Capítulo Vinte e Nove

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Matias Fonseca

* Dois meses depois... *

Olho para minhas roupas em pilhas em cima da cama e me pergunto onde estava com a ideia quando eu aceitei viajar com meu namorado para o meio do mato? Por que ele tem que gostar disso? Ok! Eu também gosto de uma fazenda, ar livre, animais, mas de um teto para dormir e banheiro... não acampar. Eu nunca fui escoteiro!

- Será que eu posso desistir, Baby? - pergunto e olho para o meu bebê que está deitado em sua caminha, mais preocupado em me olhar com olhos julgadores.

Por que eles são assim? É como se ele julgasse minha alma, desse risada mentalmente e dissesse o quanto sou idiota.

- Ok, entendi! - falo com um suspiro e começo a colocar minhas roupas na mala.

Ainda não sei como meu pai aceitou essa viagem, pois até duas semanas atrás ele queria que Ícaro mantivesse uma distância mínima de um metro e meio de mim. É, eu também não sabia que Murilo Fonseca fosse tão ciumento, mas ele é.

E no fim aqui estou eu me preparando para ficar o fim de semana acampado. O que não fazemos por quem amamos, não é?

Ouço duas batidas em minha porta e em seguida ela se abre, revelando Sandro. Ele me lança um sorriso e entra no quarto sendo recebido pelo Baby, que vai todo agitado até ele.

- Precisa de ajuda? - Ele pergunta ao se aproximar com Baby em seu colo.

Sério, nunca vi cachorro tão mimado quanto esse. E ele sabe o poder que tem, sendo o xodó de toda família, até meu pai faz suas vontades. Então podem imaginar o nível de seu encantamento.

- Pode pegar meus itens de higiene, por favor? Separei na bancada do banheiro - peço e ele assente, deixando nosso mimado em sua cama no caminho.

Ajeito minhas roupas da melhor forma que consigo, fazendo tudo caber na mala pequena. Nunca fui exagerado, então não tenho problemas em montar algo básico. Sandro volta segundos depois e me entrega a necessaire. Agradeço ele com um sorriso e termino minha mala.

- Está animado? - Sandro pergunta ao me ajudar a descer a mala para a sala.

- Estou para ficar com Ícaro, mas não com a ideia de acampar - respondo, sincero, e ele ri.

- Garanto que vai amar depois que souber tudo que pode fazer sozinho com ele - Sandro diz e arregalo meus olhos.

- Ei! Eu não pensei nisso - falo e ele ri ainda mais.

- Pela sua cara eu acredito, mas... você ficará virgem para sempre? - Ele questiona e sinto meu rosto queimar.

- Olha, eu achei que você fosse mais recatado - falo e vejo seus olhos brilhando pelas lágrimas que se acumulam devido suas risadas.

- Quem é recatado? - A voz grossa do meu pai se faz presente e vejo ele descendo as escadas com o apoio de uma muleta.

Faz alguns meses desde aquele dia trágico, mas ele ainda não pôde voltar ao seu trabalho, já que o tiro em sua perna o fez perder um pouco da mobilidade e ele está fazendo acompanhamento com profissionais. E no fundo eu me sinto culpado por quase ter perdido meu pai. Sou grato por ele estar vivo hoje e sendo feliz comigo.

- Seu namorado que não é - falo, ainda emburrado e sigo até à cozinha, ouvindo Sandro gargalhando.

- Esse menino, eu só estou dizendo que... quer saber? Nada não, vamos comer,amor. - Ele diz, acho que pensando melhor.

Até porque meu pai surtaria se ouvisse as coisas que ele me disse. Capaz da viagem realmente ser cancelada e eu continuar virgem.

Deus, o que você está pensando, Matias?

Vogelfrei | Livro 02 - Trilogia Destinos Onde histórias criam vida. Descubra agora