2 - Casa comigo?

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– Eu vou – Mitsuya levantou a mão e sorriu, ele olhou pro menino do tapa olho – Vem também Chifuyu.

– Bora!

– Tá bom – Falei, os dois me seguiram pro que eu imaginei que era a cozinha, e era – Vou pegar os ingredientes.

Abri a geladeira e fui pegando as coisas pra fazer o yakisoba que demorava mais, ia deixar os meninos fazendo isso e faria o dorayaki que era mais difícil ao meu ver.

– Certo, podem cortar os legumes e as carnes pra mim, por favor – Pedi, eles sorriram e pegaram as facas pra cortar.

Fui na direção dos outros ingredientes e comecei a fazer o dorayaki, os meninos riam e conversavam na sala.

– Então Yumeko, por que veio pra Tokyo? – Mitsuya perguntou enquanto cortava cenouras.

– Ah, eu tinha alguns problemas na minha antiga escola, então meu pai e minha madrasta acharam melhor eu vir pra cá – Falei lembrando da menina no hospital.

– Como assim problemas? – Ele continuou, fiquei um pouco em silêncio pensando se contava ou não – Tudo bem se não quiser falar.

– Tudo bem, vocês são amigos do Take, acho que posso confiar em vocês...

Esperei mais alguns segundos pensando em como contaria algo do tipo.

– A minha madrasta, ela já foi abusada sabe? E ela e meu pai acharam melhor que eu aprendesse a me defender – Contei, os meninos pararam de cortar as coisas e viraram ma minha direção, continuei fazendo os dorayaki – Desde que eu era bem nova eles me mandaram pra todo tipo de aulas de luta, e eu gostava muito, mas meus mestres sempre disseram que minhas habilidades eram pra serem usadas somente quando fosse extremamente necessário.

– E o que aconteceu? – Chifuyu perguntou baixo.

Suspirei.

– Eu não era uma garota lá muito popular sabe, meu pai prezava muito pelo conhecimento, então eu estudava muito, lutava, preferia passar meu tempo lendo e estudando do que saindo, e isso era mal visto na minha escola, por que lá as pessoas só se importam com sua popularidade, e pra ser popular você precisa sair pra festas, beber e usar drogas – Falei como se aquilo fosse ridículo, e pra mim realmente era.

– Um dia, um grupo de meninas populares se juntou e começaram a tentar me humilhar, mas eu não me importo sabe? Eu sei que só estavam fazendo aquilo pra suprir uma necessidade interna delas mesmas de reconhecimento, e pra isso precisavam maltratar outra pessoa – Terminei a massa do dorayaki e peguei uma panela pra fazer o recheio de anko – Elas me prenderam no banheiro e tentaram me humilhar, mas não importava pra mim, quando viram que não podiam me atingir daquele jeito, tentaram me bater, e eu me defendi, não ficaria parada deixando elas me agredirem.

– E está certa – Mitsuya apontou, dei um pequeno sorriso.

– O problema foi que uma das meninas veio da direção e eu usei um golpe com ela, mas ela acabou escorregando no chão molhado do banheiro, bateu a cabeça na quina da pia e começou a sangrar, eu me desesperei e corri de lá, quando eu cheguei em casa contei pros meus pais, e logo eles receberam uma ligação sendo chamados na delegacia – Suspirei tentando ignorar minha raiva – Aquelas meninas disseram que eu tinha atacado elas por que tinha inveja, meus pais sabiam que era mentira, mas era a palavra de uma menina contra outras oito, então eles me mandaram pro reformatório.

– Reformatório?! Por causa disso? – Mitsuya disse indignado.

– Acho que os pais das meninas tinham dinheiro, mexeram uns pauzinhos, mas tudo bem, minha mãe ficou sabendo e pediu pra eu cumprir o reformatório aqui, já que era mais seguro pra uma mulher, foi tranquilo, até fiz umas amizades – Soltei uma risadinha – Então eu sai, e disse que não queria ficar estudando lá, minha mãe disse que eu podia estudar aqui, se eu gostasse poderia ficar, meu pai concordou, então aqui estou – Terminei de fazer o anko e fui começar a rechear.

– Uau, você passou por umas coisas bem complicadas – Chifuyu falou.

– Não foi nada – Dei de ombros – Eu realmente não me importo.

– Fazem uma injustiça com você e você não se importa? – Ouvi a voz diferente, olhei para a entrada da cozinha e os meninos estavam ali.

– Eu era uma só, não podia vencer todos sozinha – Liguei o fogo e coloquei uma frigideira, coloquei os dorayaki ali – Meu pai dizia que o fardo dos solitários é ter que resolver seus problemas sozinhos, mas eu nunca me incomodei de estar sozinha, claro que queria ter amigos, mas pessoas que fazem coisas ruins... Não tenho por que me relacionar com pessoas assim, que precisam mostrar que são mais fortes pros outros humilhando ou agredindo – Virei pra eles e dei um sorrisinho – Eu sei da minha capacidade, sei que sou forte, e não preciso provar isso pra ninguém.

Todos ficaram em silêncio alguns segundos, finalizei os dorayaki e mexi a panela com o yakisoba.

– Podem montar a mesa por favor? – Pedi quebrando o silêncio, ouvi a movimentação dos meninos, pratos e hashis foram colocados, copos também.

Terminei tudo e coloquei na mesa o yakisoba, coloquei os dorayaki em um prato e coloquei em frente ao Mikey que já havia se sentado na mesa.

– Espero que goste, faz tempo que não faço esses – Soltei um risinho envergonhada, ele me olhou e pegou um dorayaki, deu uma mordida e parece que seus olhos brilharam.

Ele continuou comendo e assim que terminou todos olhavam pra ele, ele virou pra mim.

– Casa comigo? – Engasguei com a minha saliva e escutei as risadas, fiquei vermelha.

– Talvez outra hora, agora vou tomar um banho e descansar – Falei saindo da cozinha.

– Não vai comer? – Mitsuya perguntou.

– Mais tarde, agora eu realmente preciso de um banho.

Sai da cozinha e quando estava quase entrando no quarto, Takemichi me parou.

– Por que não contou a verdade? – Ele segurou meu braço.

– Porque não quero me achem uma maluca, agora me solta, e não abra sua boca.

Puxei meu braço e entrei no quarto trancando a porta atrás de mim.

Respirei fundo, não sentia o ar entrar nos meus pulmões desde que saí da cozinha, abri os botões da minha blusa branca e passei a mão no peito, tentando puxar o ar que não entrava.

Peguei minha bolsa e puxei o fundo falso, tirei dali um baseado e fui pro banheiro, fechei a porta e acendi.

Levantei minha saia, eu dava uma tragada, e apagava ele em minha coxa, a queimadura me acalmava, me dava algo mais pra pensar do que nas minhas crises, a dor me fazia esquecer, o tal alívio temporário, mas eu não me importava.

Continuei fumando até que estivesse quase dormente, me levantei meio tonta e liguei o chuveiro, fiquei sentada no box de roupas mesmo, enquanto a água caia na minha cabeça.

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Oii pessoas, eu vou tentar postar aqui um capítulo por dia
Os capítulos não estão revisados, então se virem algum erro na escrita sinalizam pra mim!

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Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora