6 - Vingança

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Uma vez vi em um filme alguém falar sobre os estágios do luto.

Era a negação, a raiva, a negociação, a depressão e a aceitação.

Mas como eu vi dizerem nesse filme, vou acrescentar meu próprio estágio, a vingança.

Dois dias depois eu me encontrava no apartamento que Izana havia me dado um ano atrás, eu não ficava muito nele, só quando queria ficar sozinha.

Mas hoje eu estava acompanhada.

Um conjunto de membros da Tenjiku e da Toman estavam pelos cantos do lugar.

A única coisa boa que veio do meu coma, foi a união desses dois grupos separados.

Muita coisa foi descoberta, como o fato de Izana não ser irmão de sangue dos Sano, mas estes ainda o tratavam como um.

Mikey estranhava Kokonoi, pois já havia notado que eu e ele havíamos tido alguma coisa em determinado momento.

Mas dois anos são muita coisa, e Koko se tornou importante pra mim.

Os haitani evitavam contato com o grupo, ficavam no canto deles, Ran com whisky e Rindou com doces.

Mitsuya e Chifuyu assumiram a missão de não me deixar sozinha em nenhum momento, e de descobrir um gatilho para eu ir pro futuro.

– O Naoto? – Perguntei confusa, estava na bancada da cozinha comendo um dorayaki que Mitsuya tinha acabado de fazer, e Chifuyu explicava o que sabia sobre as viagens do meu irmão.

– Não sei por que também – Ele passou a mão no cabelo – Talvez por que era de interesse dos dois que a Hinata fosse salva.

– Então o gatilho é alguém que me ajude a salvar vocês no futuro? – Perguntei.

– Não necessariamente, pelo que entendi – Mitsuya falou – Pode ser qualquer coisa, acho que você vai ter que sair apertando a mão dos outros por aí, qualquer um de nós pode ser.

Me levantei e apertei a mão dele quando ele não via, ele saiu rápido em um pulo.

– Ainda não! – Brigou e passou a mão no rosto, cansado – Precisamos de um plano primeiro.

– Que plano? Eu preciso ir lá e descobrir o que tá acontecendo, e o que tenho que mudar, encontrar o Naoto do futuro pra continuar a busca do Takemichi.

– Mas dá última vez você morreu... – Chifuyu me olhou meio marejado – E se nada mudou e você ainda está morta? Não conseguiria voltar pra cá, perderíamos a vantagem da viagem no tempo.

Apertei e boca e dei um sorrisinho.

– Meu irmão fazia isso sozinho pra poder salvar todos nós, então eu também farei, é um risco que escolho correr pra que a gente pare de sofrer.

Os dois ficaram em silêncio me olhando.

Era a verdade, alguém estava fazendo a gente sofrer, eu ia descobrir quem era, e iria matá-lo.

Isso obviamente não resolveria tudo, pois meu irmão ainda estava morto, assim como meu pai e minha madrasta.

Passamos o resto do dia resolvendo isso, o que eu faria e com quem falaria se conseguisse ir pro futuro.

No final da noite o grupo estava sentado todo na sala, comendo e bebendo enquanto cada um sugeria algo.

Minha mente brilhou com as imagens que eu vi do meu futuro, aquilo doía tanto, ver tudo que eu havia feito com cada um deles...

Soltei um soluço involuntário enquanto segurava o choro, todos pararam de conversar e olharam pra mim preocupados.

– Está tudo bem, eu só... – Não consegui terminar e enterrei o rosto nas mãos, levantei depois de respirar fundo, mas as lágrimas ainda desciam – Se nada disso der certo, eu quero pedir desculpas.

– Desculpas pelo que? Você não fez nada, estamos aqui pra te ajudar – Mitsuya falou baixo.

– É que... Vocês não tem noção do que eu vi – Virei o olhar para Mikey – Tem noção de que no futuro nos fizeram virar um contra o outro? Alguém te convenceu de que estávamos contra você, e você nos caçou, e quando você me encontrou nós lutamos e durante a briga eu atingi você...

Tentei secar o rosto com as mãos.

– Imagina como é eu saber, eu lembrar e ver diariamente que em algum ponto da minha vida eu matei uma das pessoas que eu mais amo? Por culpa de algum idiota que quer nos manipular!

Senti uma movimentação, alguém sentou ao meu lado e me abraçou.

Eu conheceria o cheiro dele em qualquer lugar.

– Me desculpe – Falei contra o peito dele.

– Estou aqui – Ele murmurou e soltou uma longa respiração – Sempre vou estar.

Depois de alguns segundos eu levantei o rosto pra ele.

– Prometo que vou te salvar – Sussurrei – Vou salvar todos, não vou deixar que nada do que eu vi aconteça, não de novo.

– Acreditamos em você – Ele me apertou mais um pouco e se afastou.

– Está tudo bem – Respirei fundo e soltei um sorriso breve – O que faremos agora?

– Descobrir seu gatilho – Chifuyu falou – É o que eu disse, o gatilho do Takemichi era o Naoto, por que a primeira vez que ele voltou, era pra salvar a Tachibana, e os dois tinham essa vontade, de salvar a Hinata.

– Mas todos nós queremos salvar... – Draken murmurou – Salvar todo mundo.

– Então acho que terei que apertar a mão de todos, aquele que mais tiver essa vontade junto comigo, vai ser o gatilho – Pensei em voz alta e me levantei, os meninos levantaram junto.

Kokonoi veio pra minha frente rapidamente.

– Vá pro futuro e veja se até la eu já te pedi em casamento – Ele colocou a língua pra fora, me senti meio vermelha, mas apertei a mão do garoto.

Nada aconteceu, ele fez um olhar meio triste, que mudou rapidamente pra deboche.

– Eu tentei – Deu de ombros e voltou a se sentar, eu sabia que talvez ele tivesse se afetado, mas não demonstraria, ainda mais ali.

O próximo foi Mitsuya.

– Acho que não vou ser eu, não temos lá essa ligação mas... – Ele estendeu a mão – A tentativa é válida – Ele sorriu.

Apertei sua mão, nada aconteceu.

Ele fez uma careta como de desculpas, abri um sorrisinho pra ele.

Depois veio Ran, ele veio em silêncio, apertou minha mão, nada aconteceu e ele virou o copo de whisky, Rindou veio logo atrás, apertou minha mão e quando nada aconteceu ele soltou um suspiro.

– Que nervoso – Abriu um risinho.

Soltei uma risada.

Chifuyu veio na minha direção olhando nos meus olhos, ele estava com os olhos marejados, parou na minha frente.

– Eu perdi muitos amigos... Perdi meus dois melhores amigos, e te perdi também em um momento, e tenho medo de como vai ser quando você for pro futuro, quem vai ficar aqui conosco sabe? Mas é necessário... – Um suspiro pesaroso saiu de seus lábios, ele levantou a cabeça e com o rosto umido, pegou minha mão.

Instantaneamente senti um choque percorrer meu corpo.

– Salve a todos, nossa heroína.

A última coisa que vi foi o sorriso em meio a lágrimas do garoto.

*****

Eu viva gente
Desculpa a demora, amo vcs

Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora