9 - Tigre

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Se passou uma semana.

Evitei os meninos ao máximo.

Na aula eu ficava focada no que era passado, no intervalo permanecia de fones.

Em casa Takemichi me fazia tomar café da manhã, Draken e Mikey apareciam para o almoço e janta e me obrigavam a sentar na mesa e comer junto com todos.

Estava odiando, preferia o reformatório.

Em falar nisso, descobri que um amigo que eu havia feito lá tinha acabado de sair, ele havia me mandado mensagem, e combinamos de nos encontrar no festival.

No dia anterior ao festival, notei Takemichi nervoso, ele havia aparecido com alguns machucados, disse que foi uma briga da gangue, ajudei ele a limpar tudo e não falamos mais sobre isso.

No dia do festival recebi uma mensagem do meu amigo, estava no intervalo quando ele me ligou, tirei os fones e atendi.

– Achei que não iria me atender! – Ele falou do outro lado.

– Você é muito dramático, eu estou na escola, não posso falar muito agora.

– Onde está estudando? – Ele perguntou.

– No único colégio de shibuya, moro com meu irmão agora lembra?

– Sei... Vou te buscar.

– O que? Tô no meio do intervalo!

– Idai? Não vai se complicar se sair só um dia.

– Ah, não sei...

– Pois eu sei, qual sua sala? Daqui a pouco apareço aí.

– Sala 82, corredor 4.

– Certo, estou indo.

– Aí, vou juntar minhas coisas então – Me levantei da mesa rindo.

– Até, bela Futari.

– Fazia tempo que eu não ouvia isso – Ri um pouco – Até logo, watashi no Tora.

– Adoro quando me chama assim.

Sorri pro nada e fui indo para o corredor.

Ele desligou o telefone, fui para minha sala e juntei minhas coisas.

Quando estava quase saindo, ouvi uma movimentação do lado de fora, fui ver o que era e alguns colegiais estavam jogados no chão.

Dei risada ao ver ele acima de um colegial, ele me viu e sorriu, seu brinco fez um barulinho que eu amava.

– Minha bela Futari! – Ele veio em minha direção e me abraçou, ele me levantou tirando meus pés do chão – Estava com saudades!

– Eu também! – Abracei ele mais apertado, me soltei um pouco – Mas não precisava dessa comoção toda.

– Ah eles não queriam me deixar entrar, tive que entrar do meu jeito.

Ri com ele e me desvencilhei.

– Pra onde vai me levar? – Perguntei, ele passou o braço pelo meu ombro e começamos a andar.

– Só pra dar uma volta, quero te apresentar uns amigos.

– Tudo bem – Sorri e fomos andando.

Quando estávamos no pátio, quase saindo, ouvi a voz de Mikey e amaldiçoei mentalmente, me virei, logo atrás de nós estava o grupo completo, Takemichi, Mikey, Draken, Baji, Mitsuya e Chifuyu.

– Kazutora.

Mikey parecia muito irritado.

– Olá Mikey – Ele deu um sorrisinho.

– Você os conhece Tora? – Olhei para ele, tínhamos apelidos entre nós, eu chamava ele de Tora (Tigre).

– De alguns anos atrás – Ele comentou, não tirou o braço dos meus ombros em nenhum momento – Lembra da história que te contei sobre por que fui pro reformatório?

Meus olhos se arregalaram, olhei para Mikey me lembrando da história sobre uma moto, uma loja, e um corpo.

Era o irmão de Mikey que Kazutora havia matado aquele dia.

– Entendi – Murmurei um pouco triste.

– Yumeko vem pra cá – Draken falou, franzi o cenho pra ele.

– Por que? Eu e Tora vamos sair.

– Você vai mesmo sair com esse cara? – Mitsuya parecia em alerta.

– Como se conhecem? – Takemichi perguntou, resolvi responder apenas ele.

– Estávamos no mesmo reformatório, eu saí antes dele, ele saiu a pouco tempo, então vamos matar a saudade, só isso, não precisa de alarde.

– Você sabe o que ele já fez, Yumeko? – Draken agora estava levemente irritado.

– E vocês sabem o que eu já fiz?

Todos ficaram em silêncio, soltei um riso anasalado.

– Imaginei – Olhei pra Kazutora – Vamos?

– Vamos minha bela Futari.

Recomeçamos a andar, mas senti uma mão em meu braço, olhei e era Takemichi me puxando.

– Que droga você tá fazendo?! – Rosnei pra ele.

– Foi ele que fez você perder o controle lá dentro não foi? – Franzi o cenho pra ele, comecei a me irritar, puxei meu braço de seu aperto.

– Do que tá falando? A única pessoa que me ajudou lá dentro foi Kazutora! – Fiquei mais próxima do mesmo – Se eu sobrevivi aquilo foi por que ele estava lá comigo e não me deixou definhar!

– Quando você perdeu o controle lá dentro, mamãe foi ver você, e ela disse que quando te chamava pelo nome, você brigava e dizia que seu nome era Futari – Takemichi explicou e eu estava começando a ficar com dor de cabeça – Era ele que estava fazendo você ficar daquele jeito não era?

– Eu era muito fraca, Takemichi – Mordi o interior da boca – Se fiquei forte, foi por que ele me ajudou – Dei uma risada irônica, mesmo com meus olhos marejando – Como eu disse, você não estava lá!

Me virei e comecei a andar puxando Kazutora pela mão.

Do lado de fora do colégio, avistei uma moto pintada como se fosse as listras de um tigre.

– Muito original – Sorri pra ele.

Ele riu e subiu na moto, subi atrás dele e ajeitei a saia.

– Rápido? – Ele me olhou por cima do ombro.

– O máximo que puder.

Ele se virou para a frente e acelerou.

Meu cabelos estavam voando e eu respirava rapidamente.

Como podiam querer que eu vivesse sem isso?

Meu outro lado começou a falar mais alto, me soltei de Kazutora e fiquei com os braços abertos, o vento me atingia, a sensação era indescritível.

Era como correr e voar ao mesmo tempo.

Essa sensação era sentida a cada milésimo de segundo, a cada piscar dos meus olhos e a cada batida do meu coração, que rugia junto com o ronco do motor.

Depois de alguns minutos chegamos a um bar, Kazutora parou e eu desci.

– Senti falta desse seu sorriso.

Ele passou a mão no meu rosto.

Eu e ele não tínhamos nada, ele era apenas um grande amigo.

Mas foram várias as noites que eu sonhei que um dia me casaria com ele.

Quem sabe talvez eu deva.

Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora