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PIETRA

Abri os olhos no susto, por um momento esqueci onde estava e por um flash das memórias da noite passada meu coração deu um sobressalto.

Olhei em volta e notei onde eu tava, era a casa da Dai.

O quarto de visitas da casa dela pra falar a verdade.

Um alívio junto com angústia me invadiu.

Alívio por estar fora daquele lugar, longe daquele monstro o qual já fui apaixonada.

Mas hoje a única coisa que sinto, é nojo.

Angústia por não saber o que fazer a partir de agora, e um pouco de medo também.

E se ele descobrir onde eu tô?

Se ele me encontrar de novo?

Eu vou sobreviver da próxima vez?

E se eu sobreviver, vou querer viver?

Tantas perguntas, todas sem resposta.

Tava tão aérea com tudo que tava acontecendo que nem percebi quando a Dai entrou no quarto, e sentou do meu lado na cama.

Daiane: oi amorzinho, como você tá? - alisou meu cabelo com a maior calma do mundo.

Funguei e só aí notei que já estava chorando novamente.

Não consegui responder a pergunta dela, só chorei.

E ela me me abraçou me dando conforto e amenizando um pouco daquela dor.

Pietra: eu-eu não entendo Daí - solucei em meio as lágrimas - ele disse que me amava, larguei tudo por ele Daí...o que eu fiz de errado? - a olhei, e vi somente o turvo, minha visão tava toda embaçada.

Diane: Pi, não é culpa sua, amiga - negou com a cabeça e tentou secar minhas lágrimas com o polegar - ele é um filha da puta amiga, nunca foi culpa sua! você é uma mulher foda, guerreira pra caramba, linda demais - segurou minha mão e apertou - nunca pense que foi sua culpa ok? porque não foi, não se culpe por isso tá? - assenti devagar.

Passei a manga da blusa de frio que estava usando no nariz, pra ver se parava um pouco da coriza que o choro causou.

Daiane: tá com fome? - neguei com a cabeça - você precisa comer Pi, não come desde ontem a tarde - neguei novamente - por mim amiga, só um teco pequeninho - fez sinal de pouco com o dedo indicador e o polegar.

Eu sabia que ela só estava querendo me cuidar, me fazer reerguer a cabeça mas para isso eu precisava me permitir ser ajudada e cuidada, e eu iria fazer isso.

Por fim, concordei em ir comer alguma coisa.

Meu estômago doía, mas eu não sabia se era fome ou dor pela a agressão.

Tentei afastar esses pensamentos e desci as escadas com a Dai indo para a cozinha.

A casa da Dai era a coisa mais linda, mesmo sendo na favela era toda perfeitinha, decorada como ela sempre sonhou.

A DONA | SÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora