Ao chegar em casa, Ella estranhou o carro de Henry estar fora da garagem. As portas estavam abertas. Franziu a testa ao ver Kal dentro do carro.
-Oi menino, o que você está fazendo aí? - esfregou atrás das orelhas do cachorro.
Na parte de trás tinham duas malas pretas socadas de qualquer jeito. Não lembrava de Henry ter falado que viajaria.
Deu um beijinho em Kal antes de entrar em casa. Tirou os tênis e entrou apenas de meias.
-Oi. - disse baixinho para Henry.
Ele não respondeu. Continuou sentado no sofá - calado - cabeça baixa enquanto fazia carinho em Bolota deitado ao seu lado.
-Nós vamos viajar para onde? - deu um sorriso sem dentes, se aproximando cautelosamente.
-Nós não vamos viajar. - ele disse sem lhe olhar.
-Está tudo bem? - deu um suspiro. - Henry, escuta, eu...
-Ella, por favor. - ele cortou. - Não torna isso mais difícil.
Ela reparou em outra mala próxima ao sofá.
Aquela mala era pra ela então? Pensou com medo.
-Tudo bem, já entendi. Essa mala é para mim? Quer que eu vá embora? - mordeu o lábio inferior para segurar o choro.
-Você não vai a lugar algum. Eu vou ficar em um hotel até viajar para a Espanha.
-Espanha? Pensei que você fosse só mês que vem.
-É.
-Henry... - Ella se agachou diante dele.
-Sabe, Ella. Tive toda a noite para pensar friamente em toda essa situação.
Ella não ousou falar, esperando que ele concluísse o raciocínio. Estava com medo do que ele poderia falar.
-A gente foi rápido demais. Quer dizer... Namoro, morar junto, depois noivado... Tudo foi muito rápido. A gente não pensou. Eu não pensei.
-O que você quer dizer? Está arrependido? Você quer voltar atrás, Henry?
Ele se curvou para frente, apoiou os cotovelos nos joelhos e deitou a testa nos dedos entrelaçados, escondendo seu rosto antes de falar:
-Na beira do precipício o melhor jeito é dar um passo para trás.
A garota não estava acreditando que ele estava comparando o relacionamento deles com uma queda em um precipício.
Henry se esquivou quando ela tentou tocar seu rosto.
-Me desculpa, por favor. - Ella suplicou. - Eu sei que fiz merda. O Dany me ligou e eu me apavorei. Desculpa ter mentido, por favor. Me perdoa, amor.
Ele balançou a cabeça, um sorriso sarcástico nos lábios.
-Você acha que eu estou zangado porque você foi ajudar o Dany e aquele drogado de merda? Se você tivesse me dito a verdade eu teria ido com você!
-Você não gosta do James. - murmurou.
-Não gosto mesmo. E se você tivesse um pingo de vergonha na cara, também não gostaria! Não depois de tudo o que ele te fez passar.
-Você não entende...- encolheu os ombros com a patada dele. Mas não retrucou, sabia que ele estava certo. Em todos os sentidos.
-Não, eu entendo muito bem! Ou o seu amor por aquele cara é cego ou você é masoquista. - ele riu seco.
-Eu achava que sabia o que era amor, antes, bem antes de você. Mas não é amor que eu sinto por ele. Eu amo voc-...
Henry a interrompeu, antes que ela o fizesse mudar de ideia. Só Deus sabia o quanto ele estava puto mas se ela continuasse ele não teria forças para ir embora. E então ele estaria preso naquele triângulo vicioso.
-O que? Agora você me ama? Sério? Porque não parece. Você nem ao menos consegue dizer!
-Você quer ouvir? É disso que se trata? - interrogou com urgência.
-Pelo amor de Deus, Ella! Eu não estou puto por você não conseguir dizer. Se é que você algum dia me amou, né. - acrescentou amargurado. - Mas o que me mata é você sempre voltar para ele! Por quê? Porque você faz isso com você? Com a gente?
