festa sem o anfitrião

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No dia seguinte, Júnior havia me informado que falou para os garotos que estava dividindo o apartamento com alguém. E era eu. Ele também havia dito que não queria fazer uma festa sem a minha permissão, como se isso pudesse ajudar com uma possibilidade de não ter uma festa.

- Eu não sabia que você dividia um apartamento com o Júnior. - Paulo comentou, ele foi na ala hospitalar me visitar, Dayane não estava, havia saído para resolver alguns problemas na clínica próxima daqui.

- A ideia de trabalhar aqui veio a um bom tempo, eu e ele pensamos em dividir.

- Por que não contaram para a gente?

Dei de ombros com ar de desinteresse.

- Não achei que fosse importante. - disse.

Ele pensou a respeito.

- Não. Certo, então isso significa que vamos fazer uma festa. Você vai querer participar? Vai ser no seu apartamento. Vou pedir para as garotos convidar aquele cara que curte homens assim como você, para não se sentir sozinho. - ele disse isso com uma certa zombaria.

- Ou eu poderia simplesmente não participar - eu disse.

- Beleza- disse Paulo com sorbeba - assim eu e o Júnior e os outros garotos ficamos com as garotas só para nós.

Ele se retirou. Isso me deixou incomodado, muito incomodado.

Quando cheguei em casa com Júnior eu estava muito calado. E Júnior percebeu isso. Eu entrei no banheiro e me banhei um pouco. Deixei a água cair sobre meu corpo.

- Posso banhar com você?

Eu estava de costas quando ouvi a pergunta.

- Pode - Eu disse , uma parte minha queria muito Júnior ali comigo; outra, só queria que ele fosse embora viver a vida heterossexual dele. Sei que estava exagerando mas...tinha que admitir, eu não conseguia mais suportar a ideia de viver a mentiras dos outros, ainda mais se eu não tinha certeza se ia me beneficiar no final.

- Quando vai me falar o que está acontecendo com você?

Não fale sobre o Paulo, não fale sobre o Paulo, minha mente repetiu para mim várias vezes. Então, eu tive uma ideia.

- Só conto se você me disser que já decidiu sobre sua sexualidade.

O assunto pegou Júnior de surpresa, seu rosto ficou branco.

- Eu...

Fiz um leve movimento com minhas sobrancelhas.

- Vamos ser francos Júnior, você não tem coragem de se assumir. Seja bissexual ou gay. Você gosta de mim, assim como eu gosto de você, isso está mais do que óbvio.

Lancei um olhar para o pau duro de Júnior e o meu que disputavam o pouco espaço que havia entre nós dois.

- Sabe - eu disse iniciando um assunto - quando Paulo, chamou você para a fazer essa suposta festa aqui, percebi que essa bolha que eu e você construímos para nós nos amar e fuder estava se esvaziando. Tem mulheres que olham com interesse para você Júnior, Paulo e Marcelo querem se aproximar de você amigavelmente, e eu sei o que isso significa: é o seu mundo heterossexual precisando de você.

- O que você quer dizer com tudo isso? Isso é você quem está dizendo. Ele só quer fazer uma festa não significa que vamos fazer uma suruba com várias mulheres.

"Assim eu e o Júnior e os outros garotos ficamos com as garotas só para nós" ouvi a voz de Paulo no meu ouvido.

- Ótimo, então aceite a festa - eu disse.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora