2 - Por você

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Acordei algum tempo depois, permanecia cheia de acessos nos braços, minha visão estava embaçada e minha boca seca.

Levei uma mão aos olhos pra tentar melhorar minha visão, voltei a ver as coisas da melhor maneira possível, minha cabeça doía, passei a mão na parte de trás da minha cabeça e havia um curativo grande ali.

Era isso, eu tinha tentado me matar, mas como eu podia ter errado um tiro na cabeça sendo que a arma estava diretamente nela?

Tentei me sentar melhor na cama, já que estava bem deitada, gemi de dor, meu corpo rangia como uma porta velha.

Um médico apareceu, com uma enfermeira do lado.

– Bem vinda de volta senhorita Yumeko – O médico abriu um pequeno sorriso, ele tinha uma prancheta na mão, a enfermeira mexia no soro ao meu lado – Vou te fazer algumas perguntas básicas pra sabermos como está sua cabeça certo?

Assenti em silêncio.

– Certo, qual seu nome?

Pensei um pouco.

– Meu nome de nascença é Hamada Yumeko.

– Ótimo, você sabe em que ano estamos?

– Acho que 2005 – Murmurei.

– Exatamente, você pode nomear seus pais pra mim?

– Minha mãe é Hanagaki Hikari, meu pai é Hamada Ichiro.

– Muito bom – Ele escreveu algumas coisas na prancheta – Vou pedir pra te trazerem comida, faremos mais alguns exames e depois seus amigos vão poder entrar pra te ver.

– Espera, quem? – Perguntei, não sabia se queria vê-los.

– Ah são vários – O médico sorriu – Estão aqui nos últimos meses, sempre cuidando de você, não houve um dia que você ficou sozinha.

– Meses? – Perguntei confusa.

Ele apertou os lábios.

– Você está em coma induzido a mais de quatro meses, foi necessário para sua recuperação.

O ar me faltou, fazia todo esse tempo que eu estava ali, Izana já podia ter matado Mikey, a Tenjiku e a Toman já poderiam ter se destruído enquanto eu dormia.

Ouvi o som da máquina indicando que meus batimentos cardíacos aumentavam.

O médico olhou para a enfermeira, ela pegou uma seringa e injetou algo, fiquei mais calma instantaneamente.

O médico pediu licença e saiu, a enfermeira terminou de injetar medicações e me avisou que me ajudaria com um banho, ela retirou os acessos e pegou uma outra muda dessa roupa de hospital, ela me colocou em uma cadeira de rodas e saímos do quartos eu estava muito grogue, mas jurei que vi no final do corredor, de pé, membros Tenjiku e Toman juntos.

A enfermeira me levou a um grande banheiro, lá ela me ajudou com um banho já que eu não conseguia mal me mover direito sozinha por conta dos remédios, terminado o banho ela me ajudou com a camisola de hospital e a sentar novamente na cadeira de rodas, voltamos para o quarto, e dessa vez, havia uma bandeja com comida.

Sanduíche, biscoitos, frutas, suco e iogurte.

Quase escorreguei na minha própria saliva que escorria da minha boca, parecia que eu não comia a muito tempo, e na verdade era bem provável que sim.

Com ajuda da enfermeira me sentei na maca que foi ajustada para que eu ficasse sentada e comecei a comer, comi tudo que tinha ali, e se pudesse teria comido mais.

– A noite lhe trarei uma janta – Ela sorriu ao dizer enquanto retirava a bandeja – Vou informar a seus amigos que podem vir te ver.

– Espera! – Pedi alto, ela franziu o cenho, engoli em seco – Pode pedir que meu irmão venha primeiro, por favor.

Ela assentiu e saiu.

Aguardei longos minutos, olhava para o sol de fim de tarde que batia na janela a esquerda do quarto, quando ouvi a porta a direita se abrir.

Mas ao invés de Takemichi, vi uma mistura de membros das duas gangues que continham pessoas que eu amava, nenhum olhava feio pro outro, nenhum brigava, Izana e Mikey entraram lado a lado.

Mas franzi o cenho ao ver que meu irmão não estava presente.

– Onde está meu irmão? – Foi a primeira coisa que falei, ele devia estar ali, devia ter sido o primeiro a saber quando acordei.

Todos se entre olharam, sem dizer nada, estavam com expressões de pena, eu me lembrava delas, as mesmas que eu vi quando meu pai e minha madrasta faleceram.

– Onde está... O meu irmão..? – Repeti, com um sussurro, um fio de voz que demonstrava todo o medo que eu sentia, por aquele fio de voz eu implorava que alguém me dissesse que ele estava apenas atrasado, que havia levado uma surra brigando ou que só estava no banheiro.

Hinata foi a primeira a dar passos em minha direção, seu rosto estava inchado e vermelho, e pela primeira vez eu vi seu uniforme amarrotado e seu cabelo desgrenhado.

– Por favor, não... – Implorei sussurrando para ela, minha visão começava a se embaçar com as lágrimas que vinham.

Ela veio até mim e me abraçou, as lágrimas já desciam sem controle pelo meu rosto.

– Sinto muito – Ela disse, e eu sabia que ela sentia, tanto quanto eu talvez, pois Hinata amava Takemichi, ela se afastou – Temos muito que conversar.

– O que aconteceu? – Perguntei pra ela, passei os olhos pelos demais que evitavam meu olhar – O que aconteceu com meu irmão?

Pela minha voz vazava algo como dor, sofrimento e raiva, tudo junto em uma mistura horrorosa que estava me consumindo.

– Takemichi descobriu alguma coisa no futuro – Chifuyu veio pra mais perto falando – Você sabe disso... E ele voltou pra cá, veio ver você e... Disse coisas sem sentido pra nós, estamos tentando entender também... Então ele...

Chifuyu não conseguiu terminar, Draken colocou a mão na cabeça dele como um carinho de irmão, comecei a chorar mais.

– Ele disse que você era a solução, disse que agora entendia, que te passava a missão dele – Foi Mikey quem falou, seus olhos estavam vazios e negros, sua aparência era esquelética, era como se ele estivesse definhando – Então ele subiu pro terraço do hospital e se jogou.

Eu já sabia.

Mas ouvir as palavras ditas em voz alta, era como se colocassem uma faca no meu coração e a girassem pra me torturar.

Hinata me abraçou e eu chorei por longos minutos no seu ombro.

Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora