brigas de garotos

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Os não era novidade agora que os garotos me odiavam, e nem me conheciam. Não ficavam comigo em um corredor sozinho ou no quarto. A parte boa era que eu e Mikelangelo nos tornamos bem próximos.

- Como ele soube que você era gay? - eu perguntei.

- Eu não sei. Talvez ele tenha gaydar.

- Talvez.

- Você ia se assumir para os garotos aqui?

- Só se houvesse oportunidades. - respondi, minha sexualidade não ia ser posta a mesa, a de um hetero nunca é posta.

Mikelangelo me encarou como se eu fosse uma antiguidade de museu muito rara. Não sei muito bem qual era daquele gay, mas gostei dele. Acredito que unir forças seria algo interessante.

Todos nós, tivemos que vestir roupas de treino. Um short preto e uma camiseta branca sem mangas. Tivemos que ir para um zona aberta e grande com céu sem nuvens em com um sol de rachar. Mais uma vez era o sargento Quintamante quem ia fazer os treinos. Quando seria os treinos daquele comandante, ou será que ele não fazia treinos?

Todos nós estávamos em filas. Mikelangelo estava atrás de mim. Aqui e ali escutamos zoações ridículas envolvendo nós, ou era coisa da nossa cabeça.

O sargento Quintamante caminhou ereto de cabeça erguida e mãos para trás meio pensativo. Olhando para todos os rostos. Seus olhos brilharam quando eles encontram os meus, eu estremeci em silêncio.

- Muito bem jovens! - ele Exclamou - todos vocês sabem desde a escola que o trabalho em equipe torna o ser humano sociável. Ninguém leva um cachorro para a escola pois não espera que ele consiga trabalhar em equipe, estou certo?

Ele não falou nada com nada. E todos ali confirmaram que sim, eu não entendi a lógica. No entanto, o sargento continuou a caminhar.

- Eu quero que vocês se dividam em dupla... - ele olhou para nós e...

De repente tirou a pistola da cintura e atirou para o céu.

- Agora!

Ouve barulhos de botas caminhando para todos os lados a procura de parceiros. Eu encarei Mikelangelo que me encarou e ficou do meu lado. Em segundos todos estavam com suas duplas.

Nós esperamos o sargentos dar as ordens seguintes. Ele ficou observando nós paciente. Seus olhos correram para todos os garotos, e eu e Mikelangelo tivemos a mesma impressão, ele estava procurando nós.

Não deu dois segundos, ele veio como um raio entre mim e Mikelangelo e deu um sorriso amarelo.

- Acho que vocês dois juntos não vai dar certo, não é mesmo? - ele disse encarando a gente. - Saldado!

Ele ficou de frente ao Mikelangelo,que encolheu com a sua voz.

- Procure outro companheiro. Vocês dois juntos não irão dar certo. Hmm...vejamos...- ele estava observando os outros garotos ao redor - você... Saldado. Junte a ele.

Então ele voltou e ficou de frente para mim.

- Saldado! Você não tem nada a dizer? - ele me perguntou.

O que eu ia perguntar ou falar, era ele quem dava as ordens. Fiquei de cabeça erguida a respiração controlada, sem nenhuma expressão no rosto. Uma coisa eu aprendi com a homofobia, você as vezes podia fingir sim ser homem pra mostrar para homens que não lhe aceitavam do seu jeito, aquele era minha defesa, ela não tinha ideia do que eu poderia fazer, mas chorar não era a primeira proposta. Continuei firme. Ele se aproximou do meu ouvido.

- Com dez dias eu vou tirar esse deboche do seu rosto de viado desgraçado. E se permitir irei transformar você em homem de verdade - ele disse num sussurro ácido.

Continuei sem fazer nenhuma expressão. Ele me encarou, percebendo que suas palavras sujas não causaram nenhum dano visível em mim. Apesar do meu coração bater loucamente e da vergonha de ver todos aquelas garotos me encarando.

Ele olhou ao redor aparentemente a procura de algum outro garoto para fazer par comigo.

- Você saldado ! - ele indicou alguém - junte-se a ele.

O garoto ficou ao meu lado. Não sabia quem era e nem tive curiosidade em saber. Fiquei tão rígido que queria provar a qualquer um ali que eu não precisava de um pau pra me sentir gay. Eu não era os bonecos deles, eu era diferente.

Depois do momento tenso, o sargento Quintamante continuou caminhando pela nossa frente nos analisando.

- Eu quero que vocês briguem. - ele simplesmente disse. - não quero que vocês briguem como mulheres brigam por homem. Quero porrada de verdade. Quero que vocês mostrem que são homens de verdade. Briguem como se a dupla de vocês fossem um inimigo vindo com objeto de tomar as nossas terras.

Meu mundo inteiro despencou. Eu não sabia brigar. Certo, talvez tenha brigado na escola, mas a briga durou dez segundos até sermos separados pelo diretor da escola. Diante do pedido do sargento eu tentei continuar com o meu jeito rígido. Me perguntei quem seria a dupla do Mikelangelo.

- Quero que fiquem um de frente para o outro. - falou a sargento, como se ensinasse os princípios dos passos de uma dança.

Eu me virei para o meu par e me assustei quando vi o Júnior o garoto do meu quarto com seu jeito silencioso e levemente tenso. Ele parecia dez vezes maior do que eu imaginei. Bom, tinha quase certeza que essa "briga" não seria para matar.

- Quando eu der o sinal vocês começam a luta...um...

Eu encarei junior e ele me encarou, não sabia o que os seus olhos queriam dizer e isso me deixava frustado.

- Dois...

Aparentemente, junior também estava me analisando, pensando quais seriam os meus movimentos ou minhas fraquezas.

- Três! - ele deu um tiro na céu.

A adrenalina era ouvida pelas batidas do meu coração. Junior veio para cima de mim e eu usei minhas forças para tentar me defender de suas investidas. A gente estava agarrando em algo que não parecia apenas um treino. Junior me via como um inimigo e eu era apenas um adversário fraco para ele.

Mas eu não ia ceder tão fácil, eu comecei a dar murros fortes no rosto do Júnior que fez um movimento digno de artes marciais, eu e ele fomos ao chão. Ficamos nos encarando fazendo jogados no chão como um par de moscas, havia ódio em seus olhos e no meu medo com uma mistura de "espero que tudo isso termine bem".

Ao redor os outros garotos brigavam, davam uma sensação que estávamos em uma guerra de verdade, senti medo. Eu tentei me soltar dos abraços fortes do Júnior mas ele era forte demais. Eu acertei um burro em seu nariz que veio sangue.

Junior ficou pirado. Ele me segurou pelas mãos e ficou sobre mim. Em seguida ele começou a me dar socos na barriga e no rosto.

Senti que apenas um homem observava a nossa briga, depois eu não senti mais nada.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora