Alma Através do Tempo: Retrocognição

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[Capítulo Vinte e Um]

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Raphael caminha para mais afundo da Caverna Subterrânea onde morava. Matheus o seguia, um tanto quanto perdido. Passando sobre rochas, e pulando em crateras, o rapaz decidiu perguntar sobre o que ele havia dito perto do rio.

— Raphael, o que você quis dizer com "descobrir o que estava acontecendo com o mundo ao seu redor?" — perguntou, pulando de uma rocha.

— No sentido figurado ou literal? — respondeu com uma outra pergunta.

Mendes pensou.

— Espera, há mais de um sentido?

Raphael continuou caminhando por um túnel, pisando sobre o chão rochoso no chão, tal qual continha inúmeras fissuras e partes elevadas, necessitando atenção e cuidado por onde pisava.

— Bem, há muitas outras coisas que você não faz ideia de que está acontecendo, apesar de tudo estar abaixo de seu olhar. — saiu do túnel, caminhando até uma espécie de tablado manipulado por rochas. — Você é um garoto esperto, Matheus. Mas não faz idéia do quão fragilizado você estava, à ponto de ter caído numa teia de mentiras e manipulações.

Quando iria subir no tablado, Matheus o questionou.

— Mentiras e manipulações? — pensou, embaralhando a mente, enquanto tentava compreender tudo o que o velho sábio dizia para você. — Mentiras e manipulações...

Raphael respirou fundo, permanecendo cabisbaixo, de costas virada para Matheus. Brincou com o cajado, criando um buraco em um amontoado de poeira, girando o cajado para o lado e para o outro.

— Você é um garoto esperto, Matheus. — voltou à repetir o elogio. — Você só precisa pensar melhor.

Mendes seguiu o conselho, e tentou revisitar memórias passadas que houvesse interligação com o que Raphael havia lhe dito. Colocou as mãos na cintura, e andou de um lado para o outro, cabisbaixo. Quando levou seu andar para o lado esquerdo, lembrou da repetida frase que escutou durante estes dias. Tal frase, que o levou à um plano que parecia estar perto de ser executado a cada segundo. Levou seu olhar pasmado para o Guardião das Terras Estelares, ficando frente à frente com ele, mesmo que o senhor estivesse de costas para você.

— Foi você? Esse tempo todo?

Raphael levantou o olhar, assim que notou que o rapaz havia descoberto um dos seus segredos.

— "Algo tão incrível que pareça ficcional"... — repetiu, em um tom baixo.

— Este era o seu recado?

Raphael virou seu corpo em direção ao herói. Deixou o cajado a sua frente, segurando-o com suas mãos negras e enrugadas pela velhice.

— Não só isso. Há muito mais.

— Aquele livro na estante... — lembrou de outro detalhe.

Raphael assentou.

— Exatamente . — suspirou. — É uma história longa. Explicação sobre feitos seus e meus que vem desde a batalha contra os Andrômedas, a cinco anos atrás, até este exato momento.

Em passos curtos e lentos, Matheus caminhou até Raphael.

— Eu joguei a isca. Você demorou, mas fisgou. Como acha que veio parar aqui?

— O que você fez? — Matheus perguntou, em um olhar severo, permanecendo seus punhos fechados, mas sem invocar sua aura estelar.

— Eu fiz o que devia ser feito! — exclamou, virando as costas para o rapaz, enquanto subia no tablado. — Manipulei cada passo e fala seu e dos demais à sua volta. Não só falas, como pensamentos. Resultando em idéias... Idéias que iriam trazer você à minha presença. Como você acha que aquelas nuvens surgiram nos céus, hum?

Guarda Estelar: StarpointOnde histórias criam vida. Descubra agora