Corte de Lâminas e Fogo (ACOTAR - ERIS)

Capítulo 36

Lyra caminhou os malditos setecentos metros, no meio da mata fria e escura da Outonal, ela pensou ter se perdido, quando alguém tapou sua boca e a puxou mais para a escuridão.

Ela realmente acreditou que era o seu fim. Sozinha naquela floresta com quem quer que a tenha capturado.

Pela graça da Mãe era Helion ali com ela. Seu rosto frio e assombrado. Ele continuou segurando a boca da fêmea e colocou um dedo na boca fazendo sinal de silêncio.

A fêmea entendeu quando ambos ficaram parados ali, enquanto viam duas sentinelas de Beron vasculhando a área.

Os dois esperaram até que os guardas dessem meia volta, só assim Helion tirou sua mão da boca de Lyra, perguntando:

- Onde está a senhora da Outonal? – Helion falou sussurrando.

- Ela foi capturada por Beron. Lucien foi até eles.

- Merda. – Helion amaldiçoou. - Vamos, te ajudo a subir no cavalo. – Ele tentou pegar o braço da fêmea, mas Lyra se desvencilhou de suas mãos.

- Não Helion! Sem Eris, Lucien e a mãe deles eu não vou!

- Eu fiz uma promessa para Eris. Enquanto você parte vou esperar até que Lucien traga a mãe dele e darei asilo a vocês.

- Helion, não há mais tempo. Você tem que entrar no Castelo! Eles precisam da sua ajuda.

- Não posso garota, você enlouqueceu? Já estou dentro da Corte Outonal, se alguém me pega aqui isso pode trazer sérias consequências para a frágil relação entre os dois reinos, até mesmo para Prythian. Estaria dando abertura para Beron iniciar uma guerra comigo. Há muito mais em jogo do que apenas nós. Lucien e Eris tem que cumprir sua parte do trato.

- Você é que não entende! JÁ estamos em guerra! Beron está para matar os filhos e sua senhora a qualquer momento!

Helion paralisou por um segundo. Ele estava em um conflito interno. O trato não era ele adentrar o castelo, mas sim ficar ali escondido, até que as fêmeas chegassem ao ponto de encontro. O acordo era que mesmo que Beron sobrevivesse ao golpe, ele não faria ideia de quem ajudou no escape das duas. Helion nunca daria as caras naquelas terras e esconderia Lyra e a senhora da Outonal na Corte Diurna. Beron nunca saberia onde procura-las.

Por outro lado, há anos não via sua amada. Ela havia se certificado disso, de que o macho a deixaria e o passado que tiveram juntos para trás. Longe de ele querer interferir nos problemas conjugais da fêmea, afinal ela tinha feito sua escolha, a senhora da Outonal confessou acreditar que seu marido iria mudar, e Helion respeitou sua decisão se afastando. Mas se Lyra estivesse certa e o maldito do Beron depois de tantos anos continuava a maltratar seu amor, então o macho iria sofrer. Afinal, Helion a havia deixado para que ela pudesse ser feliz, se Beron não havia dado isso a ela e ainda assim a manteve presa durante esses anos... Entrar no castelo seria travar uma batalha na qual apenas um Grão senhor sairia vivo.

Não havia alternativa.

Helion carregava mais perigo do que qualquer exército pudesse transportar. Sem armas, porque o próprio Grão feérico já era uma. A mais letal.

Ele marchou para dentro do túnel com Lyra atrás.

--x—

Ao atravessarem o túnel e saírem dentro do castelo, Lyra e Helion avançaram escondidos pelos corredores vazios. Parecia que os empregados tinham fugido enquanto era tempo, e todas as sentinelas estavam naquele salão do confronto. Todas, até mesmo as de Helion que ainda não tinham se rebelado.