VOCÊ E EU (HENRY CAVILL)

17 - Entrega especial

ESTAVA A MAIS DE CINCO MINUTOS parada em frente ao portão imponente da casa de Henry. Respirou fundo apertando a sacola de plástico da farmácia contra o peito.

Olhou para o interfone à sua frente. Era de última geração com botões de números e um pequeno leitor digital na parte inferior. Estava começando a se arrepender. Não devia ter vindo.

-Vai sua covarde. Toca a campainha. - mas não conseguiu se mexer. - Vai. Aperta essa merda. Vai. Vai. Vai! - brigou consigo mesma.

Apertou o botão, antes que saísse correndo.

Ele demorou a atender.

E se ele estivesse com mulher? Pensou, se sentindo ridícula. Com certeza ele estaria com uma mulher. Uma modelo linda e magra. Com certeza.

-Sim?

Ela soltou o ar que nem notou ter prendido ao escutar a voz dele. Estava mais rouco que pelo telefone.

-Ahn... Entrega especial para o senhor Cavill.

Por infindáveis cinco segundos ela esperou pela resposta dele. O silêncio foi quebrado pelo barulho do portão automático sendo aberto.

Ella respirou fundo tentando controlar seu coração disparado. E se ele não gostasse que ela tivesse aparecido de surpresa?

Atravessou o jardim bem iluminado. Henry estava parado, encostado no batente da porta principal, esperando por ela. Um sorriso brincando em seus lábios.

-Ora ora. Isso que eu chamo de uma entrega especial. - ele estava enrolado em um cobertor felpudo e de meias.

-Você é muito doido de abrir o portão sem saber quem é. - ela brigou cruzando os braços.

Henry riu, ela realmente não tinha notado as cinco câmeras acima do muro. Mas ele não precisava ver para saber que era ela, reconheceria a voz dela de qualquer jeito.

-Vem, entra. Está um gelo aqui fora. - sua voz saiu ligeiramente rouca.

Ele deu passagem para que ela entrasse. Kal veio correndo da sala e a rodeou. Ele apoiou as patas dianteiras na barriga dela e tentou lamber seu rosto, a pegando de surpresa.

A morena ficou paralisada por alguns segundos.

-Ele sentiu sua falta. - disse Henry sorridente.

-Ahn... - a garota tentava se equilibrar e dar leves tapinhas desajeitados na cabeça do animal. - Oi Kal. Você sentiu minha falta foi menino?

Kal latiu alto, fazendo a garota estremecer de susto. Tirando o susto, no geral o encontro até que foi bom.

Henry o puxou pela coleira para baixo. Ella agradeceu mentalmente. Não queria nem pensar em como se viraria com aquele cachorro enorme sozinha.

-Vai deitar, ursão. - Henry mandou após fazer carinho no corpo do cachorro. - E eu? Seu amigo não ganha um abraço também?

Ella revirou os olhos, mas não se afastou quando Henry abriu os braços para ela.

O abraçou pela cintura. Foi um abraço quente e reconfortante. Pela primeira vez se permitiu admitir que estava morrendo de saudades dele. Arrependimento bateu em seu estômago.

-Como você está? - ele perguntou ao entrelaçar seus dedos aos dela e a conduzir para a sala. - Não que não esteja gostando da visita, mas o que você está fazendo aqui?

-Vim te visitar, ué. Meu amigo não parecia estar bem ao telefone.

-Melhor amigo. - ele corrigiu com um sorriso no rosto. Se deitou no sofá e bateu com a mão chamando Ella para que se sentasse no espaço entre o corpo dele e a beirada do sofá. - O que você tem aí?