PIETRA
Quarta-feira.
já se passava da hora do almoço e eu estava no Studio, atendendo mais uma cliente.
Sinceramente, eu já tinha perdido as contas de quantas eu já havia atendido.
Quarta normalmente na é um dia muito cheio, mas hoje, por algum motivo, está sendo.
Tive que acordar às 6:00 da manhã porque a primeira cliente marcou as 7:00. Então imagina como eu to agora, as 16:45 da tarde, com sono, e sem almoçar.
Eu tô um caco, na real.
Meu cabelo tá preso num coque, mas eu tô toda cheia de pozinho das unhas que fiz. Tô sentindo meu corpo todo peguento por conta do calor, porque mesmo com ar condicionado, o calor do Rio de janeiro parece a boca do diabo.
Única coisa que passava na minha cabeça, e que fazia com que eu não largasse tudo e saísse correndo era: depois dessa só tem mais uma, só mais uma.
E era uma que me fazia querer chorar, porque ao mesmo tempo que faltava pouco para acabar, faltava muito.
Amo meu trabalho e a profissão que escolhi, mas tem dias que eu fico tão cansada que meu corpo começa a pedir socorro.
Nem consegui ver se tinha alguma mensagem importante no celular, simplesmente não tive tempo para nada.
Quando finalizei o atendimento e fiquei aguardando a outra cliente, consegui ao menos me esticar e alongar um pouco as costas e tomar ao menos uma água, já que nem isso eu consegui hoje.
Peguei meu celular pra vê as horas e faltavam apenas cinco minutos para a próxima cliente chegar.
Entrei no whatsapp vendo as mensagens carregarem uma atrás da outra fazendo até o iPhone travar.
Mensagens das minhas mães, mensagens de clientes marcando horários, mensagens da Daiane, e até da Ferraz tinha mensagem.
Na verdade, sempre tem mensagens dela.
Depois do dia do baile, e da conversa lá em casa, nós ficamos mais próximas ainda.
E eu tenho que concordar com ela, nosso lance tem amizade envolvida também.
Depois de ter contado tudo que contei pra ela, eu me senti leve sabe? Senti como se um peso tivesse saído das minhas costas.
Eu não precisava mais tomar cuidado pra não deixar minhas inseguranças aparecem.
E vou ser sincera: o jeito que ela me olha e me toca, faz com que minhas inseguranças quase não existam mais.
Claro que eu ainda tenho muitas inseguranças por conta dos traumas do passado.
Já fez um mês que me livrei daquilo, mas mesmo assim é recente pra mim.
Poxa, parar pra pensar que em um mês tanta coisa aconteceu... é bizarro, mas é um bizarro bom.
Daniel não apareceu mais.
Sem mensagem, sem ligação, sem ameaças.
Eu queria comemorar que ele finalmente me deixou em paz, mas na verdade esse silêncio dele me causa medo.
Sei muito bem como ele é, e sei que ele não gosta de sair por baixo.
Claro que me sinto mais segura agora que a Ferraz sabe sobre ele, mas nem sempre eu tô com ela, e pra falar a verdade eu não quero ela tão envolvida nisso, sabe?
Não quero que ela tenha mais problemas do que já tem.
Minha cabeça foi para outro planeta e só retornou quando meu celular vibrou, mostrando uma mensagem da cliente que iria vir, desmarcando e falando que teve um imprevisto.
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A DONA | SÁFICO
Fanfiction📍Rocinha, RJ Quais as chances de encontrar paz e aconchego num lugar perigoso e cheio de controvérsias? pois é, as chances são poucas, mas eu encontrei minha paz, e foi nos braços da sub dona do morro.