Ele trouxe seus lábios até os meus.
O beijo era macio, calmo, como eu imaginava que Mikey era.
Uma de suas mãos desceu para minha cintura enquanto a outra permanecia no meu rosto.
Subi meus braços colocando ao redor de seus ombros, diminuindo a distância mais ainda.
Nos separamos depois de um tempo, estávamos levemente ofegantes, Mikey manteve sua testa colada a minha, com os olhos fechados.
O que eu havia feito? Não podia ter beijado ele, nem deixado ele me beijar! As coisas não funcionavam assim, eu não podia deixar ele se aproximar, eu iria machucar ele, como sempre faço com todo mundo.
Sai para o lado e apoiei minhas mãos da pia, Mikey me olhava confuso.
– Yumeko, você...
– Não Mikey! – Virei pra ele – Não devia ter feito isso – Engoli em seco o choro que ameaçava sair.
Fui na direção da porta, estava destrancada, corri pelos corredores até meu armário, peguei minhas coisas e saí do prédio.
Fiquei as próximas horas sentada em um banco na frente do colégio, não tinha o número de Hanma pra cancelar a nossa saída, então teria que esperar as aulas acabarem e ele vir aqui.
Talvez duas horas depois, finalmente ouvi o sino que declarava o final das aulas, talvez cinco minutos depois, vi a moto de Hanma, ele olhou ao redor.
Me levantei e fui até ele.
– Oi – Cumprimentei.
– Oi Yumeko! – Ele sorriu, mas logo deu um olhar confuso – Está tudo bem?
– Sim, eu só – Apertei os lábios – Aconteceram algumas coisas, não sei se vou ser a melhor companhia hoje.
Ele cruzou os braços.
– Sobe logo.
Abri a boca e fechei algumas vezes.
– É sério, Hanma, deveria ir se divertir, fizeram uma coisa que não gostei e não tô muito legal – Minha vez de cruzar os braços.
Ele levou a mão até meu queixo e erguer meu rosto.
– O que fizeram?
Suspirei pensando se deveria contar.
– Pode confiar Yumeko – Ele soltou um risinho.
– Um menino – Abaixei a voz – Ele me... Ele me beijou no banheiro, eu não quero essas coisas, então eu sai correndo.
Ele soltou um som irritado da garganta.
– Sinto muito por isso – Ele desceu da moto, me puxou e me abraçou, arregalei os olhos – Esses colegiais são uns idiotas mesmo, se algo assim acontecer de novo, pode me chamar que eu quebro ele.
Sorri um pouco e me afastei.
– Tudo bem, eu sei me defender, eu só travei na hora, não esperava por aquilo.
– Nee-san? – Escutei a voz de meu irmão, olhei pra trás.
– Oi, o que houve? – Virei pra ele, Hanma que antes estava abraçado comigo, passou um braço pela minha cintura.
– O pessoal está esperando você pra irmos pra casa, Mitsuya disse que te dá carona – Ele explicou passando o olhar de mim para Hanma.
– Ela não vai – Hanma disse por mim – Vamos sair.
– Não preciso que fale por mim – Olhei pra Hanma, não queria ser grossa, ele levantou os braços em sinal de rendição, voltei para Takemichi – Eu não vou voltar agora, na verdade, me mande mensagem quando os meninos forem embora, aí eu volto.
– Aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou confuso, passei meu olhar para o grupo dos meninos, Mikey me olhava fixamente.
– Tá tudo bem, eu só vou sair com o Hanma – Avisei com um sorriso, Takemichi mudou a expressão e puxou meu braço, me colocando atrás dele.
Ouvi uma movimentação.
– Você é Shuji Hanma? – Take perguntou nervoso.
– Sou sim, Hanagaki. – Shuji cruzou os braços e sorriu.
– Que merda tá acontecendo aqui? – Perguntei me soltando de Takemichi.
– Ele é o atual líder da gangue Moebius – Baji falou, notei que o grupo todo estava logo atrás de nós.
– Está desatualizado – Hanma sorriu, eu estava sem entender muita coisa – Algumas coisas mudaram agora que um colega saiu do reformatório, não somos mais a Moebius, agora somos a Valhalla.
– E isso muda alguma coisa? Ainda são uns lixos – Draken falou.
– Fala mais perto – Hanma deu um passo na direção dele, e Draken fez o mesmo, instantaneamente corri e entrei no meio dos dois.
– Opa, opa – Abri os braços para afastar eles – Vamos com calma gente, sem brigas.
– Não pretendo fazer isso na sua frente – Hanma mudou completamente a expressão e sorriu pra mim – O convite ainda está de pé.
Abri a boca, mas Mikey me interrompeu.
– Vai mesmo sair com esse cara Yumeko?
– Estão falando isso só por que ele é líder de uma gangue? – Olhei pra eles confusa e irritada – Vocês também fazem parte de uma gangue, eu que não faço parte e não tenho obrigação nenhuma de escolher um lado!
– Mas você é minha irmã! – Takemichi falou meio chateado – Não pode escolher ele ao invés de mim!
Meus olhos ficaram levemente marejados.
– Você fez muito pior Takemichi! – Andei até ele e apontei o dedo em seu rosto – Quando eu precisei, você tava sabe se lá onde! E eu tive que enfrentar meus demônios sozinha! – Uma lágrima escorreu, eu guardava uma terrível mágoa dele – Você sequer me visitou no reformatório!
Senti uma mão em meu ombro, olhei e era Hanma, ele me lançou um o olhar reconfortante.
Levei minha mão até a dele em meu ombro e me virei.
– Vou com você.
Subi na moto logo depois de Hanma, sentia olhares me queimando, mas as lágrimas queimavam muito mais.
– Não me espere – Lancei para Takemichi, logo Hanma acelerou, no susto eu grudei os braços ao seu redor e saímos a toda velocidade.
Percorremos um tempo em alta velocidade, não sabia pra onde estávamos indo, mas por um momento me permiti esquecer de tudo e deixei que Hanma assumisse o controle.
Paramos por fim em uma praia, Hanma parou a moto e eu desci, seguida dele.
– Não sabia o que queria fazer, gosto daqui então achei melhor te trazer pra cá.
– É ótimo – Sorri – Obrigada por isso.
Ele deu de ombros.
Se sentou na areia. me sentei ao lado dele.
– Reformatório então? – Ele olhou curioso, dei um sorriso envergonhada – Não faça essa cara, sou líder de gangue lembra? Tô acostumado.
– É pois é, você não contou sobre isso – Desviei a conversa para ele.
– Você não perguntou.
– E quem chega na hora que conhece alguém e pergunta se ele faz parte de uma gangue?
– Ponto pra você – Ele riu.
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Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers
Fiksi PenggemarCom um passado conturbado, Yumeko finalmente sai do reformatório. Ela vai morar na casa do seu irmão Takemichi e lá descobre que ele tem amigos interessantes. Mas o passado não fica em segredo por muito tempo. Yumeko pode ser doce, tímida e fofa, ma...