Louis abriu a porta do seu quarto, dando passagem para que o ômega pudesse entrar. Receoso, Harry deu pequenos passos para dentro do cômodo, observando em volta com cautela.O quarto se encontrava escuro, sendo iluminado e banhado pela luz do sol que adentrava pela janela. As camas, nem macias nem duras, exalam o tom bege assim como os travesseiros. O piso, um cinza esverdeado, passa a esfriar menos os pés do ômega que se encolhe ainda mais, quando o frio uiva lá fora e uma brisa gélida adentra por entre as cortinas pretas.
— Pode ficar com aquela cama. — o alfa aponta para o móvel próximo a parede em tons pastéis - Harry pisca seu grandes olhos verdes na direção da cama perfeitamente arrumada — Está limpa. Ninguém jamais a usou. — o ômega se manteve quieto no centro do quarto, enquanto observava o armário onde continha algumas peças de roupas bagunçadas — Atrás daquela porta está o banheiro. — o de olhos verdes olhou na direção de Louis que mantinha seus olhos direcionados para o lado aposto em que Harry se encontrava — Deve estar querendo se banhar.
O ômega não respondeu, apenas moveu seus pés descalços sobre o chão frio, na direção do banheiro.
— Deixei uma toalha limpa e uma troca de roupa sobre a pia. — o alfa profere, se dirigindo até a porta do quarto — Voltarei em breve com seu almoço. Se comporte.
A porta foi fechada, deixando o ômega completamente sozinho e perdido naquele cômodo grande e escuro.
Ele adentrou no banheiro com cautela, enquanto observava cada detalhe do local. Pegou a toalha azul em suas mãos, aproximando-a do seu nariz, para inspirar fundo o cheiro de roupa limpa. Harry sorriu, deixando a peça sobre a pia novamente e se aproximou do box, entrando no mesmo.Devagar, retirou suas vestes com cuidado devido aos hematomas em seu corpo que ainda ardiam como o inferno. Harry levou uma das mãos até a região abaixo das suas costelas, tocando o ferimento profundo que rasgava sua pele, a manchando com o seu próprio sangue.
Ignorando a dor intensa, ligou o registro do chuveiro, se pondo sob a água quente. Seus olhos se fecharam em puro deleite e pela primeira vez em anos, o ômega pode se sentir relaxado e aliviado.
Passou as mãos por seus cachos que deslizavam junto a água por sua nuca. Harry os lavou com o shampoo encontrado próximo aos sabonetes que continha um leve aroma de cereja.
Envolveu a toalha em sua cintura bem delineada e caminhou para fora do banheiro, com as roupas limpas em mãos. Sentou-se em sua nova cama, suspirando ao sentir seu corpo mais aprazível e aromático.
Ao se levantar para vestir-se com as roupas dadas pelo alfa, grunhiu de dor pela força exagerada que acabara atingindo seu hematoma abaixo das costelas. O ômega caiu de joelhos sobre o piso gelado, sentindo lágrimas queimarem seus olhos.
Lutou para se levantar, mas a dor se espalhava por todo o seu corpo e apesar de estar atormentado devido a queimação , ele ainda conseguiu ouvir o barulho da porta sendo aberta. Um segundo depois olhos azuis intensos surgiram em seu campo de visão.
— Ômega! — disse Louis numa voz trêmula — Você chamou. O que está acontecendo?
Mas eu não o chamei, foi o que Harry pensou.
O ômega inclinou-se para trás, dando a ampla visão do seu corpo para o alfa que ofegou em surpresa ao vislumbrar o ferimento do cacheado que jorrava sangue.
— Caramba! O que houve? — olhou em volta em busca de respostas, mas não obtivera sucesso. Apoiou firmemente uma das mãos sobre o ferimento do ômega, observando-o cerrar os dentes para impedir um grito de dor — Zayn cuidará disso.
As gotículas de água presentes em seu corpo , o deixara úmido, mas Harry sabia que este não era o único motivo do seu tremor. Ele continuou respirando fundo, mas era como se a dor fosse um ser vivo dentro do seu corpo.
