hétero sigiloso

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O barulho no apartamento mostrava claramente que a festa já estava rolando. Me senti gelado.

Ao usar minha chave para abrir a porta eu entrei. Tentei o máximo por o meu sorriso no rosto. Então fui envolvido pelos braços de Heitor.

- Até que enfim você chegou! - ele me envolveu com os braços com intimidade.

Cumprimentei ele enquanto corria os olhos pela casa. Aparentemente não estava acontecendo nenhuma putaria o que me deixou aliviado. Kelly, a recepcionista do trabalho me cumprimentou como se nunca tivesse me visto.

- Onde está o Júnior? - perguntei com casualidade.

- Na cozinha, preparando os drinks com Paulo e a Denise. - disse Heitor.

Coloquei minha bolsa em uma mesa ali perto e fui até cozinha fingir beber água.

- ...deve ser grande então - ouvi a voz manhosa da tal Denise.

E naquele momento Júnior sorriu para ela. E quando ele me viu seu sorriso morreu. Paulo estava ali do lado. Qual é a do Paulo estava dando de culpido do amor agora?

- Olha quem chegou. - cantarolou Paulo ao perceber o minha presença também - aí vou levar esses drinks aqui pro pessoal se controlem aí na putaria.

Denise soltou uma risada alta e Júnior bebeu um pouco do drink.

- Aonde você aprendeu a fazer drinks assim Júniorrrrr - ela perguntou produzindo o "r" com tanto vigor que achei que ela estava limpando o catarro da garganta.

- Já trabalhei em um salão de festas fazendo drinks - respondeu Júnior.

Eu abri a geladeira e despejei água em um copo. Desgraçado nunca me falou isso, seu pau sempre teve dentro de algum orifício meu.

- Oi...gui...é gui, certo? - ela se dirigiu a mim - deixa eu dormir com Júnior ele não é perfeito?

A pergunta foi como um soco. Júnior me encarava taciturno.

- Pode sim. Júnior vem precisando de uma mulher esses dias.

Denise riu.

- Vem Júnior, vamos nos juntar com a galera.

- Vai indo, vou só fazer o drink pro gui...

- Não quero... - interrompo ele.

- Eu disse gui...eu ia dizer para "mim".

Empinei o queixo para ele. Júnior passou por mim; me encarando.

- Viado.

- Filha da puta.

Então ele saiu da cozinha.

Retornei para a sala e resolvi tomar um copo de drink preparado melhor senhor bebidas de hétero sigiloso. Não iria mentir, era ótimo.

A festa ficou bem legal para os heterossexuais, óbvio. Como suas músicas prediletas, escola, primeira vez. Mas foi na pergunta "com quem você transou esse mês que meu ouvido ficou bem aguçado"

A tal Denise estava disposta a entrar em assuntos sexuais e a Kelly (acho que ela tava pegando o Paulo ou o Marcelo não sei bem) parecia bem desconfortável com as perguntas.

Heitor ao meu lado revirava os olhos a todo momento.

- Vamos a uma boate gay qualquer dia desses? - ele me convidou de repente.

Eu não tinha nada em planos, e bom, eu não namorava com o Júnior então acredito que negar o convite seria desnecessário.

- Pode ser. Fica aonde?

- Bem perto, encontrei por acaso. O local é muito incrível. Homens gostosos e musica bem legal.

- Quando a gente pode ir? - perguntei observando Júnior soltar risadas forçadas com a tal de Denise; ele olhava para mim quando eu desviava o olhar dele.

A música heterossexual que eles colocaram tinham uma batida que acompanhava as batidas do meu coração cheio de ódio.

Eu tomei três copos do drink de Júnior. William chegou com vários uísques e cerveja. E nos apresentou sua namorada. Eduada. Legal e tímida.

Eu estava cansado de tudo, e Júnior estava bem animado. Dançou com Denise e ouvia a Denise chamar Júnior para algum lugar longe de todos.

- Usa o quarto do Júnior - eu disse, quando eu ouvi ela chamando ele para um local mais íntimo.

Júnior me lançou um olhar assustado. Eu dei uma risada por dentro, a bola fria de ódio que crescia em mim estava descongelado.

- Vamos, Júnior. Vamos ficar sozinhos.

Eu estava adorando ver uma mulher pressionando ele.

- É, vamos - disse Júnior, mais para mim ouvir do que para Denise; seus olhos brilhavam.

Ele conduziu ela para dentro do quarto. E dei um sorriso para Denise que me deu uma piscadela animada.

- Puta - sussurrou Heitor para mim.

Eu engoli uma risada junto com minha bebida.

- Esse Júnior é bem gato. Você realmente mora com ele? - Heitor me perguntou.

- Moro. Ele não é preconceituoso...

Eu dava olhadas rápidas para a porta do meu quarto e do Júnior. Meu coração estava tão acelerado que eu poderia ter um ataque.

Eu queria dormir, mas Paulo, Marcelo, Kelly, Alexandro, e William e sua namorada estavam na sala. E como eu "dormia no sofá" não tinha como descansar.

Então resolvi me entreter com minha bebida. Heitor resolveu ir embora misteriosamente. Me senti sozinho ali, apesar se ser minha casa, era como se eu não pertencesse aquele grupo que me consideravam como amigo.

Então eu resolvi sair abruptamente.

Júnior estava transando com a Denise.
Júnior estava transando com a Denise.
Júnior estava transando com a Denise.

Repetia diversas vezes essas frases como se fosse um soco. Era horrível a sensação. Eu gostava de um heterossexual que não se assumiu para a sociedade.

Talvez ele tenha vergonha de você, e que você e ele fazem juntos, ouvi essa voz me dizendo.

Eu, e somente eu, precisava dar um fim nisso, mas como? A resposta veio mais rápido do que eu poderia imaginar.

Tinha que ir...

- Está aqui sozinho porquê? - perguntou Alessandro o garoto novato.

Olhei para ele e forcei um sorriso.

- Precisava respirar, está com um tempo que não vou a festas. E você? - eu digo. Desejando com toda a minha alma que esse garoto volte para animação heterossexual acontecendo dentro da casa.

- Vim fumar.

Ele acendeu um cigarro e tragou um pouco e soltou uma baforada de fumaça.

- Legal - disse, deixando claro que não queria continuar a conversa.

O garoto ficou ali parado parecendo querer algo.

- Escuta, você... - ele iniciou segurando o cigarro mas parou de repente.

- Não entendi - disse.

Então, entendi o que ele queria. O volume em sua calça...

- Paulo e Marcelo comentaram que você curtia homens... - ele informou.

- É verdade. E você?

- Sou hétero - ele disse rápido demais - mas curto fazer algumas coisas com caras. Está afim de me chupar?

Uau...Então isso explicar porque ele foi na ala hospitalar perguntar se eu ia pra festa que seria na minha casa.

Pensei no Júnior e na Denise, provavelmente eles estavam... O álcool do drink que tomei estava fazendo efeito em meu corpo.

Foda-se.

- Vamos lá.


Oi. Boa leitura ! ❤️❤️❤️

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora