A DONA | SÁFICO

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MARCELE

Hoje eu to de plantão, troquei com o Breno pra ele poder montar os bagulho do quarto do pivete dele.

Morro tava numa animação do caralho, e logo de manhã cedo eu tava fazendo ronda.

Mandei uns vapores limparem os armamentos que tavam guardado juntando poeira, e vim verificar tudo pessoalmente.

As vezes eu prefiro eu mermo vir ver se os moradores tão precisando de alguma, do que mandar vapor.

Marcele: Aí dona Neusa, tudo certo? — Estacionei a moto no meio fio.

Dona Neusa fez parte da minha infância pô, ela que comandava as atividades das crianças na creche que tem aqui no morro. Sempre fortaleceu muito.

Dona Neusa: Tudo certo, menina. — Sorriu — Senta aqui, conversa um pouquinho comigo — Bateu na cadeira que tava do lado dela e eu sentei.

Marcele: Manda o papo — Arrumei a postura.

Dona Neusa: Você tá magrinha hein, garota? Antes você tava mais cheinha — Me analisou e eu ri.

Marcele: Tô no puro suco da gostosura, pô — Pendurei a camisa no ombro. — Porra, maior cheirão ruim que tá aqui — Fiz careta.

Dona Neusa: Aí menina, é esse esgoto aí. Tá todo aberto passando aqui na frente de casa. Todo cheio de problema — Negou com a cabeça.

Marcele: E tá assim desde quando? — Encarei ela.

Dona Neusa: Ah, já tem quase dois meses eu acho — Deu de ombros.

Marcele: Pô dona Neusa, quando for assim tu tem me acionar pô. Se tu não me achar, avisa algum vapor ou ao Breno mermo, mas avisa pô, que daí nois conserta.

Dona Neusa: Olha Ferraz, não é querendo ser x9 não, mas eu bem chamei um menino que trabalha pra vocês umas três vezes. Toda vez ele falava que iam arrumar e nada. — Me olhou.

Já fiquei como? Puta pra Caraí.

Fico no ódio quando os cara que nois paga não faz o serviço direito.

Podemos tá na vida errada, mas lutamo pra manter o morro em ordem pra os moradores viverem confortável.

Marcele: Ah, é? Bom saber pô — Cruzei os braços. — Fala quem foi, pra eu já resolver isso aí. 

Dona Neusa: Oh minha filha, não faz nenhum mal pra ele não. Sei que não tá certo o que ele fez, mas não perde a cabeça. Sei que mesmo na vida errada, você é uma pessoa boa. Só conserta isso aqui, e já tá bom. — Me olhou.