11 - Certo e fácil

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Respirei fundo.

Eu estava cansada disso tudo.

Cansada das lágrimas, de toda essa dor.

Eu sinceramente não me lembrava a última vez que fiquei sem chorar.

E eu estava cansada disso, de uma vez por todas.

Passei as mãos no rosto secando as lágrimas, meu irmão fora o herói bebê chorão, havia nos salvo do que pôde.

Mas eu tinha que ser melhor, do fundo do meu coração eu precisava ser melhor, por todos aqueles garotos maravilhosos que eu precisava salvar.

Empurrei as lembranças que me destruíam para algum canto escuro na minha mente onde eu guardava meus demônios e finalmente falei.

– Ran, consegue encontrar Tetta Kisaki pra mim? – Ele me olhou confuso, procurando algo em meu rosto, suspirou e respondeu.

– Acho que já conhecemos ele... – O Haitani mais velho se virou para Izana – Não é aquele cara de óculos que veio com umas conversas estranhas pra você no reformatório umas vezes? O nome dele era tipo esse.

Izana me olhou duvidoso mas resolveu falar.

– É ele mesmo, quando ela falou eu já imaginava que era ele – O platinado deixou a cabeça pender para o lado, balançando seus brincos – Ele é sorrateiro como uma cobra, muito inteligente e ardiloso, uma vez eu bati nele e disse que ele era fraco – Ele soltou uma risada anasalada – Ele me disse que não precisava de força, por que ia conquistar o mundo com a própria mente.

– O que fazia o futuro nunca mudar, era que meu irmão não sabia quem era seu inimigo – Supus – Ele tentava impedir as mortes, mas não descobriu quem as causava.

– Agora nós sabemos – Mikey não tirava os olhos de mim – O que vai fazer?

– Por que tá fazendo uma pergunta que já sabe a resposta? – Olhei pra ele da mesma maneira.

– Não vou deixar que fique daquele jeito de novo – O loiro se levantou e cruzou os braços diante de mim, Draken se empertigou, esperando uma disputa.

– Não sei do que está falando – Me levantei pra me afastar, precisava sair dali, ele me causava uma sensação que eu não queria sentir ali.

Mikey pegou meu rosto com as duas mãos, fechei os olhos, ele me puxou contra o próprio rosto, eu sentia a respiração quente dele próxima ao meu nariz.

– Acha que eu não me lembro dos olhos que ela tinha?! Da escuridão que ela mostrava? E do abismo que tinha nos seus olhos naquela época? – A voz dele tremia e eu respirava rapidamente – Eu tive muitos pesadelos com aquele dia, com você surtando na nossa frente, com ela saindo, eu vi nos seus olhos, e vi a mesma coisa agora.

– Ela está morta! – Briguei.

– Não, você não matou ela, pegou dela as qualidades que queria, e está fazendo isso de novo – Senti as mãos dele passando pelos meus cabelos – Eu estou aqui agora, será que pode só uma vez confiar que vou estar com você independente do que aconteça?

– Eu só posso ser uma de cada vez – Sussurrei, abri os olhos e engoli o choro – Ou eu sou a garota capaz de matar outra pessoa, ou sou a garota que ama você – Dei um sorriso triste – Não consigo ser as duas, uma sente demais enquanto a outra não sente nada.

– Por que não confia em mim? – Perguntou com uma voz marejada.

– Eu confio – Levei uma mão até seu cabelo e tirei uma mexa de seu rosto – Eu confio até demais, mas você vai me deixar acabar com ele com minhas próprias mãos?

Silêncio.

– Não pode carregar seus demônios e os meus sozinho – Abri um sorrisinho pra ele, aproveitei a distância e deixei um selinho – Vamos conversar quando isso acabar.

Me virei, peguei uma jaqueta que estava em cima da poltrona e fui saindo.

– Haitanis, Izana, Koko – Chamei e fiz um sinal com o dedo em direção a porta.

Todos prontamente se levantaram e me seguiram.

Sai dali e busquei a moto que estava na garagem, eu não costumava usá-la.

Ouvi os outros montarem suas motos em silêncio, dirigi até o único lugar que podia me lembrar, o esconderijo mais próximo da Tenjiku, chegamos lá rapidamente.

Cheguei lá e entrei diretamente em uma das salas de Izana, todos entraram lentamente, alguns nem me olhavam.

– Ainda tem algum contato com ele? – Perguntei olhando para Izana, este suspirou.

– Posso marcar um encontro.

– Não, ele é muito esperto, precisamos encontrar alguém próximo a ele, alguém que possa nos levar a ele.

– Vamos dar uma volta por aí e descobrir se ele tem conexões com outras gangues – Ran falou e Rindou foi indo atrás.

Depois que bateram a porta, olhei para Izana.

– Vai tentar me impedir?

– Vai me ouvir? – Olhou com aquele sorrisinho de lado.

– Provavelmente não.

Ouvi um suspiro da parte dele.

– Você nunca cruzou essa linha.

– Nunca tive raiva o suficiente pra isso.

Me joguei em uma cadeira e respirei fundo de olhos fechados.

– Estou fazendo o certo? – Perguntei com a voz falha, lembrando da expressão no rosto de Mikey.

Koko andou devagar e se sentou no braço da cadeira, levou uma mão a minha cabeça e me fez deitar contra ele, ficou fazendo carinho em minha cabeça, ele não era bom com palavras.

– O certo e o fácil não são a mesma coisa – Izana se sentou na mesa, virado pra mim – Você sabe que está fazendo o fácil não é? Está escondendo tudo, quer matar ele, eu te entendo, prender ele realmente não iria adiantar, ele podia sair um dia e quem sabe o quão pior estaria... Mas talvez, você pudesse deixar que eu fizesse isso – Ele me olhou com os brilhantes olhos lilases.

– Por que eu faria isso? – Me empertiguei na cadeira, até Koko se remexeu.

– Quer matar ele com suas próprias mãos pra ter certeza de que ele não fará mais nenhum de nós sofrer, não está fazendo por você, está fazendo pelos que ama.

Desviei o olhar.

– Te conheço melhor do que você acha, confia em mim? Confia que eu faria o necessário por você? Eu sei que não quer matar, mas eu não me importo de fazer isso por você, é minha irmãzinha – Passou uma mão em meus cabelos.

– Eu confio, mas como posso por um fardo desses nas suas costas? – Engoli a bola de choro – Você não deveria, é minha luta!

Ele sorriu, um sorriso muito lindo, mas que parecia uma despedida, quando franzi o cenho finalmente sentindo dúvida, senti uma picada em meu pescoço.

Me afastei e vi uma agulha nas mãos de Kokonoi.

– Me desculpe, meu amor, é pro seu bem.

Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora