grupos noturnos

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Quando acordei eu estava na minha cama. Havia diversos ferimentos no meu rosto e no meu corpo, hematomas se destacavam aqui e ali pelos meus braços. Eu fiquei na minha cama parado por muito tempo respirando.

Quando tentei me erguer senti uma dor horrível nas costas como se alguém invisível estivesse chutando ela. Queria chorar ou até mesmo gritar, mas eu não ia demonstrar sinais de fraqueza.

Então resolvi fechar meus olhos, talvez eles tenham me dado um dia de folga...

Antes que meu pensamento se finalize uma água gelada é jogada sobre mim. Isso me faz eu me erguer apesar dos protestos das dores no meu corpo.

- Acorda viadinho! - caçoa o sargento Quintamante, eu abro os olhos junto dele estava Julio e dois outros garotos observando a cena com prazer  - obrigada meninos por me informarem que esses lixo estava aqui. Saldado você tem cinco minutos para trocar de roupa...repito, trocar de roupas, banhar eu já ajudei com o banho e se juntar aos garotos de verdade. Sua coleguinha nem fez drama assim como você.

Eu encarei eles quando ele saíram do quarto. Não estava cheirando bem, mas estava despertado. Peguei as roupas sujas de ontem (aparentemente eu apaguei de uma forma que não vi o tempo passar) e sai para os terrenos do Quartel.

Havia bastante nuvens no céu o que significava que iria vim um temporal ou talvez não, ainda nem era inverno. Os outros garotos estavam correndo em círculos no enorme compo. De longe eu viu, junior meu o agressor. Senti nojo dele, era pior do que todos desse quartel.

Com os olhos ardendo eu me juntei aos garotos, mas...

- Saldado! - sargento Quintamante me chamou, eu parei de correr sem entender o que eu fiz dessa vez - VOCÊ É LOUCO OU ENTROU ÁGUA NO SEU CÉREBRO!!

Ele gritou comigo de repente.

- Faça cento e cinquenta flexões aqui AGORA!

Eu me abaixei desajeitado por causa das dores e comecei...1...2...3...4...5...6 ...em seguida senti um peso maior sobre minhas costas. O sargento havia posto um de seus pés com a bota de coro sobre mim.

- Vamos! - ele gritava enquanto eu arquejava.

- Desse jeito você vai acabar com minhas costas! - eu reclamei com as lágrimas começando a brotar em meus olhos.

- Olha só meus garotos! - ele gritou - vejam só o que o viadinho aqui falou. Aproximem-se!

Eu senti que eu poderia ser engolido pela aquela terra inteira de ante do que ele estava fazendo.

- Você pegou uma porrada feia do Saldado. Quem é mesmo...a você...como se chama meu jovem?

- Júnior - eu ouvi sua voz grossa e séria.

- O que você achou quando brigou com esse verme aí no chão - meus ouvido ficaram atentos, enquanto escutava o sargento Quintamante atiçar o Júnior.

- Fraco - foi a única palavra que o Júnior falou.

- Continue fazendo as flexões! Aonde está o outro verme amigo dele. Você! Junte-se a ele faça cento e cinquenta flexões agora!

Mikelangelo automaticamente se pôs ao meu lado. Meus músculos estavam gritando, implorando ou até mesmo suplicando para que eu parasse... Bom se aquilo era algo como sofrimento, beleza, pois eu preferia estar sofrendo do que fazendo eles acharem que sou...fraco. Foi o que júnior me chamou. Desgraçado.

- Agora chega! - disse o sargento de repente fazendo com que eu o Mikelangelo parassem - todos vocês estavam levando isso aqui como um dia de férias na casa da vovozinha. Bom, agora vamos começar a fazer as coisas do jeito mais diferente!

Quintamante cuspiu a plenos pulmões. Meus músculos me agradeciam pela pausa. Eu tentava recobrar minhas forças.