-Amor, por favor...
-Não me chama assim. - disse entre dentes. - Você não tem esse direito. Não quando... - a voz dele saiu estrangulada. - Não quando você ainda ama aquele cara.
-Não, amor, não... Ele é a minha família... É como se eu sentisse que tenho obriga-...
Ella tentou ficar entre as pernas dele, mas Henry se levantou, a afastando pelos ombros.
-Sua...? Sua família? Sabe o que eu acho mais engraçado? Você perdoou esse cara assim, - estalou o dedo. - mas a Chloe, sua prima, seu sangue, sua família, você não quer nem ouvir falar. Ela é a sua família, não ele.
-Não vou falar sobre isso. - disse Ella limpando as lágrimas, já tinha se humilhado demais. - Okay. Tudo bem. Eu vou arrumar as minhas coisas. Você não precisa sair da sua casa.
-Ah, por favor. - ele deu uma risada debochada. - E vai pra onde? Você não tem pra onde ir!
-Não preciso da sua caridade. - resmungou dando de ombros ao enxugar as lágrimas. - Eu dou meu jeito.
-Que jeito? Vai morar com aquele viciado de merda ou embaixo da ponte? - ele vociferou.
-Não vou ficar com o James. Eu não quero nada com ele. Não que você se importe, né.
Henry soltou um suspiro impaciente. Ella tinha o dom de o deixar puto.
-Então, fica aqui até você se estabelecer, porra. Eu vou ficar fora durante as gravações, de qualquer forma. Fica aqui até arrumar outro lugar...
Ella viu ele agarrar a mala perto do sofá, dando por encerrada a conversa.
-Então... nós dois? - sua voz vacilou. - Não tem mais volta, é isso?
O coração de Ella batia em seus ouvidos. Ele não a olhou quando confirmou com a cabeça.
-O que eu devo fazer sem você? - ela soluçou, com os olhos marejados.
-Eu não sei. Seguir em frente? - ele soou extremamente indiferente.
-Eu não quero seguir em frente sem você! - chorou. - Eu te amo, Henry. Acredita em mim...
-Não dá. Sinto muito.
-Henry, eu estou dizendo! - sua testa fervia com o choro compulsivo. - Não era isso que você queria? Então! Eu estou dizendo! Só me escuta... Por favor... Eu não posso viver sem você. Eu te amo, Henry Cavill. Eu amo você como nunca amei ninguém!
A garota viu ele vacilar por um momento, mas logo depois ele desviou o olhar antes de dizer:
-Sinto muito. - ele murmurou. - Acabou Ella.
A garota ficou ali, ajoelhada no chão enquanto Henry saia sem olhar para trás.
Quando a porta bateu com força, Ella deixou seu corpo ceder para frente, caindo no tapete.
Estava cansada de ser forte. Cansada de ser a tábua de salvação dos outros, mas quando ela precisava não tinha ninguém que pudesse lhe salvar.
Não soube quanto tempo ficou ali, jogada no chão, seu rosto pressionado contra o tapete. Saiu de seu torpor quando Bolota pulou do sofá e se aconchegou sobre suas costas.
-Ai Bolota. - puxou o gato para seu peito e o abraçou. - Não me deixe também, por favor. Eu não aguento mais...
Cada segundo que passou, desde que Henry foi embora, era como se alguém tivesse arrancado seu coração e deixado um buraco em seu peito.
Não foi o fim do mundo, mas algo dentro dela tinha morrido.
CONTINUA...
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VOCÊ E EU (HENRY CAVILL)
RomanceA festa na madrugada de domingo acabou em uma carona inesperada. Ella Davies nunca se achou boa o suficiente, até Henry Cavill cruzar seu caminho. Ele sabia que se envolver com aquela menina era um grande erro, mas não resistiu àqueles grandes olh...