Cicatrizes e Vestígios | Final

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★★★

"E quando o Multiverso se destruiu, Deus estava lá para criar tudo do zero, outra vez. Mais uma vez.

Sendo aquele espaço vazio sua fazenda cósmica sem vida, Deus compõe seu terreno, cultivando plantações de universos distintos, cultivadas com suas próprias leis físicas e formas de vida. Todas florescendo em meio à vastidão do terreno interdimensional.

Na história, acompanhou como um autor, ao mesmo tempo que um leitor. Suas obras universais tão lineares seguem um padrão de originalidade, enquanto aproveita-se de uma trama criada e/ou abandonada para recompor por cima, trazendo visões e perspectivas diferentes de cenários conhecidos, agora, em outras obras.

Cada uma delas tem sua própria narrativa, seus próprios personagens e ambientação, interligados por uma visão criativa comum. Têm suas próprias nuances, reviravoltas e personagens cativantes, cativando a imaginação dos leitores fora do espaço-tempo, enquanto desbravam as páginas e descobrem os mistérios que habitam essas múltiplas realidades literárias.

Para, então, Deus cuidá-las como obras cinematográficas, todas estas criadas em um processo criativo completo e delicado. Visionando um intrigado processo de desenvolvimento, eis o único divino que cuida da concepção da ideia inicial, até às filmagens. Cria-se um universo cinematográfico, onde cada filme universal possui sua atmosfera e sua própria estética visual, além de suas sequências, suas prequelas, seus spin offs e crossovers. Interligando histórias e personagens, antepassados ou atuais, surpreendentes ou não.

Deus, meu pai, tratou do Multiverso com mais cautela e delicadeza. Dedicou-se em não deixar com que a beleza e o caos se misturassem, o que ocasionaria em rastros de erros e precipitações, que não poderiam ser reparadas futuramente. Exceto das repetidas histórias conhecidas, tanto no mundo terráqueo, quanto no universo cósmico, meu pai não queria repetir suas falhas. Criou-se uma história adequada e assegurada, com o livre arbítrio pairando sobre todos estes mundos e galáxias. Até modificações fora da reconstrução do Multiverso aconteceram, tudo para aquilo que vimos e presenciamos não se repetisse outra vez.

O Criador de Todo o Bem dividiu as infinidades de Terras e distribuiu para incontáveis ambientes interdimensionais vizinhos. Estavam separadas em quantidades interessantes. Quantidades perfeitas e exatas para que cada Multiverso sustentasse seus Universos, sem riscos de instabilidade, desdenho, ramificações e Incursões. Cada Multiverso sustentando 65 Terras, dentro de si.

Ainda que cada um carregasse frações da história que conhecíamos da TerraVersus, suas histórias se distanciaram. Há versões únicas, desfechos únicos. Há Multiversos que carregam tão poucas frações do antigo Universo Incursado, que sequer pode ser considerada do Conjunto Estelar - grupo de Multiversos que conectam, com base no que foi reconstruído as novas realidades, sendo a base, a TerraVersus.

Tal decisão, tomada pelo meu pai, garante a retardação definitiva das possíveis chances de um dia a Guerra Multiversal retornar. Antes, sendo a preocupação dos vilões viajarem interdimensionalmente, agora, a preocupação seria em traçar a barreira do Multiverso que estão. Os próprios Cristais, tão poderosos eram anteriormente, não conseguiriam viajar além do Multiverso em que existisse - se existisse. As restrições de Deus, o Altíssimo, foram rígidas. E tudo está levando a crer que, embora o futuro de tudo seja muito incerto, há uma coisa que ainda podemos ter certeza: O Final dos Tempos está fora de alcance, longe de se tornar uma ameaça. Fora de cogitação, em definitivo.

Guarda Estelar: StarpointOnde histórias criam vida. Descubra agora