Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos

Capítulo Trinta e Um

Matias Fonseca

Meus dedos tocam suavemente a cicatriz que corta o peito de Ícaro, enquanto ouço sua respiração calma. Já é de madrugada e apesar das atividades recentes, ainda não consegui fechar meus olhos e dormir. Por isso estou nos braços do meu namorado, sendo abraçado por ele enquanto o observo dormir. Ainda não acredito que fiz amor com o garoto que eu amo. Realmente me parece um conto de fadas. Aquele happy end após toda a tempestade.

Abro um sorriso, pois acho que estou convivendo muito com meu namorado e pensando bastante que estamos em uma história de ficção. Mas se for realmente parar para pensar eu poderia escrever um livro com a minha história. Foram tantos altos e baixos, principalmente baixos. Em certos momentos eu achei realmente que seria infeliz pelo resto da minha vida, não havia uma luz no final do túnel. E então tudo mudou com a chegada de um garoto irritante que se apaixonou por mim. Até hoje me pergunto como isso aconteceu, pois nunca houve nada de interessante em mim... não ao meu ver.

- Para mim você sempre foi a pessoa mais brilhante, a que me cativou desde o primeiro momento. Até meu coração lascado te amou a primeira vista - ouço a voz de Ícaro e me assusto.

Meu corpo se levanta e olho para ele, tendo meus olhos levemente arregalados.

- Como...

- Sua expressão estava igual quando me perguntou o porquê me apaixonei por você. - Ele diz com a voz rouca e esfrega os olhos, se colocando sentado no colchão em seguida.

- Eu...

- Espero que tenha sido apenas algo passageiro, se não terei que listar novamente todos os motivos pelos quais te amo - Ícaro diz e pega meu rosto em suas mãos, olhando profundamente em meus olhos.

- É só surreal às vezes... ser amado por alguém - confesso, um pouco envergonhado.

- Concordo, ainda não acredito que você me ama... é como estar em um sonho. - Ele diz, me fazendo rir.

- Idiota... como eu poderia não te amar? - pergunto.

- Eu faço a mesma pergunta... como eu poderia não amar você? É humanamente impossível, formiguinha. Você é a razão pela qual sorrio todos os dias, a razão por meu coração bater como um louco, a razão por eu querer ser uma pessoa melhor.

- Você já é uma pessoa maravilhosa - respondo e ele dá de ombros.

- É, pode ser. E não quero te assustar, mas todos os dias que acordo para trabalhar é pensando: porra, eu preciso me esforçar e ser alguém na vida, como vou pedir Matias em casamento assim? Meu sogro definitivamente não vai deixar. Eu preciso ser um homem foda e mostrar que ele fará um bom negócio em estar comigo pelo resto da vida.

- Bobo - falo e não contenho as lágrimas que escorrem por minha face.

- É sério! Eu já tenho tudo esquematizado. Quando você fizer vinte eu te peço em casamento e quando terminar a faculdade nos casamos. Só falta os filhos, mas temos tempo.

- Já temos um filho - lembro a ele, que deixa um tapa fraco em sua testa.

- Claro, Baby é nosso bebê, mas precisamos dar irmãos a ele.

- Você realmente é um idiota irritante - falo e o abraço, deixando a distância entre nós para trás.

- Apenas para você - Ícaro sussurra em meu ouvido, me fazendo arrepiar.

Fecho meus olhos e aproveito o contato entre nossos corpos. Não há nenhuma roupa entre nós e sentir seu corpo dessa maneira no meu é uma sensação indescritível. Ao mesmo tempo em que me causa frio na barriga também me traz um calor ao peito.