24 - Obrigada a amar

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Um ano atrás comecei a postar essa estória de presente de aniversário para Clara e pensei que esse ano já teria terminado, mas tá longe ainda hahahaha Então toma outro presente!!!

Feliz aniversário, te amo

Boa leitura para todo mundo, beijos

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Lis estava estranha.

Desde que tinham voltado de viagem ela parecia ainda mais estranha que o normal. O pior de tudo era que Caliandra estava envolvida em uma tranquilidade tão apaixonada e pacífica sobre a descoberta do próprio amor que nem ao menos percebia as atitudes cada vez mais preocupantes da outra.

Quando Lis se irritava, estava tudo bem, logo passaria. Quando Lis sumia, estava tudo bem, logo iria aparecer. Quando se declarava e ela respondia com silêncio cortante, tudo ok, Lis não era mesmo de falar muito.

-Você não vem dormir? – A garota perguntou, aparecendo na sala com os cabelos bagunçados, era madrugada e Lis continuava no sofá concentrada em algo no computador.

Caliandra pulou para trás quando os olhos verdes levantaram em sua direção um pouco bravos e Pantera avançou em suas pernas latindo e tentando morder com ira maior que o seu normal, que já não era nada saudável.

-Que foi diacho? – Perguntou enquanto pulava de um lado para o outro tentando se livras dos dentinhos afiados.

Lis não fez nada, apenas esperou as duas se resolverem. Pantera naqueles tempos estava sempre atacando Caliandra e a garota sempre dava um jeito de contornar a situação. Por mais agressiva que a cachorrinha fosse, a nordestina e seu jeito animado acabavam dando conta da situação de modo pacífico, ela nunca se irritava ou acabava machucada, parecia imune ao mau humor do animalzinho.

-Você precisa de Jesus na sua vida. – A de óculos gritou para a cachorrinha que continuou a latir e se tremer tentando de tudo para enfiar os dentes na carne de seu tornozelo.

-Ela estava dormindo e você acordou. – Lis disse baixo, voltando a se focar no computador a sua frente. Estava dedicada a escrever um artigo importante e irritante, tinha dedicado tempo o suficiente para terminá-lo em uma situação normal, entretanto, não conseguia passar do segundo parágrafo por mais que estivesse há horas lendo e fazendo rascunhos.

-Se você estivesse dormindo eu não ia precisar acordar ela. – Caliandra respondeu, sorrindo alegremente ao subir na mesa de forma que apenas ficou observando Pantera se esgoelar e pular sem sucesso na tentativa de alcançar seus pés.

-Se você estivesse dormindo, não teria acordado ela. – Lis devolveu séria, tirando uma careta da mais nova.

-Faz três dias que você fica a madrugada quase inteira acordada e isso estou contando apenas dos dias que eu estive aqui, desconfio que quando dormi em casa não foi diferente. Não é saudável, amanhã temos aula cedo.

Lis nem mesmo levantou os olhos do computador para responder.

-Sei me cuidar, vá dormir você.

Caliandra apertou os lábios em uma expressão irritada, sem se conter, caminhou até o sofá, fechando o computador de Lis em um movimento único que fez a de olhos verdes franzir o cenho, congelada no tempo.

-Caliandra... – Avisou baixo, com paciência. Não queria brigar por aquilo, apenas queria que a garota fosse dormir e a deixasse fazer suas coisas em paz. Não estava pedindo muito.

-Não venha com essa, Lis. Não sei para que me traz para cá se vai me deixar dormir sozinha.

Lis também não sabia, não queria ficar com ela, mas também não queria ficar longe dela sem saber o que se passava com a garota. Era estranho, sempre que deixava Caliandra no apartamento que dividia com as outras garotas, não demorava o tempo de chegar em casa para sentir saudades e ficar se perguntando o que ela estava fazendo. Naqueles tempos seu próprio apartamento parecia angustiantemente vazio quando estava sozinha nele, nem mesmo a presença de Pantera era o suficiente para se sentir menos solitária. O confuso é que quando fazia o contrário e trazia Caliandra para casa, também não conseguia ficar em paz, algo em seu interior agitava e fervia a ponto de a impedir de aproveitar a companhia da garota.

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