Capítulo Trinta

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Ícaro Miranda

É nítido na expressão de Matias que ele só está fazendo essa viagem por mim e confesso que esse fato me faz ama-lo ainda mais. Porém, está nos meus planos tornar esse momento inesquecível e talvez, no futuro, ele passe a amar ainda mais a natureza. Foi difícil convencer meu pai de que essa viagem precisava acontecer, então espero que tudo valha a pena.

- Sabe, ainda estou surpreso que Uriel não quis vir com a gente - Matias diz de repente e olho rapidamente para ele.

- Ah, mas ele quis - falo com irritação e ouço meu namorado rir.

- Sério? E por que não deixou? - Matias pergunta e arqueio uma sobrancelha.

Desvio os olhos da estrada, diminuindo um pouco a velocidade ao avistar a entrada do camping onde vamos ficar.

- Queria mesmo que ele viesse? - pergunto, olhando em seus olhos, e vejo sua face se tornar vermelha.

Meu namorado não diz mais nada e um sorriso fraco se abre em meu rosto. Eu realmente amo isso nele. Visto de longe Matias é um rapaz durão, mas na verdade ele é a pessoa mais sentimental que conheço. Ele é manhoso quando convém, adora ser cuidado e se sentir protegido. E eu amo proporcionar isso a ele.

Não falamos nada pelos próximos minutos e eu me concentro em achar o lugar destinado a nós dois pelos próximos dois dias. O camping não está muito cheio e isso é bom. Estaciono o carro e saio do veículo, respirando o ar puro.

- E aí? - pergunto e me viro para Matias, que também já está fora do carro, observando tudo ao redor.

- É, não é tão ruim quanto pensei... tem banheiro. - Ele diz e aponta para os vestiários ao longe.

- Eu não seria tão ruim com você, formiguinha - falo com humor e pisco um olho para ele, que me mostra língua.

Sigo em passos lentos até ele e tiro as mãos dos meus bolsos, rodeando sua cintura, o trazendo até mim. E eu amo o fato dele ser mais baixo que eu, o que me faz inclinar para poder olhar em seus olhos e eventualmente alcançar sua boca. Fecho meus olhos quando meus lábios tocam os seus e sinto o toque delicioso de suas mãos em meus cabelos. O trago para mais próximo de mim, findando qualquer mínimo centímetro entre nós dois. Sinto seu peito acelerado durante o beijo, sinto o gosto de chiclete de melancia e sinto meu coração quase parar de tanto amor que sinto pelo garoto em meus braços.

De todos os meus medos enquanto estive lutando pela vida era de nunca mais poder sentir ele junto a mim. De nunca mais ver seu sorriso, sentir seu cheiro ou ouvir sua voz. Mas acima de tudo, meu maior medo era de não poder viver toda uma vida junto dele.

Ok, sou jovem e não sei nada sobre o amanhã. Mas quando comecei a namorar Matias foi com a certeza de estar com ele para sempre, até porque eu desejo viver o meu "felizes para sempre".

- Esse é um ótimo exercício para a respiração. Temos que fazer com mais frequência - falo ao separar nossas bocas e meu namorado revira seus olhos.

- Você é tão irritante. - Ele diz ao me abraçar e automaticamente um sorriso se abre em meu rosto.

- Apenas para você - provoco e deixo um beijo em sua testa. - Mas agora vamos, precisamos ter uma barraca pronta antes de anoitecer.

- Aff! Por que mesmo eu concordei com isso? - Ele bufa ao se afastar de mim.

- Porque me ama, simpes - dou de ombros e jogo um beijo para ele enquanto sigo até o porta-malas do carro.

Tiro tudo o que vamos precisar e pelos próximos minutos escuto Matias resmungando enquanto me ajuda a montar nosso acampamento.

🏕🌙

Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos Onde histórias criam vida. Descubra agora