Capítulo Sete

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Matias Fonseca

Paro em frente ao orfanato que de agora em diante fará parte dos meus dias, e um suspiro escapa por meus lábios. Apesar de Sandro dizer que não será algo pesado, ainda tenho medo de fazer algo de errado e piorar ainda mais a minha situação. Isso é tudo o que eu não preciso agora. Não mesmo.

Fecho meus olhos por alguns segundos e tomo uma respiração profunda, colocando meus pensamentos em ordem. Deixo tudo de ruim em uma gavetinha e tento não pensar em mais nada. Ser ansioso e ter vários pensamentos na cabeça não é algo legal. Isso me deixa ao ponto de colapsar e não quero que aconteça.

Ajeito a mochila em minhas costas e aperto o interfone. O orfanato é mais uma casa, enorme diga-se de passagem. É cercada por muros altos e um portão de ferro com dois metros de altura. Há um jardim muito bem cuidado e posso ver alguns brinquedos pelo local. A casa é de tons claros e possui dois andares. Olhando assim, nunca diria que aqui funciona um orfanato. E isso tira um pouco dos estereótipos que eu tinha desses lugares. Sei que nem todos são iguais, mas na minha cabeça vinha algo sombrio. Já soube de tantas histórias ruins envolvendo esses lugares.

- Matias! - A voz animada me tira dos meus devaneios e vejo Sandro vindo em direção ao portão, tendo um sorriso no rosto.

- Oi - falo, não tendo a mesma animação dele.

Sandro abre o portão para mim e me conduz para dentro, me deixando ver que a casa é ainda maior por dentro.

- Estão todos no refeitório agora, quer conhecer tudo primeiro ou prefere se juntar a nós para o almoço? - Ele pergunta com gentileza e penso em negar o convite, mas estou mesmo morrendo de fome.

- Estou mesmo com fome, então prefiro comer... se não for incômodo - acrescento por fim.

- Claro que não, sabe que pode fazer suas refeições aqui. Fique à vontade para pedir algo quando estiver com fome. As crianças tem três refeições principais, mais o lanche à tarde. Porém são crianças, possuem energia, então se elas pedirem alguma fruta ou algo do tipo durante o dia, não hesite. Só os doces que são regulados - Sandro explica e eu assinto com a cabeça, concordando com tudo.

Em silêncio nós seguimos até uma sala ampla de jantar, que contém uma longa mesa de madeira e mais uma menor ao lado. Há crianças e adolescentes sentados na mesa maior, todos comendo e na menor estão os cuidadores. E assim que piso meus pés ali, todas as cabeças se viram em nossa direção, me fazendo engolir em seco. Já disse que odeio ser o centro das atenções? Pois é, eu odeio, me sinto um rato de laboratório.

- Crianças, esse é o Matias... ele será o novo colaborador do orfanato e estará responsável pelas crianças de quatro a seis anos. Quero que vocês o tratem muito bem, pois ele está aqui para ajudar. Ok?

- Ok! - Todos dizem em uníssono e vejo que os menores tem mais atenção em mim.

- Você gosta de brincar? - Um garotinho de pele negra, olhos castanhos brilhantes e cachinhos me pergunta.

Abro um sorriso e sinto um pouco do meu medo indo embora. Crianças me parecem menos ofensivas.

- Depende... você gosta de vídeo game ou futebol? - respondo com outra pergunta.

- Eu amo futebol! - Ele exclama com empolgação e me sinto mais a vontade.

- Então nos daremos muito bem... qual seu nome?

- Diego, tio. - Ele responde, sorrindo com uma janelinha, e sinto meu peito se aquecer.

- Quer se sentar com eles? Depois te apresento aos outros - Sandro diz e concordo com um aceno.

Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos Onde histórias criam vida. Descubra agora