14 - Segunda chance

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Uma.

Maldita.

Semana.

Depois.

...

Eu fui interrogada tantas vezes que perdi a conta, odiava aquela cadeira de metal, odiava a cara do delegado de polícia, odiava aquele espelho duplo, mas eu apenas suspirava e falava, de novo e de novo.

Eu não conseguia nem sentir raiva, eu simplesmente tinha cansado de lutar de uma vez por todas, nada mais me abalaria.

Em mais um dia na delegacia, eu explicava como conhecia cada um dos indivíduos que haviam morrido naquele terrível dia.

Todas.

As pessoas.

Que eu amava.

Todas elas, sem exceção, chacinadas em uma briga sem sentido, causada de dentro pra fora, por alguém que ninguém poderia imaginar.

Hinata Tachibana.

Eu deixei tantas pontas soltas desde que tudo havia começado que nem me lembrava mais dela, na verdade tudo relacionado ao meu irmão falecido, eu tendia a esquecer.

Mas Hinata não esqueceu, e eu não sei como, mas ela descobriu sobre uma tal primeira linha do tempo.

Ela tramou durante semanas um conflito, e fez as maiores gangues de Tokyo lutarem entre si, mais tarde ouvi um policial comentar sobre ela ser conhecida da família Tetta, do garoto que havia sido assassinado um tempo atrás, e ela virou suspeita.

Talvez se eu tivesse sido uma amiga melhor, procurado mais.

Uma irmã melhor, insistido mais.

Ou tudo de melhor que eu poderia ter sido para todos que eu amava.

Mas nada valeu a pena.

Toda a dor e escuridão que eu guardei para que não machucasse os outros, tudo que eu soterrei em camadas asquerosas dentro do meu âmago, não valeu de nada.

Sai da delegacia e voltei para meu apartamento na moto que me fazia sofrer roda vez que eu ouvia seu som.

Eu não estava comendo muito, uma única pessoa havia sobrevivido aquele massacre e sofria comigo, quem eu menos podia esperar Shuji Hanma.

Juntos, nos afogamos repetidamente nossa tristeza e solidão em muita bebida e muitas drogas.

Fazia tempos que eu não ficava tão magra, acho que estava mais magra do que quando vim morar com meu irmão, muito tempo atrás.

Meu apartamento fedia a cigarro barato, a mesa de centro continha pacotes de diferentes balas, pinos de cocaína e alguns baseados.

A cozinha só continha macarrão instantâneo e garrafas de bebida.

Me joguei no sofá, larguei a bolsa e fiquei ali jogada durante horas olhando para o teto e remoendo minha odiosa existência, ouvi batidas na porta e sem cerimônias Hanma entrou, fez um aceno com a cabeça e se jogou na poltrona ao lado.

– Te chamaram de novo? – Perguntou.

Ergui o olhar pra ele, me sentei normalmente e busquei um pacote com MdMa, coloquei um na língua e depois de engolir falei.

– Mais depoimentos – Suspirei – As vezes acho que querem me destruir.

Uma risada amarga saiu de minha garganta.

– Esquece, já conseguiram.

– Ela foi presa, você sabe? – Contou o mais alto – Disseram que se entregou, depois de exterminar quase todas as gangues de Tóquio, dando só dois tiros.

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