9 - Girassol

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HEEEY

Como que vai a vida?

Vocês já forma tão cadelas quanto a Lis?

Boa leitura!!!!

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LIS

Quando cheguei em casa aquela noite, meu cérebro chegava a doer devido a altura que as vozes da minha cabeça gritavam comigo. Sentia gastura e arrepios ao lembrar as coisas que havia dito a Caliandra. Havia sido por pouco, um fio de cabelo, apenas isso me separava de parecer para ela uma completa boba apaixonada. As coisas pioravam substancialmente ao me lembrar que não seria um engano caso ela chegasse a essa conclusão. Eu era boa em mentir, era boa em mentir para os outros e era boa em mentir para eu mesma, até ali estava ignorando completamente todos aqueles sentimentos confusos em meu peito, mas para tudo havia um limite. Bastou um pouco de Caliandra com as armas abaixadas para meu coração bobo se derreter completamente, era vergonhoso, um tantinho minguado de carinho vindo da parte dela tinha sido o suficiente para me tornar uma cadelinha carente balançando o rabo ao seu redor.

Não que Caliandra em seu humor enraivecido natural, seu natural comigo, não fosse atraente. Quando ela era brava eu me sentia atraída, eu até mesmo me divertia, mas com esses dois impulsos sabia como lidar, sabia como aproveitar e conter o que fosse necessário, estava acostumada com eles, sempre havia sido assim. O que eu não sabia era lidar com toda aquela carência que ela despertava em mim com um simples sorriso brilhante. Era como se meu coração tivesse passado todos aqueles anos esperando a oportunidade de se derreter uma outra vez para ela e dessa vez não era como da primeira. Eu não tinha o mínimo controle, não sabia como manter os sentimentos presos do lado de dentro, eu estava a mercê.

Suspirei fundo, encostando a cabeça na parede fria da sala do meu apartamento. Pantera não demorou a aparecer, seus olhos esbugalhados julgando cada centímetro da minha aparência derrotada. Ela era sim uma cadelinha, mas não havia nada de rabinho abanando ou carência, me olhava como se eu estivesse a envergonhando com todo aquele drama.

-A culpa não é minha, ela é o problema. - Justifiquei, vincando a testa ao me afastar da parede. Enquanto me livrava do casaco, o pendurando ao lado da porta, ouvi o rosnado agudo de Pantera. Ela realmente não estava nem um pouco comovida com meu sofrimento, parecia decidida a me julgar.

Cachorrinha má.

-Eu não gosto disso de jogar na cara, mas eu me lembro bem de como você ficou atirada para o Farofa do décimo andar no seu primeiro cio, antes do castramento, quero dizer.

Pantera latiu com indignação e seu corpo chegou a tremer inteiro enquanto rosnava e se sacudia pela sala. Era quase como se ela entendesse. Talvez fosse apenas uma reação ao nome do outro cachorro, o amor havia virado ódio, ela sempre tentava atacá-lo mesmo que ele fosse um labrador com a cabeça maior que o corpo inteiro da pobre coitada.

-Não, tudo bem, tudo bem, Pantera. Desculpe por falar disso, ele não era para você, eu sei, ele é muito feio.

Na verdade Farofa era completamente lindo com seus pelos quase dourados e sua carinha de cachorrinho brincalhão, a feia da história era Pantera, a coisinha mais horrenda da mamãe. É claro que eu nunca diria isso a ela. Ela tinha olhinhos esbugalhados, dentes tortos, corpinho esmilinguido e suas orelhas pontudas pareciam chifres, completando sua cara de demônia. Porém, parecia ter uma crença forte de que era a coisinha mais linda de todo o universo, eu podia jurar que aquela cadela tinha um ego maior que o meu, o que consistia em um feito e tanto, digno de ser alvo de estudos comportamentais. Mas não seria eu a desiludi-la, amava demais aquela coisinha horrenda.

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