Capítulo 7

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(Lyra)

Nos dias em que se sucederam Lyra passou a maior parte do tempo sozinha. Nem sinal de Eris ou de sua mãe. Ela gostava da mãe dele, uma companhia maternal desde que ela havia perdido a sua. A grã feérica era gentil e atenciosa. A garota não fazia a menor ideia de como uma fêmea tão amável poderia ter se casado com um crápula feito o Grão senhor, mas decidiu não perguntar.

Entre leituras na biblioteca imensa da Outonal, e frequentes visitas da curandeira Hidra, a garota não tinha contato com mais ninguém. Ela não tinha tido tempo de pensar em como sua vida seria a partir do momento que contasse para Eris que estava grávida. Não imaginou ter que desistir de sua vida na vila para vir morar ali. E definitivamente nem passou pela cabeça vir viver em uma mansão.

Por mais que Eris tivesse prometido que sua família seria mantida em segurança, ela não havia recebido nenhuma carta deles desde que chegou ao castelo. A garota confiava que seu irmão mais velho Ian tomaria conta dos demais. Mas, nenhuma carta? 

Ian era apenas um caçador na vila e ganhava menos que Lyra no bar, mas agora era a única pessoa que lhe restava para tomar conta de seus irmãos menores.

Os dias também eram mais frios e mais curtos naquela parte da Outonal do que em seu vilarejo. Ela era uma estranha. Uma estranha naquele castelo, naquela família, e certamente uma estranha para o pai de seu filho.

Tinha alguma coisa em Eris que intrigava a garota. Ele era um macho arrogante e impulsivo e definitivamente mandão. Ah, Lyra estava certa que parte disso vinha da classe alta a qual Eris pertencia. O alto escalão e tudo o que ele cresceu acostumado.

Mas sem amor, pensou. Acho que o mais próximo de carinho genuíno que Eris recebeu foi de sua mãe.

A fêmea tinha que admitir que ele podia ser frio e calculista, mas era muito inteligente e articulado.

E bonito.

Merda. Lyra tentou tirá-lo da cabeça. Ela precisava de ar fresco. Dar uma volta fora daquele lugar seria ótimo para espairecer as ideias.

Ela pegou um dos casacos de pele que uma serviçal havia abastecido em seu armário com centenas de roupas. Roupas que a fêmea não teria tempo suficiente numa vida inteira para vestir. Finas, do melhor corte e costura que já havia visto.

Ao passar pela porta frontal do castelo, uma sentinela se posicionou na sua frente bloqueando o caminho.

- O que? Com licença. - Lyra tenta passar por ele.

- Perdão senhora, mas não tem permissão para sair desacompanhada. O guarda permaneceu bloqueando o caminho.

- Como é? E quem disse isso? Diz Lyra surpresa com a resposta da sentinela.

- Nosso Grão senhor.

- Qual.Deles ? Os olhos de Lyra se tornaram puro ódio.

O guarda não respondeu e apenas ficou parado onde estava.

Ninguém vai me dar ordens. Machos irritantes.

- Saia da minha frente! A fêmea tenta se desvencilhar dele, mas logo chega mais um guarda para segurá-la. – Me soltem!

- Precisamos cumprir a ordem. Ele nos avisou que isso poderia acontecer. O guarda falou. – Por Favor senhora, peça para o Grão Senhor.

PEDIR. Mas nem que cortassem a sua língua Lyra iria pedir para aquele desgraçado mandão.

Por de trás dela, Lyra pôde sentir uma sombra quente se aproximando. Os guardas paralisaram ao ouvir sua voz.

- Permissão consentida.

Corte de Lâminas e Fogo (ACOTAR - ERIS)Onde histórias criam vida. Descubra agora