Reparação (Capítulo Extra)

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✯ Reino Celestial, Palácio de Deus

Messias caminhava pelos corredores do Palácio de seu pai, sentindo calafrios em todo o seu corpo, queimando de febre, não podendo sustentar o seu caminhar sozinho, tendo que se apoiar no cajado para chegar até o trono de seu pai. O céu em que estava, sendo o último onde permaneceria o Criador de Todo o Bem e seus Serafins, observando espíritos de outros céus e os seres vivos do Multiverso, estava escuro. Os corredores não tinha um, se quer, brilho. Luzes não acendiam. Nem chamas iluminavam. Estaria ali Jesus, fraco, cansado, com as suas mãos podres, dormentes, sem a sensibilidade, a túnica cobrindo o seu corpo, enquanto tentaria chegar a Sala de Deus. Messias alucinaria. Sentira as vozes dos Condenados sussurrarem em seu ouvido, atentando que Jesus Cristo fosse para o Inferno, já que sua alma estaria condenada, após sacrificar-se para usar o Livro de Magia Negra e ressuscitar Danilo Henrique.

— Pai... Pai, me ajuda...

Os portões da Sala foram abertas, sozinhas. Raphael estaria logo a frente. Percebeu que seu pai se encontrava atrás do trono, de costas, observando o Reino Celestial a fora, usando seu traje branco. Mesmo a escutar o pedido de ajuda de seu filho, continuou a observar o seu Reino. Raphael retornou a insistir, tentando caminhar até os degraus.

— Por favor, pai... Eu... Eu não suporto mais... — tentava dar mais um passo, na metade do caminho. — Está doendo em mim...

As lágrimas preenchiam seu olhar desesperado, em busca de salvação e de seu perdão.

— Eu não quero ir...

Tentou dar mais um passo. O cajado acabou escorregando com o peso, resultando na queda do corpo enfraquecido de Jesus. Deus escutou a queda ecoar pelo Salão, e fechou seus olhos, doendo em ti o sofrimento de seu filho. Tremia os lábios para que não chorasse, ainda de costas para seu filho. O seu filho, agora, tentaria arrastar seu corpo para mais perto dos degraus. Quando pressionou sua mão esquerda ao chão, percebe-se que seu antebraço estava amostra. Enrugados pela velhice, isto não passava de um visual adotado pelo próprio, para que andasse sobre as Terras do Multiverso, cuidando de quem precisava, dando suporte aos necessitados. Guiando Deuses Estelares a serem líderes de suas nações. Com tal aparência envelhecida, pôde guiar muitos heróis, Deuses, lendas de mitologias aos seus caminhos escritos. Agora, sofrendo por corromper sua alma ao Inferno, assume sua aparência original às escondidas, ainda optando por deixar a túnica cobrir quase todo o seu corpo.

Deus deixou de admirar seu Reino. Olhou para trás, sem nenhuma pressa, em seguida, olhando para baixo do local onde estava. O Altíssimo observou seu filho escondido abaixo da túnica, conseguindo ver, somente, suas mãos escuras e podres. Sem lhe permitir chorar, passou a dar seus primeiros passos para a ponta do local, onde lentamente começaria a pisar nos degraus, descendo até o chão do Salão, completamente descalço. Agora, sentindo o frio do chão, no primeiro instante em que toca seus pés sobre ele, permaneceu parado, enquanto reparava que seu filho não conseguiria mais esforçar-se para de aproximar. Deixou ali, seu corpo caído, coberto pela túnica, enquanto chorava e resmungava pela dor que sentira em seu corpo inteiro. Inclusive, em sua mente.

Ele não suportou ver o seu filho assim, desta maneira. Sofrendo por suas escolhas, temendo a rejeição, mentalmente manipulado de que não seria mais digno de estar ao lado de seu pai, em seu trono, no Reino Celestial. Decidiu dar um basta em seu sofrimento, prosseguindo o seu caminhar pelo chão frio do Palácio, na direção do corpo coberto de Messias. Quando encostado os pés no chão a sua frente, permaneceu a olhar a túnica em que ele usava, esperando que ele erguesse seu corpo e revelasse a cabeça. Jesus saberia que ele esperava por isso, mas não quis levantar. Deus, então, dobrou os joelhos e agachou-se à frente de seu filho, com os antebraços encostados sobre a coxa. Observou o que seria seu cabelo, um pouco amostra e disfarçado pela escuridão.

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