8 - Fogo Cruzado

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Voltei para o quarto que estava antes.

Descobri nesse meio tempo que o grupo todo morava aqui junto, em algum lugar escondido a base das montanhas, longe de tudo e todos, esperando que o sofrimento acabasse.

Mitsuya tinha ido comigo até o quarto, ele se despediu dizendo que traria uma bandeja de comida mais tarde, apenas assenti.

Não queria ficar sozinha, cada segundo de solidão me lembrava daquele lugar e eu rezava pedindo que Chifuyu chegasse logo e eu pudesse voltar.

Eu conseguia sentir tudo que eu passei no meu corpo e doía tanto, mas tanto que meu primeiro pensamento foi a morte.

Ouvi uma batidinha na madeira da porta de correr, mumurei um entre e a porta foi aberta, revelando Kokonoi.

Uma olhada diferente e ele pareceria um fantasma com esse cabelo branco.

– Como está? – Foi a primeira coisa que disse.

– Se eu disser que o pensamento de morte me passou na cabeça repetidamente, vai brigar comigo? – Olhei pra ele, eu estava sentada no centro da cama com as pernas apertadas contra o corpo, meus braços envolviam minhas pernas, apertando-as.

– Vou – Ele se aproximou lentamente – Veja, você ainda não casou comigo – Cruzou os braços fazendo uma expressão de indignação – Acho isso ridículo.

– Um dia quem sabe Koko – Abri um sorrisinho triste – Mas em outro futuro.

Ele suspirou.

– Está linda com esse cabelo sabia? Parece até que faz par comigo – Ele riu.

– Aliás, quando eu pintei o cabelo? – Perguntei, não me imaginava pintando o cabelo em meio a toda essa loucura.

Koko abriu a boca, mas não falou nada, ele apertou os lábios.

– Não pintou – Explicou breve – Foi pelo que você passou lá – Um suspiro baixo – Tudo que aconteceu... Você desenvolveu uma síndrome, não sei o nome certo, mas é apelidada de síndrome de Maria Antonieta... Tudo o que passou deixou seu cabelo assim, o estresse e... Tudo mais.

Passei uma mão no cabelo, era bonito, mas representava tudo o que eu passei nesse futuro.

– Quando ele chega? – Perguntei, me referindo a Chifuyu.

– Logo, está vindo de outra cidade.

– Ele deve estar triste sem a gente – Murmurei.

– Ele sabe que é necessário, e está com Naoto.

Silêncio.

– Então o nome dele é Kisaki.

Falei sentindo a raiva me corroer.

Mais silêncio.

– Eu vou matar ele – Olhei para Koko – Vou encontrar ele no passado e vou matar ele, por tudo que passei, por tudo que passamos.

– Não se destrua, certo? – Ele chegou mais perto da cama e sentou na beirada – Foi tão difícil trazer você de volta e eu não quero mais te perder, espero não me lembrar disso quando nos vermos no passado, todo o medo que eu senti, o medo de te perder... Não quero nunca mais uma sensação dessas.

Kokonoi era certamente a pessoa com quem eu deveria ficar um dia, mas meu coração me traia em busca de um garoto baixinho e com tendências obscuras.

– Koko, eu... – Ia dizer a verdade a ele, mas ouvi um estrondo, como uma bomba, e logo tiros, levantamos os dois em um salto, pulei da cama para o chão mas minhas pernas fraquejaram.

– Não faça isso! – Ele brigou e veio na minha direção – Suas pernas foram quebradas, não pode forçar elas.

– Que se dane as pernas! Temos que ver o que está acontecendo! – Briguei com ele e saí em sua frente mancando.

Abri a porta de correr pra sair e bati contra o peito de alguém, olhei e era Manjiro, era curioso o fato de que ele estava mais alto que eu agora.

– Nos descobriram, temos que fugir – Ele falou, havia uma arma em sua mão, estremeci, ele notou – Está tudo bem, vamos te proteger.

Manjiro foi indo a frente, Koko estava logo atrás, ouvia gritos, ordens, sons de tiros e mais coisas explodindo, demos de cara com Mitsuya, ele se juntou a nós, também tinha uma arma na mão.

Chegamos ao lado de fora, era um campo verde e brilhante, e atrás de nós a grande casa pegava fogo.

O céu azul era manchado por uma nuvem cinza de explosão.

– Precisamos esperar o Ken, ele está com o Chifuyu – Mitsuya avisou.

– Só atacaram depois que ele chegou – Manjiro falou sozinho – Deviam estar de olho nele pra chegar até a gente.

Um suspiro pesado do homem a frente.

Então uma voz que me causou arrepios foi ouvida.

– Estão com algo que me pertence – Ele tinha uma arma na mão, usava óculos, e perto dele havia outro homem, esse eu reconhecia, com o cabelo com mechas loiras, óculos, e tatuagens conhecidas nas mãos – Vim pegar meu brinquedo de volta.

Estremeci, Kokonoi ficou na minha frente, Manjiro e Mitsuya a frente de nós.

– Não tem nada seu aqui, se não for embora meto uma bala na sua cabeça Kisaki, não é de hoje que quero fazer isso – Manjiro falou, sua voz era tão brava e exalava aquela aura negra que ele só mostrava em momentos assim.

– Não vai rolar senhor Invencível – Kisaki debochou – Vocês me causam problemas desde o colégio, mesmo sendo o maior entre os maiores, vocês ainda me dão dor de cabeça, então é melhor acabar com isso de uma vez, assim como acabei com seus amigos lá dentro.

Raiva me invadiu ao mesmo tempo que dor e desespero, eu sentia tudo junto, e meu corpo travou com a dúvida entre sucumbir ao desespero, ou me entregar a raiva.

Eu fui pela raiva.

Andei e peguei a arma da mão de Manjiro, atirei sem nem piscar, atingi o ombro dele, Kisaki soltou um berro de dor e Hanma ficou na frente dele com a arma apontada pra nós.

Alguns flashes de memória me invadiram e vi momentos que Hanma me ajudou lá dentro mesmo contra toda a organização.

– Respeito o que fez por mim – Falei pra ele – Mas se não sair da frente vou atirar em você também – Vi que ele engoliu em seco – Não fique nesse fogo cruzado.

Hanma olhou por cima do ombro onde Kisaki estava caído quase espumando de raiva, voltou o olhar pra mim e levantou os braços em rendição, fiz um sinal para que fosse para o lado, ele saiu da frente me dando a mira perfeita para Kisaki.

Mas ainda não era a hora de matá-lo, não aqui.

Não nesse futuro.

Vi Chifuyu correndo na nossa direção ao fundo.

Yuiitsui 卐 Tokyo Revengers Onde histórias criam vida. Descubra agora