Kiara
A dor da perda.
Quando algo em nós morre, quando alguém que amamos morre, ou quando morre um amor, é preciso viver o luto. É preciso elaborar a dor. Não podemos simplesmente fazer de conta que aquilo não aconteceu e seguir com a vida, com a dor escondida em um lugar qualquer do peito.
É preciso encarar a dor da perda de frente. Por mais que isso doa, massacre. É preciso ser forte, mas também podemos nos permitir sofrer. A força é justamente reconhecer o tamanho da dor, vivê-la, tentar sobreviver a ela, e um dia transformar essa dor em saudade, sabedoria, maturidade.
Depois do luto, é preciso lutar. Lutar para seguir com a vida, abrir-se para o que de novo a vida tem a nos oferecer. Enquanto a morte vem nos arrancar um pedaço da vida, um pedaço de nós, a vida segue.
E temos que nos agarrar àquilo que sobra da vida. Vale a pena viver, apesar de tudo, apesar do sofrimento.
É buscar alegria e sentido em tudo o que fazemos. Em muitos momentos não será fácil, em muitos momentos será mais fácil querer desistir. Mas é nessas horas que se separam os fortes dos fracos.
Meu avô, Joseph Carrera.
Morreu na manhã de segunda após o nosso incrível piquenique que na hora não percebemos mas era uma despedida, ele morreu enquanto dormia ao lado da mulher que ele amou a vida inteira, ele tinha um sorriso tranquilo em seu rosto.
Acho que ele sentiu que já era a sua hora, que iríamos ficar bem sem ele, não totalmente bem é claro, a dor da perda é imensurável, mas ele sabia que iríamos saber lidar com isso.
Antes de ir dormir no domingo ele me disse.
"Kiki, a vida passa mais rápido do que a gente imagina, e está tudo bem, mas nós temos que procurar vive-la da melhor forma, fazendo o que nos faz bem e não o que os outros querem, eu fiz isso e estou pronto pra partir, eu estou em paz minha neta."
E eu vou procurar viver cada momento do jeito que eu quero, do jeito que me faz feliz, junto com as melhores pessoas ao meu lado.
Hoje faz oito dias que ele se foi e ainda o vejo em cada canto da casa, principalmente na sala de discos, lá eu me sinto acolhida, sinto ele me abraçando, e sei que ele sempre vai estar por perto pra cuidar de todos nós, a nossa estrelinha.
- Ali são as três Marias não é? - fala meu namorado.
Estamos deitados no gramado do quintal da minha casa, colocamos uns panos e umas almofadas na grama e estamos admirando o céu, a noite está bem estrelada e é dia de lua cheia.
- São sim...
- O céu é tão lindo. - sorrio.
- Ele é, uma imensidão de beleza.
- Nada comparado com a sua beleza, é claro porque você é mil vezes mais linda. - diz me fazendo ri.
Sempre fico meio vermelha quando ele me elogia, ainda não me acostumei com isso, em ter alguém a todo momento me enaltecendo e dizendo o quanto eu sou bonita.
- Você tem que parar de fazer isso sabia?
- De que? De inautecer minha namorada? - assinto - Jamais.
- Você me deixa totalmente sem graça assim.
- Não precisa ficar sem graça. - ele deixa um selinho nos meus lábios. - Você é e sempre vai ser a garota mais linda da minha vida.
- É?
- Sim, minha garota. - fala e sorrio.
- Fala de novo.
- Minha garota, minha mina, minha amiga, minha namorada, minha gata, minha tudo. - diz segurando meu queixo.
- Você é totalmente meu também, sabe disso não sabe? - falo e ele sorri.
- Sei, e eu não quero ser de mais ninguém.
Me aconchego no seu peito enquanto ele faz um cafuné gostoso no meu cabelo, olho pro céu e vejo uma estrela brilhante se destacando entre todas as outras, então lembro quando meu veinho falava que ele ia se tornar uma linda e brilhante estrela.
E eu realmente acredito que isso aconteceu, ele está em paz, viveu o que tinha que viver, e eu não posso ficar triste por Deus ter levado ele, era a sua hora, mas ele sempre estará presente nas nossas vidas.
- Estou com fome. - digo.
- O que você quer comer?
- Um doce, de morango se possível.
- Tem alguns no armário.
- Não. - choramingo - temos que ir no mercado.
- São duas da manhã.
- Não importa, vamos. - digo me levantando e ele logo vem atrás de mim.
Jj
Minha namorada está de TPM e ainda está um pouco de luto também, o que faz o humor dela mudar constantemente, e eu tenho que lidar com isso, não que seja uma coisa horrível, gosto de cuidar e de mimar ela, estarei sempre aqui pro que ela precisar.
Chegamos no mercado que está praticamente vazio, é óbvio, são duas da manhã.
- Amor, me espera. - falo ao ver kiara pegando uma cesta e andando entre os corredores.
- Você é grande Jj, anda logo.
Seguro na blusa que ela está usando - minha por acaso - pra assim poder ir acompanhando ela.
- Isso, meus bebês. - diz sorrindo ao ver os seus doces.
Que na verdade tem um monte desses guardados na cozinha e no quarto dela, mas é melhor não contrariar.
Pegamos os doces e também pegamos mais algumas coisas que eu queria, quando estávamos no caixa vimos uma senhora olhando pra gente e pros doces sorrindo.
- TPM. - digo pra ela que sorrir.
- Que bom rapaz cuidado da namorada. - diz me fazendo sorrir.
Pagamos e fomos pro carro, kiara devorou praticamente uma caixa inteira de chocolate sozinha, eu namoro um dragãozinho mesmo, que vive lambuzada.
- Você quer um? - me pergunta.
- Você vai deixar um pra mim?
- Só um. - diz fazendo um biquinho e levando o chocolate pra minha boca.
- Obrigado.
Chegamos em casa e subimos pro quarto dela, nos deitamos e kiara me abraçou com uma certa força, aconcheguei ela nos meus braços e deixei um beijo na sua testa e lhe desejei boa noite, já virou uma mania fazer isso.
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Nosso Verão - Jiara
RandomKiara se mudou com os pais para Nova York quando tinha dez anos, seis anos depois ela volta a Outer Banks para passar suas férias de verão, o que era pra ser um simples verão se tornou um caos de sentimentos. Ela não queria um amor, na verdade ela a...