30 - Depois da tempestade, vem o caos

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Naquele mesmo dia, Ella andava de um lado para o outro em sua sala, com Bolota em seus braços. Chloe ainda não tinha respondido nenhuma das milhares de mensagens que ela tinha enviado.

Já tinha ligado para todos os amigos de Chloe que ela tinha o telefone, mas nenhum deles tinha visto a loira.

Ella se jogou no sofá, exausta. Sua cabeça latejava, seu coração estava disparado e pesado, como se algo ruim estivesse prestes a acontecer. Algo pior que sua prima quebrar o coração de seu chefe em um milhão de pedacinhos.

E para piorar, podia sentir que seu emprego estava por um fio. E nem ligar para Henry ela podia. Pois naquele dia, bem cedinho, ele teve que viajar para L.A. Ele teria uma reunião com os produtores da série que protagonizava, para os ajustes finais antes do retorno das gravações.

Estava angustiada e infeliz. Não fazia nem vinte e quatro horas que estava longe dele e a saudade estava apertando.

O barulho da chave na porta de seu apartamento a fez levantar num pulo. Viu uma cabeleira loira entrar e seu coração ficou aliviado.

-Chloe! – correu e se jogou nos braços da prima. –Deus, onde você se meteu o dia inteiro? Eu te liguei um milhão de vezes!

Agarrou o rosto dela em suas mãos e a olhou, buscando qualquer machucado.

-Ei, calma. – a loira riu suavemente, esfregando as costas da prima. –Eu estou bem.

-Onde diabos você se meteu?!

-Bom, aqui, pega. – a loira jogou as sacolas de mercado nos braços de Ella. - Primeiro eu fui ao salão, fiz uma super hidratação no meu lindo cabelinho, fiz uma bela drenagem linfática. Depois me reuni com minha agente e a diretora sênior da Primark. Sabia que ela está grávida também?

-Eu não fazia ideia. – Ella retrucou tentando acompanhar a linha de raciocínio caótico de sua prima.

-Ela é uma fofa. Claro, tivemos que ajustar algumas cláusulas do meu contrato, por causa dessa coisinha aqui. – apontou para sua própria barriga. - E depois fui no mercado comprar umas coisinhas gostosas para o nosso jantar.

Ella dividiu o peso das sacolas entre as mãos enquanto escutava abismada sua prima louca descrever seu dia, como se a briga monumental que ela presenciou mais cedo nunca tivesse existido.

-Chloe, você enlouqueceu de vez?

-Baby, - a loira lhe deu um sorriso gentil. – eu nunca me senti melhor. Agora, seja uma querida, sim? Eu vou tomar um banho refrescante, enquanto isso você vai descascando as verduras. E depois eu vou fazer uma sopa maravilhosa para nós três. Essa coisinha aqui está me dando uma fome monstra.

A mulher fez um carinho em seu ventre.

-Nós três? – era a primeira vez que ouvia Chloe se referir ao bebê daquela forma. Com carinho. – Isso quer dizer que você decidiu ter o bebê?

Não pôde deixar de sorrir quando a loira lhe deu um lindo sorriso.

-Ah, antes que eu me esqueça. – a loira disse, retirando suas botas e o suéter logo em seguida. – Papai já confirmou a nossa viagem. Saímos no fim de semana antes do dia de ação de graças.

A morena concordou com a cabeça.

Depois que Chloe saiu do banheiro, Ella só conseguiu respostas curtas e vagas sobre a briga com Finn. Chloe estava agindo como se o ruivo nunca tivesse feito parte de sua vida.

Uma coisa Ella tinha certeza, sua prima quando queria, sabia cortar laços com maestria.

[.....]

Aquela semana tinha sido turbulenta. Tinha trabalhado mais que nunca, pois Finn continuava depressivo desde a briga com Chloe. Ele não descia para trabalhar, então Ella teve que ficar na livraria sozinha.

