalar, eu devo está alucinado.

- Mas...mas eu não tenho experiência na área e nem um curso.

- Ah, não se preocupe. Eu lhe darei três meses de treinos com direito a um certificado. E se você se sair bem depois desses três meses pode adquirir diversas oportunidades.

Não parecia ser algo ruim afinal eu não tinha nada planejado para o meu futuro, a não ser sair do país; e essa oportunidade parecia ser incrível não poderia perder essa chance.

- Tudo bem, eu aceito.

- Aceita - ela pareceu radiante - ótimo. Sem falar que o salário é ótimo, 2.500 com alguns descontos que você pode acrescentar. Seu horário vai ser normal, das sete horas as três da tarde podendo ficar aqui em dias que precisam muito da gente. A nossa prioridade é apenas com os jovens daqui ou os funcionários. É  muito raro ter funcionários machucados, sempre foi jovens ou os treinadores.

- Certo, eu consigo imaginar. - comentei rindo.

- Você já serviu aqui, não é mesmo? - ela perguntou interessada e eu concordei - Bom, vou preparar seu contrato, e antes me passa alguns de seus dados, para você assinar. Dentro de cinco dias você já pode começar. Os jovens vão chegar nesses dias.

Depois de passar uma série de documentos para ela, consegui finalizar tudo e me retirei da sala. Nossa quem diria, eu iria trabalhar como auxiliar dela na ala hospitalar.

Caminhando pelos corredores vi alguém de longe caminhando em minha direção. Era o Júnior, ele estava uniformizado. Esqueci de dizer que ele também trabalhava aqui como substituto de Quintamante, que foi preso por desvio de plano militar (eu quem criei isso já que ele não fez nada que pudesse ajudar na missão).

- O que eles queriam com você? - Júnior perguntou, ele parecia que estava querendo saber a mais tempo do que eu. Como ele dizia, era solitário ficar aqui sem minha companhia.

- Me convidar para trabalhar como auxiliar na ala hospitalar.

- Hum...parece ser legal. - ele disse - significa que vai ficar por aqui.

- Pois é - confirmei sorrindo.

Então ele olhou para os lados para ver se tinha alguém por perto.

- A gente se vê depois daqui? - ele perguntou.

- A gente se vê depois daqui - repeti e ele pegou ausadamente na minha cintura e se retirou.

Estávamos morando em um apartamento mais próximo do Quartel. Depois de considerarmos o fato de que quando estávamos juntos conseguimos melhorar a vida um do outro. Então resolvemos morar juntos. Não estávamos casados ou namorando. Tínhamos apenas um compromisso um com o outro que consiste em fazer sexo e ninguém precisava saber pois estávamos no nosso apartamento.

Júnior tinha manias de dizer que eu estava depressivo por causa de Mike, o que eu não achava verdade. A perda do Mike mexeu muito comigo, mas depois de um tempo fui percebendo que Júnior deu jeito de substituir ele com alguns jeitos de ser. Afinal querendo ou não Júnior é só meu amigo.

Assim que cheguei em casa, aproveitei para fazer algo para comer e assistir um filme. Quando a noite chegou, Júnior também apareceu.

Ele me viu esparramado no sofá que conseguimos, o notebook dele sobre a mesa enquanto eu assistia o primeiro episódio de Wandinha.

- Cheguei - ele disse suspirando com sua bolsa de lado. Ele jogou ela no chão e se aproximou de mim.

Olá, quando chegar em 50 leituras, eu solto o próximo capítulo!
💛

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora