20 - Izana Kurokawa

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– Me desculpem! – Gritei para o nada, as lágrimas escorriam – É culpa minha! Se eu tivesse tido mais controle! Se eu fosse mais forte!

Soluçei, chorei alto, senti gotas geladas e notei que o tempo fechava.

– Foi minha culpa virem pra Tokyo, eu deveria ter sido uma filha melhor! Deveria ter ouvido mais e feito o que mandavam! Provavelmente não estaríamos aqui...

Briguei e briguei com o vento, a chuva começou a cair mais forte e me encharcou, ignorei e me mantive odiando a minha existência e querendo morrer.

Derrepente a chuva parou de me molhar, olhei pra cima e vi um garoto de sobretudo preto, ele também tinha um guarda-chuva no qual agora eu estava embaixo.

– Vai adoecer assim – Ele falou.

– Melhor assim... – Murmurei.

Ele apertou os olhos, notei que eram violetas, assim como seu cabelo era branco, ele era definitivamente albino.

– Você é curioso – Briguei e voltei a minha posição segurando meus joelhos contra o corpo – Vai me dizer que é mais uma dessas pessoas que nem conheciam meus pais que vai me desejar seus sentimentos mesmo que não faça nenhuma diferença na sua vida?

– Não, só vim visitar meu irmão mesmo – Ele sinalizou para um túmulo a frente, ele estava virado pro lado contrário contrário meu, então não podia ver o nome nele – E aí vi Futari gritando com o vento.

– Esse não é meu nome! – Gritei pra ele, este apertou os olhos e se agachou ao meu lado.

– Tinha dois subordinados meus naquela luta, eles viram você lá e me contaram muita coisa – Ele deu um sorriso ladino, mínimo – Gostei de você.

– Aquela não era eu! Era essa maldita coisa dentro de mim! – Recomecei a chorar – Eu nunca quis machucar o Mikey ou nenhum dos meninos... E agora que eu tentei fazer a coisa certa, meus pais...

Senti uma mão no meu cabelo, levantei o olhar e o garoto albino olhava pra mim como se me entendesse.

– Venha, vamos trocar essas roupas e eu te levo pra comer algo, deve estar com fome – Ele se levantou e pendeu a mão em minha direção.

– Não estou com fome.

– Você está magra como um palito, entendo que o padrão da nossa sociedade é esse, mas você tem que comer certo?

– Não faço isso por padrão, simplesmente não sinto fome – Soltei um suspiro pesado – Só consigo sentir dor...

Ele pareceu se irritar, pegou meu braço e me levantou.

– Você disse que queria ter sido mais forte! Então seja! Não fique reclamando da vida! Ela é ruim e nada vai mudar isso, você tem que encontrar o ponto onde possa usar essas coisas ruins a seu favor – Ele me puxou pra perto dele para que ficasse embaixo do guarda-chuva e passou a mão para minha cintura – Vamos, devo ter roupas no meu carro.

Apenas engoli em seco, não estava em posse das minhas faculdades mentais totais para seguir pensar em ir contra.

Andamos até um carro preto na entrada do cemitério, no volante tinha um rapaz de cabelo loiro, ele franziu o cenho na minha direção e olhou para o albino.

– Senhor? – Ele perguntou.

– Tudo bem Inui, vou ajudar a garota – O albino abriu a porta do carro pra mim entrar, não hesitei, estava congelando.

Ele foi fazer alguma coisa no porta malas e entrou do outro lado do banco de trás com um casaco vermelho longo, atrás dele tinha um símbolo de Yin e Yang.

– Vista isso, se não vai congelar – O albino me deu o casaco, tirei meu blazer e coloquei o casaco vermelho, era confortável e bonito.

– Pra onde vamos? – O garoto que estava no volante, Inui, perguntou.

– Vamos pro esconderijo, tenho uma proposta pra minha nova amiga aqui – Franzi o cenho e olhei pra ele.

– Esconderijo?

– Você vai ver.

Resolvi não contestar, tava na cara que eu estava com problemas agora.

Nós andamos por alguns minutos e chegamos a um galpão, parecia abandonado mas ainda sim estava cuidado ao mínimo.

Os dois desceram do carro, e Inui abriu a porta pra mim, desci também e fiquei atrás de Izana que andava para a entrada, o outro estava atrás de mim.

Izana abriu a porta do galpão e entrou, lá era mal iluminado, mas era grande, haviam vários sofás com homens jogados neles.

Um garoto de cabelo preto raspado na lateral apareceu, ele parecia um gato, ou talvez uma raposa.

– Senhor! Já terminei aqueles papéis que havia me pedido, os Haitanis estão esperando na sua sala e – Ele notou minha presença, me olhou de cima a baixo, me senti intimidada – Esse é meu uniforme?

Abri a boca mas não tinha o que dizer.

O albino colocou uma mão no ombro dele.

– Ela tinha se molhado na chuva, dei o casaco pra que ela não ficasse doente – Ele falou com calma, o garoto do cabelo preto mordeu o lábio – Chame os Reis para meu escritório, já vamos pra lá.

Ele assentiu, eu podia sentir sua raiva direcionada pra mim.

O albino me direcionou para uma sala no final do galpão, lá tinha uma cadeira atrás de uma mesa de escritório e várias outras cadeiras ao redor da sala, tinha uma porta no canto direito e ele me guiou até lá.

Pegou uma bolsa atrás de sua mesa.

– Tem uma muda de roupa minha aqui, uma calça e uma camiseta, tire essa sua roupa molhada – Ele me entregou a bolsa e abriu a porta para um banheiro.

Não falei nada, entrei lá e fiz o que ele disse. A muda era uma calça preta mais larga e uma camiseta branca, preferi ficar sem o casaco, iria lava-lo e entregar ao garoto pra que ele nO se irritasse comigo.

Sai da sala e haviam vários homens na sala, paralisei ali, o albino estava na cadeira atrás da mesa, claramente o líder.

– Então, Futari... – Ele se levantou – Seja muito bem vinda a Tenjiku, eu sou Izana Kurokawa e tenho uma oferta pra você.

Ainda dava tempo de fugir?

Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora