fazendo aquilo outra vez

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A viagem estava muito lenta principalmente por que o ônibus tomou um caminho aonde as avenidas estavam bloqueadas por um longo trânsito o que dava de todos os garotos do ônibus dormir e acordar, conversar ou observar tudo é todos do lado de fora. O que fazia Junior brigar com eles.

Eles tinham levado umas cinco caixas de isopor com cachorros-quentes e cinco galões com suco de maracujá e laranja para comermos na hora que chegássemos lá, mas infelizmente ficamos com fome e resolvemos comer dentro do ônibus mesmo. Estava sendo uma viagem insuportável e minha bunda estava começando a esquentar na poltrona do ônibus. Junior estava do meu lado, chateado e sem falar comigo desde o momento que o ônibus tomou a rota.

Ele colocou um fone de ouvido e estava escutando música, eu tinha quase certeza que era para me ignorar ou caso eu tentasse falar com ele a música ajudasse a não escutar. Mas ele fingia muito mal; ele me dava umas leves olhadas com puro rancor e eu não conseguia imaginar como uma simples briga por causa de uma bolsa deixou ele desse jeito.

Mas uma parte minha sabia que era drama, e ele estava tentando alcançar algum objetivo com isso. Sabia que ele estava apenas querendo chamar minha atenção ou querendo que eu pedisse desculpas por ser como ele disse "mau educado". Eu ainda não me sinto errado pelo que fiz ou falei, queria levar as malas e isso não é um crime. Também não é crime ele querer me ajudar isso eu tenho total certeza, mas...não precisávamos brigar por isso.

E o que não sai da minha cabeça é o que Paulo disse para o Junior "você sabe como Gui é...". Droga o que significava isso, porque ele disse isso, será que já tiveram uma conversa ao meu respeito?

Ônibus começou a andar lentamente e Junior fez questão de cobrir rosto com um moletom azul com capuz com a cabeça virada para o meu lado. As pernas dele estavam abertas e se eu movesse mais um pouco as minhas na direção dele, nos dois nos tocaria.

Então ele moveu o braço e pós em cima do braço da poltrona que divide o meu acento do dele. No final do ônibus alguns garotos com energia ainda falavam sem parar.

Já eram seis horas da tarde e o sol já estava começando a se pôr. Respirei fundo e sacudi Junior lentamente.

— Junior — chamei — Junior, Junior...

— Hmm. — ele fez.

Percebi que ele não estava dormindo.

— Já estamos chegando? — perguntei,  será que íamos chegar a poucos minutos, ou quem sabe oito horas da noite?

Ele retirou a camisa de moletom do rosto e olhou para a janela sem olhar para mim. Observei o rosto dele atentamente e vi que de fato ele não estava dormindo. Então ele pegou o celular sobre as pernas e passou o dedo na tela e jogou no Google maps, ele deu uma olhada. E em seguida me mostrou o celular onde marcava o nosso destino e até aonde faltava para o ônibus percorrer.

Faltavam mais de 20km para chegar em uma área desenhada no GPS de verde que representava a floresta que iriamos entrar.

— Obrigada. — respondi.

— De nada. — ele me respondeu.

Então ele se ergueu e deu uma espreguiçada na minha frente o me fez apreciar seu abdômen com alguns pelinhos. A gente se encarou e em seguida ele saiu para dar uma olhada nos garotos.

O ônibus andou e andou e conforme percorria as ruas, o céu ia escurecendo. Junior havia voltado para o lugar dele.

— Junior vamos entregar a outra metades de cachorros-quentes aos garotos — informou Marcelo aparecendo ao lado  — Eles estão com fome e eu também.

Ele falou isso e agora eu realmente estava faminto, queria comer algo.

— Também estou com fome — disse Junior — vai dar para todos?

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora