Helion retornou ao palácio quando o Sol já estava brilhando no céu. Ele estava levemente embriagado quando passou por um Eris dormindo no sofá da sala.
- Problemas no paraíso? – Helion riu.
Eris por sua vez queria jogar qualquer coisa na cara do Grão senhor. Intrometido.
- Não te interessa.
- Não mesmo.
Uma das empregadas de Helion apareceu timidamente na sala onde os machos estavam de conversa afiada.
- Com licença senhores. – Ela fez uma reverência. – Eu pedi para que entregassem o desjejum nos seus aposentos como pedido, mas a fêmea negou. Ela está trancada no quarto e disse que só vai sair quando forem retornar a Corte Outonal.
Eris colocou as mãos na testa, massageando as têmporas.
- Tudo bem, obrigado. Deixe o carrinho aí que eu mesmo levarei até ela.
Ok, ele tinha vacilado demais com Lyra, mas a fêmea precisava comer. Faziam mais de doze horas em que haviam comido pela última vez.
- Por essas e outras é que sou solteiro. – Helion disse por fim, indo dormir no seu quarto.
Eris nem respondeu, subindo até o quarto de Lyra.
Que a mãe o protegesse do temperamento da fêmea.
Ao chegar ao quarto bateu três vezes á porta, não obtendo resposta. Ele nem precisava verificar se estava trancada. Forçou um pouco a maçaneta abrindo a porta.
Lyra estava sentada próxima da janela, ela nem sequer o olhou nos olhos. Continuava vidrada na paisagem.
- Bom dia... Trouxe o café da manhã.
Novamente silêncio.
- Lyra, você precisa se alimentar. Daqui algumas horas precisaremos partir, a viagem será longa.
- Não estou com fome.
- Pense no bebê, não é bom...
- Não fale dele! Você perdeu esse direito.
Eris a encarou de cara amarrada.
- Não pode fazer isso. É meu filho também, quer você queira ou não. Olhe, eu sei que fui um canalha...
- Você É um canalha.
Lyra percebeu que a pior coisa em uma traição era que sempre vinha do lado do qual menos se espera. Não dos inimigos, mas dos mais próximos.
- Se você não comer, eu mesmo vou enfiar a comida na sua boca!
- Quero ver tentar.
Lyra sabia exatamente como tirar o macho do sério.
- Você está chateada comigo e com razão. Diga o que eu posso fazer para consertar o erro. Não suporto ficar brigado com você.
- Você disse que se eu fosse pro Castelo estaria protegida, mas não me disse que o pior inimigo dormia a apenas alguns metros de distância! Afastou-me da minha família com isso, e disse que não teria mais segredos entre nós! Eu sempre me mostrei confiante para você e ainda assim, tomou decisões sem o meu consentimento.
- Me desculpe, meu pai sempre me empurrou para casar-me e ter herdeiros, mas nunca confessou que apenas machos! Eu não sabia, achei que estaria protegida lá e recebendo todo o suporte do mundo, até mesmo de Beron. Assim que fiquei sabendo de seus planos conversei com Lucien e agora firmei uma aliança com Helion. Fiquei preocupado com o que essa informação pudesse causar na sua gestação. Eu queria te passar segurança ao revelar isso. Você e minha mãe poderão ter asilo aqui enquanto eu acabo com o meu pai.
- Você acha que conseguirá sozinho derrotar seu pai? Como é que pretende retornar a Corte Outonal?
- As sentinelas de Helion entrarão disfarçadas no momento adequado. E quanto à segunda pergunta, minha mãe ainda está lá. Se eu retornar agora sem você ele irá suspeitar. Temos que agir nos mínimos cuidados. Além disso, não sei se Beron já retornou de onde quer que esteja.
- Como nos tirará de lá?
- Há uma passagem secreta. Tirei Lucien pelo mesmo túnel naquela noite em que se refugiou na Primaveril.
Lyra sabia de que noite o macho estava falando. Da noite em que Jesminda foi brutalmente assassinada.
Lyra ficou novamente em silêncio.
Eles eram duas almas quebradas e atormentadas pelos fantasmas do passado, jogando um jogo muito perigoso de confiar e amar.
- Estou farta de mentiras. Farta de ser colocada de lado nas decisões que me dizem respeito.
- Me perdoe, eu nunca quis te colocar nesta posição. - Eris pegou nas mãos de Lyra. - Eu fiz tudo na melhor das intenções, mas, eu te prometo que não há mais segredos entre nós. Daqui para frente decidiremos tudo lado a lado. Você pode me mandar para o inferno se descumprir a promessa.
- Te mandarei para um lugar muito pior.
- Fechado. – Agora coma.
Lyra fez biquinho dizendo: - Estou com desejo daquele bolinho da festa de ontem...
- Mas não tem no carrinho.
- O bebê vai nascer com cara de bolinho, depois não me culpe.
Eris se levantou e foi procurar a feérica que servia o café da manhã para a fêmea buscar o que Lyra estava desejando.
--X—
Depois da refeição Eris e Lyra desceram ao jardim para se despedirem de Helion.
- Ah, vejo que já fizeram as pazes! Não foi hoje que Lyra te fritou vivo.
- Para sua infelicidade não, Helion.
- Bem, espero vê-los em breve então. – O Grão senhor abraçou Lyra e apertou a mão de Eris.
- O acordo ainda está de pé. Fique atento a qualquer sinal. – O macho ruivo respondeu.
- Tenha cuidado Eris e fale para sua mãe que...
- O que?
- Deixe para lá, apenas cuide dela por mim. - Helion colocou as mãos nos bolsos.
O casal subiu no cavalo alado e partiram em fim para a Corte Outonal.
Notas da Autora:
Olá pessoal, uma pergunta para melhorar a escrita cada vez mais para vocês leitores *_*
Vocês preferem capítulos mais longos ou mais curtos? E capítulos todos os dias ou apenas alguns dias na semana?
Sei que já avisei que a FIC está chegando ao fim, mas vem novidades por aí! Fiquem ligadinhos!
Bom fim de semana ;*
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Corte de Lâminas e Fogo (ACOTAR - ERIS)
FanfictionEris é o herdeiro direto do trono da Corte Outonal e esconde muitos segredos. Temido por muitos e detestado na Corte Noturna, ele passa muitas de suas noites bebendo e buscando diversão com fêmeas em bares clandestinos por Prythian. Depois de escuta...