Aventura noturna

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O garoto estava com sede de vontade de brigar. Consegui ficar em cima dele e acertar vários socos nele com uma facilidade que eu não sabia explicar.

- Sargento! O senhor não acha que é melhor separar eles? - ouvi alguém dizer em meio a briga e a adrenalina que eu sentia fluir dentro de mim.

- Não...ainda não vi nenhum deles sangrar. Precisamos acertar as diferenças. - disse Quintamante calmamente. - Não separem!

Dávamos socos e lutes, senti um leve arranhar nos lábios.

- Isso não é certo! - ouvi mais uma vez alguém descordar, quando eu agarrei a cabeça do garoto e comecei a bater contra o chão.

Automaticamente eu senti alguém me puxar.

- Solte ele saldado, você está discordando da minha forma de ensinar a eles é isso?! Você vai me pagar cento e cinquenta flexões! Deixem eles brigar.

Quem me segurava me soltou. O garoto começou a sangrar pela boca e pelo nariz e havia um corte no canto da minha boca e nos meus dedos.

- Separem eles. - ordenou  Quintamante entediado.

Eu e o garoto fumos separados, apesar de meio tonto e com as pancadas na cabeça o garoto parecia meio consciente ao ficar de pé.

Quintamante veio na minha direção com um sorriso convencido, enquanto ele lhe encarava ofegante.

- Cada vez mais forte hein Saldado, as vezes nem acredito que você goste de homens. - disse Quintamante, em seguida ele se virou para o garoto machucado - levem ele para ala hospitalar.

Então ele saiu do quarto e o garoto que brigou comigo também me lançando um olhar de desprezo. Júnior ficou ali, me encarando sem reação.

Uma vontade de chorar passou por mim, mas não chorei ali. Eu recolhi os meus pertences e sai do quarto e retornei ao banheiro.

Não sei o que aconteceu mas a água do chuveiro me impediu de chorar. Eu estava pelado no banheiro sozinho. Não havia um sequer pensamento na minha cabeça, eu estava olhando os azulejos encardidos do banheiro como se fossem exuberantes.

- Você está bem? - ouvi alguém pergunta em meio a queda de água do chuveiro e me puxar de voltar para realidade, era uma voz tímida.

Era o Júnior.

Eu não me importei nem um pouco se estava pelado, me virei lentamente para lhe responder.

- Estou - eu menti, não estava mesmo bem, eu queria...

Morrer.

Houve um silêncio, Júnior estava tentando encontrar as palavras certas para serem ditas.

- Eu... - ele disse e respirou fundo - sinto muito.

Concordei.

-  Você não tem culpa - respondi forçando um sorriso, mas meus olhos estavam com um sentimento diferente.

- Quer que eu pegue alguns curativos para seus ferimentos? - ele perguntou, eu não entendia porque ele estava agindo assim, seria pena?

- Não, obrigada. - agradeci.

E na frente dele me vesti. Júnior ficou ali dentro, não entendi porque, só sei que eu me vesti o mais rápido e sai dali deixando ele sozinho.

Quando retornei ao quarto, estava vazio. Peguei minha mala e procurei meu celular ali dentro. Havia milhões de mensagens e uma notificação do Uber que peguei para vim para o Quartel. Havia mensagens da minha mãe e de alguns amigos.

|Mãe|: Sddssss! Responde assim que puder!

|Mãe|: Guilherme? Está trabalhando muito, quando puder me responde.

GAY NO EXÉRCITO (não revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora