33 - Sem ter para onde ir

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Ella nunca correu tanto em toda a sua vida. Olhou para os lados, desnorteada, sem saber onde estava.

Sentou no banco à sua frente e olhou ao redor. Reconheceu a Bonne Bouche Bakery, onde serviam uma torta de morango maravilhosa, a preferida de Chloe.

Escondeu o rosto nas mãos. O choro saiu livre por sua garganta. Nunca em toda a sua vida poderia imaginar que Chloe a trairia daquela forma tão baixa. Logo com o cara que ela dizia mais odiar no mundo. "O babaca" como a loira o chamava desde o maldito dia que Ella e James começaram a namorar.

Agora tudo fazia sentido na cabeça de Ella.

Todas as vezes que Chloe implorou para que ela largasse James, não era só porque estava preocupada com ela. Era porque o queria para si.

Não. Sacudiu a cabeça. Não podia ser verdade. Não. Chloe não seria baixa a esse ponto. Por mais que estivesse ferida não podia pensar que era verdade que eles estavam todo esse tempo juntos.

Olhou a hora em seu celular. Merda. Viu várias ligações de Charlie e Henry. E Chloe. Até James a ligou algumas vezes.

Pensou em mandar uma mensagem para Henry dizendo que depois falariam. Mas sabia que ele iria até onde ela estava, e a última coisa que ela queria era arrastá-lo para seus dramas.

-Merda... eu não posso voltar para casa. - falou baixinho.

Mas não podia dormir naquele banco. Olhou ao redor, as lojas estavam fechando, logo logo as calçadas de Paddington não seriam tão seguras.

Pensou em seu apartamento, o lar que dividia com sua prima. Lar? Ela não tinha mais um lar. Ela não tinha para onde ir.

Não podia ir para a casa de Henry. Não naquele estado. Não conseguiria mentir para ele. Mas também não suportaria o olhar de "eu te avisei".

Se levantou, torcendo os dedos na barra de sua blusa.

Caminhou sem rumo e minutos depois se viu refletida na vitrine da livraria onde trabalhava. Ela e Finn não estavam no melhor momento de sua amizade, mas era o único lugar onde sua dor e mágoa seriam reconhecidos, sem julgamento.

-FINN! - gritou depois de tocar a campainha infinitas vezes. - Eu sei que você está aí! FINN!

Tocou a campainha e sacudiu a grade da porta de entrada. Chutou a grade, furiosa.

-Finn! Desce essa bunda ruiva e abre essa porra! Finn!

Estava se preparando para chutar novamente a grade, ou ir para o hospital com a perna quebrada. O que cedesse primeiro.

Viu a luz das escadas do segundo andar se iluminarem. Pode ver seu chefe esfregar os olhos por baixo do óculos de grau redondo.

Ele parou em frente a porta, testa franzida.

-Ella, mas que porra? - não escutou, mas pode ler os lábios dele.

Ella se abraçou quando uma rajada gelada passou por ela. Esperou impaciente, enquanto ele destravou o alarme e abria as infindáveis fechaduras.

-Ella? Você tem noção da-... - ele ficou mudo e franziu a testa. - O que houve...?

Ella fez beicinho e seus olhos se inundaram de lágrimas.

Ela tinha sido forte até aquele momento. Mas ser forte era exaustivo. Se jogou contra o corpo magro de Finn e se permitiu chorar contra o peito dele.

-Aí, Ella... - ele a abraçou pelos ombros, tendo ideia do que poderia ter passado. - Vem, vamos te esquentar.

Finn a conduziu para seu pequeno apartamento.

Fez um chá, com dose extra de camomila, e deu para a garota.

VOCÊ E EU (HENRY CAVILL)Onde histórias criam vida. Descubra agora