— Está me ouvindo? — Louis perguntou, lutando para tentar manter a voz calma, apesar do desespero que ganhava forças dentro dele — Tente se manter acordado.
O alfa ergueu o ômega consigo, entre seus braços, caminhando para fora do quarto . Harry sabia que ele estava tomando o máximo de cuidado que podia, mas a dor dilacerante que se espalhou, fez com que ele soltasse um grunhido sussurrado. O ômega recostou a cabeça sobre o ombro de Louis, e a escuridão que estava lutando para combater se apoderou dele, o arrastando para suas profundezas.
Louis sentiu o corpo do ômega amolecer em seus braços e baixou os olhos para ele, deixando um suspiro aliviado ao notar o peito do rapaz subindo e descendo vagarosamente.
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Harry contorceu o semblante e mantendo os olhos fechados e o corpo imóvel, tentou se concentrar no ferimento. Doía, mas não tanto como havia de se lembrar. Tentou não se mover, tendo a leve impressão de que doeria ainda mais caso tentasse algum movimento brusco.
Abriu os olhos com todo cuidado possível e olhou ao seu redor. Apesar da visão pouco embaçada , vislumbrou a figura de Zayn ao seu lado, que mergulhava em uma bacia com água fria um pedaço de tecido que segurava. Torceu-o e com cautela depositou sobre a testa febril de Harry.
— Você acordou! — exclamou o alfa em um tom aliviado , porém surpreso — Como se sente?
Quando seus olhos finalmente clarearam do nevoeiro, forçou suas vistas, se dando conta de que estava na cama que agora lhe pertencia. Ao avistar Niall adentrando no quarto, esticou uma das mãos e chamou pelo alfa em um gesto sutil.
— Como está se sentindo, ômega? — o alfa perguntou, piscando seus olhos azuis-celestes na direção de Harry — Sabe me dizer o que lhe causou esse ferimento?
— Alfas maus. — sussurrou o ômega, recebendo um franzir de sobrancelhas do moreno — Faca.
— Desde quando ele fala? — Zayn indagou, ainda surpreso — Ele só fala com você, é isso?
— Ele não confia em vocês. — Horan dá de ombros, voltando sua atenção para Harry — Não sabíamos que estava tão ferido. Perdeu muito sangue.
— Dói. — o rosto do ômega se contorceu em uma careta dolorida e um ofego sussurrado escapou por entre seus lábios avermelhados.
— Precisa ficar de repouso. — disse Zayn, retirando o tecido molhado da testa do ômega — Está febril.
— Passeio. — Harry sibilou baixinho recebendo um franzir de sobrancelhas do alfa de olhos azuis — Você prometeu.
— Mas não podemos passear estiver ferido. — Niall explicou — Irei buscar a sopa que preparei para você. Tudo bem?
— Sopa? Gosto de sopa.
— Certo! — o alfa se levantou, direcionando seu olhos para o alfa de cabelos escuros — Cuide bem dele. Volto logo.
Logo após o alfa sair pela porta, Louis passou por ela, entrando no quarto. Ele olhou na direção do ômega , mas não disse nada, apenas inspirou fundo o aroma ao seu redor e virou-se na para o seu armário, pegando um casaco antes de sair novamente do cômodo.
— Louis vai sair por alguns dias. — o moreno explicou, ganhando a atenção de Harry — Assuntos pessoais.
— Ele cheira forte. — disse o ômega ao se lembrar do cheiro do alfa — Seu sangue está quente.
— Consegue sentir tudo isso?
— Sim, seu cheiro é forte e seu corpo quente. — Harry comenta — Mas agora ele estava ainda mais quente e seu coração batia muito rápido.
— Ele estava com pressa.
— Não, não era isso. — o cacheado desvia seus olhos na direção da porta — Bom, ele estava com pressa, mas seu cheiro me dizia outra coisa.
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Black Out Days ✧ l.s • ABO •
RomanceEm meio ao caos e a desordem em uma cidade devastada pelo confronto entre Alfas, Betas e Ômegas, tudo que restara além das ruínas e do sangue derramado, era a esperança em um coração jovem e ferido, cujo pertencia a um dos únicos Ômegas que haviam s...