Teve que se dividir entre atender os clientes, buscar comida no restaurante favorito de Finn e praticamente o obrigar a comer antes que o pobre coitado morresse de fome.

Aprendeu que a palavra "Chloe" tinha sido banida do seu trabalho. Toda vez que tentava tocar no assunto, Finn a cortava e até chegou a perguntar se ela realmente queria continuar trabalhando ali. Foi o empurrão que precisou para calar a boca e somente fazer seu trabalho.

Finalmente naquela sexta-feira, após dividir com o ruivo seu êxito no teste de direção, ele esboçou uma reação, e até se animou para cozinhar o almoço para eles em comemoração.

Para a sorte de Ella, ele reagiu bem a tempo dela poder tirar uns dias de férias e viajar tranquilamente com Chloe e tio Harry.

Eles passariam uma semana fora. Tia Hannah, mãe de Chloe, era a típica garota americana. Amava o dia de ação de graças. E mesmo os britânicos não tendo a tradição de celebrar este feriado, aquela era uma tradição que Hanna trouxe para a vida de Harry.

E para honrar a memória de sua falecida esposa, Harry e Chloe, desde muito pequena, viajavam para o interior da Inglaterra, revisitando as cidades preferidas de Hannah. E Ella, desde que foi morar com seu tio, abraçou aquela linda tradição.

Depois que voltasse da casa de Henry, precisaria finalizar sua mala, pois Harry passaria bem cedo para buscá-las.

Já Chloe era outra história, Ella nunca vira sua prima tão ativa. A loira estava trabalhando tanto que mal voltava para casa para dormir. Ela falava que queria ter uma boa reserva antes que o bebê nascesse, mas Ella sabia que Chloe só estava evitando falar sobre o que houve com Finn.

Caminhando apressadamente pela calçada que levava ao seu apartamento, Ella ligou para Charlie para avisar que teria que passar em seu apê para trocar de roupa, e que se atrasaria um pouco.

Eles tinham marcado de pedirem pizza na casa de Henry, para comemorar a sua vitória, e como Charlie estava trabalhando perto da casa de Ella, ele lhe daria uma carona.

Bufou irritada consigo mesma. Naquela tarde, depois do intervalo do almoço, ela conseguiu a proeza de derramar seu mocha de chocolate da Starbucks em sua camisa branquinha.

-Vai ser rápido. – equilibrou o celular no ombro. - Só preciso trocar de blusa e aí você pode vir.

"Ok. Estou terminando uns relatórios. Acho que em vinte, passo por aí. Estou de moto, então chego rápido." disse Charlie do outro lado da linha.

-De moto? Nem fudendo, Charlie. Pensei que você estivesse de carro. Eu não vou subir naquela coisa contigo.

"Não confia em mim, cunhadinha?"

Ella revirou os olhos e sorriu com a risada alta dele.

"Foi mal cunhada. Meu carro quebrou. Henners me emprestou a moto."

-E porque você não pegou um dos carros dele? - disse vasculhando sua bolsa atrás de suas chaves.

"Você acha mesmo que ele me emprestaria a ferrari?" eles riram. Óbvio que não. "Eu até tentei, mas você sabe como ele é com seus carros."

Sim, ela sabia.

Pela janela que dava para a rua notou que a luz da sala estava acesa. Estranhou, pois mais cedo Chloe tinha enviado uma mensagem falando que iria direto para a casa de Maddie depois do trabalho.

-Charlie, espera. Não desliga.

"O que foi?" ele perguntou alarmado.

-A luz de casa está acesa. Acho que tem alguém aqui. - explicou guardando o celular dentro do bolso ainda com a chamada ativada. Abriu a porta silenciosamente.

Parou abruptamente.

A cena que viu fez seu sangue gelar. A bile subiu por sua garganta.

-Ai. Meu. Deus. - falou baixinho.

CONTINUA...

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VOCÊ E EU (HENRY CAVILL)Onde histórias criam vida. Descubra agora