Matias Fonseca
A brisa que vem do mar sopra em meu rosto, me fazendo suspirar em meio aos carinhos deixados por Ícaro em meus cabelos. Depois da surpresa nada agradável que tive ao chegar em casa é bom espairecer com meu namorado. Contei a ele tudo o que houve e não me surpreendi quando ele estava pronto para me dar apoio. Por isso estamos agora na praia, após ele me pegar no colégio.
- Está melhor? - A pergunta vem acompanhada de um beijo em minha testa e é impossível não sorrir.
- Estou sim, amor - respondo e abro meus olhos, encontrando os seus me fitando com carinho.
- Eu te amo - Ícaro sussurra contra meus lábios e sinto todos os meus pelinhos se arrepiando.
- E eu amo você, meu irritante - declaro e puxo seu rosto para mais próximo do meu, beijando sua boca.
Passamos minutos entre beijos e declarações bobas, como dois jovens apaixonados que somos. E quando temos o suficiente um do outro, me deito na areia ao seu lado, tendo minha cabeça em seu peito, podendo ouvir as batidas de seu coração... algo que eu amo ouvir todos os dias.
- Sabe... eu sei que dói toda essa situação e você tem mágoa da sua mãe, mas não acha que deveriam conversar? Somente vocês dois - Ícaro diz após um tempo em silêncio e penso em suas palavras.
- Não sei se é uma boa ideia - falo sincero.
- Talvez não agora, mas pense bem. Ela chegou de um jeito errado e você não estava pronto para vê-la depois de tudo, mas penso que devem conversar e acertar as coisas de uma vez por todas, ela tem que saber tudo o que lhe fez. Talvez assim ela possa entender a dimensão de tudo.
Absorvo sua fala e fico em silêncio, meditando. Eu realmente não a quero em minha vida, não agora, mas acho que preciso dizer isso da maneira correta. Eu não tive mãe por longos anos, então desaprendi como é ter uma e isso não me faz mais falta. Hoje eu tenho uma família, amigos e um namorado que me ama... então eu não preciso de mais nada, muito menos dela.
- É, você tem razão. Vou pensar sobre isso - falo após um tempo.
- Você é forte e eu sempre estarei ao seu lado. - Ele diz, entrelaçando nossas mãos, me fazendo sorrir.
- Eu sei, obrigado.
[...]
Ícaro me deixa no orfanato após nosso breve descanso na praia e começo a cumprir minhas obrigações do dia como voluntário. E para me distrair, assim como as crianças, resolvi montar uma pequena oficina de pintura no jardim.
Poucos sabem sobre minha paixão por desenhos. Foi neles em que achei um refúgio para me esconder das infinitas crises de ansiedade. Foram eles que me fizeram querer algo, eles me fizeram sonhar muitas vezes, me levando para longe de toda a tempestade que me assolava.
- Quero uma borboleta, tio. - Agatha, uma menininha de cinco aninhos me pede quando se senta no banco do meu estúdio improvisado.
Há algumas crianças desenhando em mesas espalhadas pelo jardim e eu tenho um lugar onde estou fazendo a pintura no rosto dos mais novos. Confesso que é gratificante ver a alegria no olhar de cada um, surpreendidos pelo desenho no rostinho.
- E que cor você quer, princesa? - pergunto enquanto limpo alguns pincéis.
- Azul! - Ela responde empolgada, me fazendo sorrir.
Começo a desenhar em seu rosto, ouvindo suas risadinhas pelas cócegas que o pincel faz. E é dessa forma que se passa minha tarde. Desenhando borboletas, dinossauros, flores e até o hulk. E nesse tempo em que estive com as crianças não pensei em mais nada a não ser eles. Havia somente o sorriso em meu rosto, buscando fazer a felicidade de cada um deles.
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Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos
RomanceQual é o preço de ser livre? Tecnicamente deveríamos ser livres de graça, não? Mas, infelizmente, muitos vivem em prisões impostas pelos outros ou por si mesmos. E Matias é uma dessas pessoas, ele se encontra preso pela pessoa que mais ama e odeia...