Capítulo Dezenove

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Matias Fonseca

Alguns chamam de sexto sentido, por outro lado, eu chamo de alerta de coisa ruim. Estava tudo certo até eu terminar de limpar o Baby e alimentá-lo, vendo ele dormir em minha cama logo em seguida. O sorriso em meu rosto foi insistente em não me abandonar, isso graças ao pequeno ser de pelos pretinhos. Mas então eu comecei a notar algo diferente, como o fato de Ícaro não ter me mandado mais nenhuma mensagem ou me ligado pelas horas que se seguiram. Pelo pouco que estou com ele, já percebi que Ícaro é grudento e não acho isso ruim, eu amo ter ele comigo, mesmo pelo celular.

Você: Ei! Aconteceu alguma coisa? dormiu???? (23:13)

Envio mais uma mensagem e solto um suspiro, estando totalmente preocupado com seu sumiço. Porém, não me arrisco a incomodar ninguém e no final não ser nada. Dou mais uma olhada em meu bebê e saio do quarto, descendo as escadas com extremo desânimo. O horário de jantar já se passou faz tempo, mas estava ocupado demais pensando em várias situações envolvendo Ícaro, por isso não me preocupei em me juntar ao meu pai. Mas agora meu estômago faz questão de reclamar pela falta de comida.

Não vejo ninguém no andar de baixo da casa e sigo em passos lentos até à cozinha, acendendo as luzes. Sigo até o micro-ondas, encontrando um prato já feito para mim. Aprecio o strogonoff de carne, arroz e batata palha, colocando para esquentar em seguida. Enquanto espero a comida, abro a geladeira e pego uma garrafa pequena de suco de laranja. Pego talheres e ao ouvir o bip, tiro o prato do aparelho, seguindo até o balcão. E enquanto como, sentindo o gosto da comida até demais em minha boca, pelas incontáveis mastigadas, penso em várias possibilidades.

1° - Ícaro pode ter ficado chateado por ter desligado a ligação na cara dele.

2° - Ícaro pode ter se cansado de mim e resolveu que dar um tempo seria melhor. Afinal, eu sou uma bomba relógio cheia de problemas.

3° - Ele pode ter passado mal e está nesse momento em um hospital, por isso não pôde falar comigo.

E de todas as possibilidades, a última é a que mais me assusta. Sinto meu peito se apertar e solto um suspiro, afastando o prato pela metade de comida para longe de mim. Tomo um gole de suco e pego meu celular, procurando por uma das minhas conversas mais recentes.

Você: Uri, Ícaro está com você? (23:33)

Envio a mensagem e enquanto espero por uma resposta, sem saber se vem ou não, me sinto em pura agonia. E quando meu celular notifica a mensagem de Uriel, sinto meu coração quase sair do meu peito, tamanha a velocidade com que ele bate.

Uri/Irritante n° ✌🏻: Não exatamente, por quê? Acho que está dormindo. (23:40)

Automaticamente suspiro em alívio e balanço minha cabeça, mesmo que ele não possa me ver.

Você: Nada... vejo vocês amanhã. (23:41)

Fecho a aba da conversa e bloqueio o celular. Jogo os restos de comida fora, deixando a louça suja na pia, subindo para meu quarto em seguida. Minutos depois estou deitado em minha cama, pronto para dormir, mas o sono não vem. Mesmo Uriel me dizendo que está tudo bem, eu ainda me sinto preocupado e não sei o porquê.

Esfrego meu rosto com as mãos e suspiro audivelmente, estando totalmente frustrado. Essa sensação é tão ruim, que me tira o fôlego. Sinto um fungar baixo e meus olhos se desviam para o pequeno cachorro deitado ao meu lado, que agora tem sua pequena cabeça encostada em meu braço. Abro um sorriso pequeno, vendo seus olhinhos abertos, mas sonolentos. Levo meu indicador até seu focinho e acaricio acima de seu nariz, entre meio seus olhos, vendo ele fechar os olhinhos com o carinho. E em algum momento eu acabo finalmente fechando meus olhos.

Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos Onde histórias criam vida. Descubra agora