Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos

Capítulo Dezesseis

Matias Fonseca

Sinto as batidas frenéticas do meu coração enquanto tenho os lábios de Ícaro nos meus, é quase como se meu coração fosse sair do meu peito. Sua língua se encaixa na minha com uma perfeição incrível... é como se minha boca fosse feita apenas para beijá-lo, para se encaixar na sua. E esse sentimento é tão bom. Sei que Ícaro é meu primeiro amor, ainda temos muito para viver, mas eu quero viver tudo isso intensamente e pensar que ele pode ser a minha liberdade... o meu "felizes para sempre". Sim, eu curto conto de fadas e quem sabe possa viver o meu?

Eu sei que estamos na vida real e a minha vida está muito longe de estar perfeita, mas Ícaro me faz sentir que tudo pode dar certo quando estou com ele. A maneira como ele me trata, com todo o cuidado do mundo, faz com que eu me sinta alguém especial e esqueça por alguns momentos toda a dor que eu sinto todos os dias. Saber que dentre todas as pessoas ele me escolheu, me faz ter uma sensação estranha, mas boa. Eu penso que não sou o suficiente e realmente não sou, mas quero ser o melhor para ele, assim como ele é para mim.

Ícaro é minha esperança em meio ao caos, o meu porto seguro em toda essa bagunça... e eu só peço a Deus que isso possa durar, que não estraguem a minha felicidade mais uma vez. Porque eu já cansei.

Sinto a necessidade de respirar e interrompo nosso beijo, estando ofegante, assim como meu namorado.

Deus, eu tenho um NAMORADO!!! Eu realmente tenho. Isso é tão surreal, que preciso me beliscar para saber que não estou sonhando.

- Aí! - reclamo comigo mesmo após beliscar meu braço com certa força.

- Ei, pirou? - Ícaro pergunta com humor e me olha confuso.

- É que isso parece um sonho... coisas boas assim não costumam acontecer na minha vida - respondo, sincero.

Eu estou acostumado a tudo dar errado, a conviver com o peso das minhas frustrações diárias. Então, tudo isso é fora da minha realidade.

- Não, não é um sonho... isso é só um pouco de tudo o que você merece. Eu sei que depois de receber só coisas ruins da vida a gente acaba sempre esperando o pior, mas você precisa acreditar mais em você mesmo - Ícaro diz enquanto tem meu rosto em suas mãos

- Às vezes é difícil acreditar que mereço tudo isso - falo, sendo totalmente sincero. Sinto novas lágrimas descendo por minha face, mas respiro fundo e tento segurá-las.

- Sabe, às vezes eu te vejo como um pássaro que foi preso em uma gaiola. A porta foi aberta, mas você não consegue sair, pois pensa ser uma ilusão. - Ele diz, sério, olhando profundamente em meus olhos. - Mas você está a um passo da sua liberdade, Matias, você precisa apenas deixar o medo de lado, pois ele é a sua corrente. Entende o que eu quero dizer?

Sua fala é calma, como se ele estivesse falando com uma criança pequena. Então assinto devagar à suas palavras.

- Você precisa fazer isso, amor... precisa derrotar o medo que grita, falando para você parar. Eu estou ao seu lado agora e se você achar que não consegue, peça para que eu segure em sua mão. Você não precisa aguentar tudo sozinho, Matias, porque você não está sozinho... há várias pessoas ao seu redor, prontas para te ajudar. É só você dar uma olhada - Ícaro diz e aponta para o longe, do outro lado da praia, onde nossos amigos estão.

Meus olhos se desviam para lá e minha visão fica embaçada pelas lágrimas. Eu sei que essas pessoas me amam e estão dispostas a me ajudar, o único problema é que eu não quero incomodar. Eu sempre sinto que sou um fardo para as pessoas, que apenas causo problemas. E não quero fazer meus amigos sofrerem ainda mais. Não depois de tudo.