PIETRA
Continuei dançando e curtindo meu baile.
Estava bebendo? Sim.
Queria ficar loucona? Não, odeio ressaca.
Já tinha dispensado uns três cara, não estava nem um pouco afim de ficar com ninguém.
Queria só extravasar meu ódio dauela desgraçada da Ferraz.
Eu tava dançando numa boa, quando enti alguém sarrar na minha bunda e me virei no susto.
Dei de cara com um cara, branco, de cabelo cacheado.
Parecia ter uns vinte e nove anos, sei lá.
Mas alto que eu ele era, quase só tamanho da Ferraz, só um pouco mais baixo.
Nunca vi mais esquisito.
Xxxx: aí gatinha, cê tá sozinha? - o sorriso asqueroso dele me causou náuseas.
Pietra: não, da licença - tentei sair dali, mas ele segurou meu braço.
Xxxx: cheia de graça né? - riu - tô te observando a noite toda, sei que tu tá sozinha pô - levou a mão até minha bochecha e eu desviei o rosto.
Meu deus, porque essas coisas só acontecem comigo?
Pietra: me solta, por favor - minha voz falhou. merda.
Um no já estava se formando na minha garganta.
Odeio essa sensação de fraqueza.
Xxxx: para de charme porra - o seu rosto ficou rígido e o jeito de falar, todo grosso.
Eu já vivi isso.
Ele lembrava o Daniel...
Pietra: me solta ou eu vou gritar - tentei falar mais firme, mas minha voz vacilou de novo.
Xxxx: grita, pra vê se eu não quero tua cara aqui mesmo - apertou mais meu braço, o que me fez fechar os olhos pela dor.
Senhor, de novo não, por favor!
Era tudo o que eu pedia.
Não deu nem tempo de raciocinar nada, ele já estava me puxando ainda apertando meu braço.
As pessoas dançando e se divertindo, sem nem notarem o que tava acontecendo.
As lágrimas já começaram a cair do meu rosto.
Ao mesmo tempo que eu queria gritar, eu tive medo. Medo de levar mais um olho roxo de novo, ou até pior.
Eu não sabia quem era aquele cara, nem o nome dele eu sabia. Ele podia ser perigoso ou sei lá.
A única coisa que eu sabia era que eu queria sair dali, e correr pra bem longe.
Ele me arrastou pelo meio da multidão e eu só orava para que algum dos vapores da Ferraz passassem e me reconhecessem.
Minha mente gritava pela Babi, Musa, Breno, Daiane e principalmente a Ferraz, porque com certeza eu estaria protegida com ela.
Maldita hora que fui dar um ataque de raiva. Devia ter escutado ela, e ficado por perto.
Fui burra, muito burra.
Ele me levou pra um canto escuro, que sinceramente eu nem notei onde era. As lágrimas estavam tão pesadas que deixavam minha visão turva.
Quando ele me encurralou na parede eu senti meu estômago embrulhar, e meu coração doer.
Eu não iria aguentar passar por isso de novo.
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A DONA | SÁFICO
Fanfiction📍Rocinha, RJ Quais as chances de encontrar paz e aconchego num lugar perigoso e cheio de controvérsias? pois é, as chances são poucas, mas eu encontrei minha paz, e foi nos braços da sub dona do morro.