29 - Promessas

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– Haitanis! – Gritei, eles passaram pelos garotos e vieram até mim, Rindou soltou meus braços e eu me levantei, a expressão dos dois era de ódio – Preciso que façam o que me prometeram.

Um silêncio mortal veio deles.

– O que está dizendo? – Rindou perguntou baixinho.

– Que eu falhei – Sequei meu rosto – Eu nunca poderei salvá-los, então preciso que façam o que prometeram.

– Como pode saber disso? – Ran perguntou com um olhar de raiva.

– Eu só sei – Engoli o choro – Vocês prometeram!

Os irmãos se olharam, eles faziam isso, conversavam pelo olhar.

– Do que estão falando? – Kokonoi chegou mais perto – Que promessa é essa?

Cheguei perto de Koko, eu gostava do jeito bruto que ele usava pra esconder quando algo importava pra ele. Ele havia passado por muito no passado, perdera a pessoa que mais amava, então perseguiu a única coisa que lhe restou quando ela se foi, o dinheiro.

Mas entre nós isso nunca valeu, Koko não havia gostado de mim no início mas ele praticamente criou a nova eu, Rindou deu o nome mas Yuiitsui foi obra de Kokonoi, o modo de falar, de andar, de agir, de se vestir, tudo foi ele.

Já a sua frente passei a mão no seu rosto, ele sempre me pareceria um gato preto, ou uma raposa, não ardiloso, mas inteligente.

– Sabe que amo você, certo Koko? – Sorri com os olhos molhados – Você fez de mim quem sou, assim como Izana, Ran, Rindou, até Inui e Kakuchou, vocês estiveram lá e tomaram tudo de ruim que eu tinha pra vocês, e transformaram em algo grande e belo.

Me virei pros irmãos Haitanis, Ran já tinha na mão o pequeno bastão que usava.

– Mas se algo não tem utilidade, deve ser descartado – Olhei para Izana – Você me disse isso, e agora estou dizendo que não tenho utilidade e estou pedindo – Voltei o olhar para os irmãos – Por favor, me matem.

Ninguém se movia, e os irmãos não pareciam dispostos a fazer o que me prometeram.

Mas Izana sempre andava armado.

Fui até ele lentamente e sorri.

– Obrigada por tudo meu Rei, mas sua Dama se despede.

Enfiei a mão em seu uniforme e tirei a arma dali, apontei para minha cabeça, ouvi os gritos antes de puxar o gatilho.

E tudo ficou escuro.

3 meses depois...

Levantei da cama com muito cansaço, minha manta estava em volta de mim, a deixei na cama e fui para o banheiro, joguei água gelada no rosto.

Me olhei no espelho, eu estava mais magro, meus olhos estavam fundos pelas noites mal dormidas, eu estava com uma cara de cansado e acabado.

Voltei para o quarto e coloquei uma roupa qualquer, uma calça preta, uma regata branca com uma camiseta preta por cima, calcei chinelos e sai.

Na cozinha, Emma limpava alguma coisa, não sabia onde meu avô estava, provavelmente no Dojo.

– Já vou sair – Avisei a minha irmã.

Emma se virou e fez uma expressão triste, mas logo colocou um sorriso.

– Leve isso – Ela me entregou um pacote – Tem dorayakis, coma quando chegar lá.

– Obrigado – Sorri e dei um beijo na sua testa.

Sai de casa e caminhei pela cidade, em alguns minutos cheguei ao hospital.

A recepcionista já me conhecia, óbvio, eu passava o dia todo aqui, e nunca estava sozinho, tinha companhia dos meninos da Toman e da Tenjiku que estavam aqui sempre.

Eu e Izana estávamos nos resolvendo, apesar das brigas anteriores, ele ainda é muito fechado, mas eu disse que eu e Emma estaríamos de braços abertos pra ele.

Os Haitanis são duvidosos, não confio muito neles, mas parece que amam muito Yumeko...

Ou como a chamam agora, Yuiitsui.

Eu entendo ela ter feito as coisas que fez, eu também já fiz coisas horríveis, e tudo bem, todos demônios com os quais lidar.

Eu nunca a teria deixado e achava que ela soubesse disso.

E eu sabia que ela nunca havia nos deixado, ela podia pintar o cabelo, usar roupas diferentes e até agir diferente, mas sempre que eu entrava na lanchonete pra comer com Draken, eu a sentia comigo, até que a vi do outro lado da rua.

Comecei a prestar atenção, e lá estava ela, todos os dias.

Os meninos também viram alguém com aquela aparência por perto algumas vezes, eles só não tinham notado que era ela.

Mas eu sempre a reconheceria.

Entrei no quarto do hospital, Kokonoi estava em uma poltrona lendo um livro, Mitsuya desenhava em um caderno deitado no sofá.

– Bom dia – Cumprimentei, um deles deveria ter passado a noite aqui, eu que geralmente ficava, mas ontem me obrigaram a ir pra casa descansar.

– Bom dia – Responderam.

– Querem dorayaki? – Perguntei, Mitsuya franziu o cenho, ele sabia que eu nunca deixava alguém ficar com meus dorayakis, a menos que eu estivesse mal demais até para comer.

– Vou comer na lanchonete – Kokonoi se levantou e saiu.

Silêncio se fez alguns segundos, andei até a cama onde se encontrava... Yuiitsui.

Ela quis esse nome, eu deveria honrar a ele e seu significado pra ela.

– Bom dia – Passei a mão no cabelo dela, estava mais longo, a raiz precisaria ser retocada logo – Como vão as coisas com você? – Ela não dizia nada, era óbvio.

Ela estava em coma.

Aquele dia foi um dos que mais senti medo na vida.

Quando ela pegou aquela arma de Izana e mirou na própria cabeça, eu quase travei, mas algo fez eu me mover, corri e a empurrei, a bala passou de raspão na sua cabeça, mas ainda fez estrago.

Há 3 meses ela estava em coma induzido para poder se recuperar.

– Sabe... Você deveria acordar – Sorri triste – Kokonoi vem estudando medicina pra entender seu caso acredita? Não achei que ele estudaria sobre algo mais que dinheiro – Funguei – Takemichi tem ficado muito aqui, mas hoje não está por causa da Hina, e Mitsuya – Olhei para ele – Está fazendo uma linha de roupas só pra você.

Uma lágrima desceu.

– Então você poderia acordar logo e ver tudo isso – Engoli em seco – Eu já te contei de Izana, certo? Não estamos mais brigando, por você, e os Haitanis te amam tanto, que as vezes quero bater neles e dizer que nunca vão te amar mais que eu.

Ela continuou em silêncio.

– Não importa quanto tempo passe, eu vou continuar aqui.

Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora