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PIETRA

Eu tava sem acreditar que ela tinha tido a coragem de falar daquele jeito comigo, na frente de todo mundo.

Voltei pro estúdio na força do ódio, e só não fui direto pra casa por que ainda tinha mais duas clientes para atender.

Só não falei mais coisas ainda pra ela, por que sabia que tava a ponto de perder a razão.

Júlia: Não acredito que ela falou desse jeito com você! — Falou sem acreditar.

Pietra: Pois nem eu mesma acreditei. — Ri sem humor.

Júlia: Aí Pi, não sei nem o que te dizer — Diz e eu forço um sorriso.

Pietra: Tá tudo bem. É melhor que seja assim mesmo. Quem sabe vendo esse lado dela, esse sentimento passa. — Dou de ombros.

Era nessa ideia que eu tentava e queria me apegar.

Não queria mais sentir o que sentia pela Marcele. Já tinha depositado esperança demais em algo sem futuro.

Passei o resto da tarde tentando ocupar minha cabeça, e focando nos últimos atendimentos do dia.

[....]

Já eram 19:30 quando terminei de fechar o caixa e limpar tudo. Dei uma mini geral. Preferi fazer tudo hoje para poder abrir o estudio um pouquinho mais tarde amanhã.

Tava morta de cansada? Tava. Mas ainda precisava ir para a academia e dar uma geral em casa.

Fechei o estúdio e fui andando para casa.

Adorava morar pertinho do estúdio por isso, dava para ir e voltar de pé e sem muito esforço.

Passei na padaria e comprei algumas coisas para poder jantar, já que tava quase sem nada no armário de casa.

Preciso ir urgentemente no mercado, mas isso eu deixo para a Pietra do futuro resolver.

Cheguei em casa, coloquei mais ração para o cria que tava dormindo no sofá, e subi para tomar banho e trocar de roupa.

Só coloquei um macacão que comprei numa lojinha de roupa fitness online. Era preto e justo, de alcinha e não era curto.

Calcei meu tênis e prendi o cabelo num coque. Passei um body splash e um hidratante labial e tava pronta.

Peguei meu fone de ouvido e meu celular e sai trancando tudo.

Encontrei a Julinha na entrada do morro e fomos andando juntas em direção a academia.

A Nati tava auxiliando um grupo de idosas que vêm frequentemente todas as noites, mas assim que me viu, sorriu pra mim. Apenas retribui e acenei de volta.

Hoje meu treino e o da Julinha eram iguais, então revezamos os equipamentos.

Natália: Vamo Juju, só mais cinco ..— Se aproximou de onde estávamos.

Julia: Cê tá doida? Já tô morrendo aqui. — Disse ofegante e eu ri.

Natália: Fraquinha demais, pô — negou com a cabeça e me olhou. — Tá de parabéns, hein linda? Não te vi reclamar a noite toda.

Pietra: Tô me acostumando com os castigos que cê prepara pra mim — Dei de ombros brincando, e ela riu.

Julia: Lá ele — riu alto e eu olhei pra ela tentando entender. — Desculpa, foi sem querer. — Prendeu o riso. — Vou no banheiro e já volto.

Julinha saiu em direção a onde ficava o banheiro e ficamos apenas eu e Nati, que me auxiliou no exercício seguinte.

Natália: Tenta deixar o braço mais firme, e não dobra o pulso — ficou atrás de mim, e segurou de leve os meus braços. — Isso, mantém assim, linda.

A DONA | SÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora