9 - Pare de fingir

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– Corre! – Mitsuya gritou para Chifuyu.

Draken estava com ele e correu junto mirando em Hanma, corri e fiquei na frente dele.

– Não! – Gritei, senti a dor antes de ouvir o som, Kisaki havia atirado em mim.

Quando ia cair no chão, Hanma me segurou e me colocou sentada, ouvi mais sons de tiros, pelo canto do olho vi Kisaki morto.

Um quê de alívio me invadiu, eu ainda precisava voltar e matar ele em outra época pra que nada disso acontecesse, mas era um alívio não ver mais ele vivo do meu lado.

Logo os demais apareceram na minha visão, Manjiro e Koko a frente, com rostos preocupados, Mitsuya pressionava o ferimento na minha barriga tentando não entrar em pânico.

– Vai ficar tudo bem... – Manjiro e Koko murmuravam entre si, talvez com mais medo que eu.

– Me desculpem – Pedi, eu sempre pedia – Eu nunca consigo fazer as coisas direito...

Estava fraca, onde estava Chifuyu?

– Um dos tiros foi na direção dele – Manjiro analisou meu olhar e falou, ele olhou pro outro lado – Ken está trazendo ele, fique acordada!

Mas eu estava com tanto sono.

– Ei! Fique acordada garota! – Koko brigou comigo, ele levou uma mão ao meu rosto – Eu sei que nunca vamos nos casar, mas precisa ficar acordada entendeu? Tem que viver pra eu te ver com um vestido branco enquanto te levo ao altar pra esse idiota aqui.

Ele apontou para Manjiro com o queixo e riu.

– Eu te amo muito, e sei que também me ama, não do jeito que eu queria, mas eu sei que ama – Ele estava chorando – E preciso que fique acordada, preciso que aguente firme pra voltar pra lá e viver sua vida do jeito que tem que ser, sem sofrer de novo e do lado da pessoa que trás um brilho tão bonito pros seus olhos.

Agora eu também chorava.

– Vem logo Ken! – Ouvi mais um grito de Manjiro, que talvez não estivesse ligado ao que estava acontecendo do seu lado.

– Volte pra lá e pare de fingir, mesmo naquela época eu sabia que vocês sempre terminariam juntos – Koko secou meu rosto com suas mãos – Não percam tempo.

Soltei um soluço, Draken apareceu ao lado, Chifuyu em suas costas, ele se abaixou soltando o garoto que tinha um tiro na perna e outro no braço.

Os olhos de apavoro do garoto deveriam refletir os meus.

Agora eu não queria morrer, queria voltar e encontrar eles na época em que gangues eram nosso maior problema, precisava voltar e resolver as coisas.

Estiquei o braço que parecia pesar toneladas, Chifuyu fez o mesmo e com um empurraozinho de Hanma, alcancei a mão do garoto que sempre seria como um irmão pra mim agora.

Um choque me percorreu, de um lado eu sentia meu corpo morrendo, e do outro eu me sentia sendo puxada de volta pro mundo.

Dessa vez acordei em um quarto que eu conhecia.

Tinha um futon no chão, ao lado de minha cama, onde dormia Mikey.

Agora ele era de novo aquele garoto que eu lembrava, cabelos loiros e bagunçados, um rostinho angelical.

Pulei da minha cama e fiquei ao lado dele, plantando um abraço no garoto que ainda estava meio dormindo meio acordado.

– O que você..? – Ele estava tentando raciocinar.

– Desculpa te acordar – Soltei uma risada – Acabei de voltar e eu precisava de você.

– Voltar? – Ele franziu o cenho – Foi rápido.

Fiquei parado olhando o rosto dele, seus olhos, cada detalhezinho que me fazia apaixonar a cada dia, por mais que eu lutasse contra isso.

Levei uma mão ao rosto dele e passei o polegar em sua bochecha, ele estava com o rosto sonolento ainda.

Plantei um selinho em seus lábios e sorri me afastando.

Ele me olhou confuso.

– Sempre seja assim, tá bom? – Pedi segurando as lágrimas – Sempre seja esse garoto que eu amo!

Abracei ele de novo e derrubei lágrimas em seus ombros, ele me abraçou de volta.

– Prometo – Ele se afastou e ficou me olhando por alguns segundos – Estava com saudade de você, de nós assim, juntos.

– É faz um tempo que você não me coloca contra as paredes – Sorri pra ele.

– Não seja por isso – Ele riu também e me virou, me colocando abaixo dele, deitada no futon, ele estava com uma mão de cada lado da minha cabeça – Estava com saudade de ver você ficar vermelha com qualquer toque meu – Ele levou uma mão a meu queixo, segurou ali e me depositou um selinho.

Depois outro e mais outro que se tornou um beijo profundo e lento.

Ele desceu uma mão para a lateral de minha perna, massageando ali.

Foi quando memórias reluziram na minha mente e eu o afastei rapidamente, ofegante.

Engoli em seco, apertei os olhos tentando fazer aquilo tudo sumir.

– Ei o que aconteceu? – Mikey tentou levar a mão ao meu ombro e eu instintivamente me afastei, olhei pra ele assustada.

– Desculpe... Eu... – Respirei fundo – Acho melhor chamar os outros, tenho coisas pra contar.

Ele apertou os olhos confuso, tentando me entender, por fim apenas assentiu e levantou, ele abriu a porta e desceu.

Eu esperava que isso não me seguisse até aqui, mas o pior de tudo isso de poder ir pro futuro, era ter que lidar com toda a bagagem de memórias.

Agora eu tinha mais coisas pra me assombrar.

Me levantei lentamente da cama, minhas pernas doíam, exatamente como no futuro, curioso, talvez fosse uma memória corporal.

Eu quase conseguia sentir os pontos onde minhas pernas foram quebradas.

Fui até a porta do quarto e desci as escadas para a sala, Mikey estava lá com Mitsuya e Chifuyu.

Corri descendo a escada e mancando pela dor, corri e abracei Chifuyu.

Ele ficou confuso mas abraçou de volta.

– Ainda bem que você está bem – Apertei mais ele – Nunca mais me assuste assim.

– Ah tudo bem, não sei do que está falando mas eu prometo – Ele riu e se afastou.

– Vocês não se lembram? – Perguntei pra eles.

– Não – Chifuyu olhou confuso.

– Eu achei que vocês lembravam das linhas do tempo quando descobriam sobre isso, eu me lembrei quando Takemichi me contou em um futuro, e no passado foi quando vocês me sequestraram...

– Sequestrar é uma palavra muito forte, prefiro salvar – Mikey falou baixo, sorri pra ele.

– Bom você descobriu no futuro, certo? – Mitsuya perguntou, assenti – Nós descobrimos no passado, pode ser isso eu acho.

– Talvez... – Murmurei pensativa – Onde estão os outros?

Ouvi batidas na porta.

– Acabaram de chegar – Chifuyu sorriu.

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