- Hoje iremos começar alguns treinos noturnos. Será em grupos. Eu dividirei os grupos. E cada grupo terá um subcomandante. O que acontecer de errado com qualquer integrando do grupo, terá um castigo bem dado por mim...e não queiram saber quais são os meus castigos seus lixos!

Observamos com medo e ansiedade.

- Apartir de hoje. Vocês irão ficar as noites para fazer missões...e se concluírem bem as missões, serão bem recompensado, se não concluírem. Terão consequências.

- Júnior, Júlio e você e você - ele apontou para dois outros garotos - escolham seus integrantes.

Não foi difícil compreender que os garotos ali fariam o esforço que for para tentarem não me escolher e nem o Mikelangelo.

- Vejo que estão bem divididos - disse Quintamante - Ah..mas e o que está acontecendo aqui! Ninguém escolheu as garotinhas aqui.

Ele fez um drama, os garotos ao redor riram satisfeitos. Junior parecia apenas observar como se aquilo tudo lhe deixasse entediado. Senti uma leve pontada no estômago, e pode ter certeza que essa pontada dizia que eu estava tendo afeição pelo junior. Típico de gay que se apaixona por hétero.

- Nenhum de vocês vão escolher as garotas aqui meninos - Quintamante indicou eu e Mikelangelo que parecia mais preocupado. - eu não os culpo.

Quintamante olhou para mim e Mikelangelo.

- Eu não escolheria eles nem se fosse  para jogar em uma partida de futebol...não servem para nada. - continuei de cabeça erguida.

Ele estava tentando me atingir. Eu odiava aquele homem, mas se ele achava que as ameaças dele iriam me ferir...bom, acho que ele já podia pedir demissão.

- Bom garotos, vamos fazer os seguinte. Eu irei jogar eles no time azarado.

Quintamante observou o grupo de Júlio repleto de garotos babacas, a maioria deles convencidos e obtusos. Ele, no entanto, os via como dignos de não nos receber. Bom, com tanto que eles acabassem com essa chatice eu já ficaria feliz.

Ele passou pelos grupos dos dois garotos que eu ainda não conhecia e para meu horror observou o grupo do Júnior.

- Saldado Júnior você deu uma lição nele - ele me indicou com um aceno de cabeça - quero que faça isso de novo...ok!

Junior engoliu em seco, mas concordou.

- Junte-se a eles vocês dois - ordenou o sargento.

Eu e Mikelangelo nos entreolhamos e seguimos para o grupo do Júnior.

- Agora que os grupos estão formados vocês vão fazer o seguinte... Irão passar a noite na floresta. Tem um animal a solta pela floresta...pode ser uma cobra, ou urso, ou um cachorro sem dono. Enfim...vocês passaram as noites na floresta com intuito de se defender de qualquer ameaça que seja...mas fiquem atentos: essa floresta não é de confiança.

Alguns dos garotos ao redor estremeceram, eu e Mikelangelo nos olhamos mais uma vez.

- Mas agora quero que voltem para o treino. E vocês dois continuem fazendo as flexões.

Os garotos voltaram a correr e eu e Mikelangelo ficamos sozinhos.

- Para que ele está fazendo isso? - quis saber Mikelangelo entre flexões e suor.

- Eu não sei - eu disse ofegante - mas acredito que seja para os garotos nos caçoar mais. Não duvido nada que as aulas deles agora sejam baseadas em nós dois.

- Eu odeio ser gay! - choramingou Mike, senti empatia mais uma vez por ele.

- Ei, relaxa...você não está errado. Você não cometeu nenhum crime. Eles se acham superiores e decididos com seus gostos. Na cabeça deles somos apenas bonequinhas que  eles não podem pegar se não serão zoados como nós. Isso tudo vai acabar e a gente vai sair daqui vivo.

- Você como sempre, sendo o forte - disse Mike. - pelo menos vamos estar juntos.

- Com certeza.

Eu e ele continuamos as flexões.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora