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MARCELE


1 semana depois...

Quinta-feira.

Favela tava tranquila, e eu acho que até tranquila demais.

Não sei por que, mas nos últimos dias tenho sentido uns bagulho estranho. Uma sensação ruim pra caralho. Tô nem conseguindo dormir direito, papo dez.

Pietra tá basicamente me dopando toda noite pra eu poder dormir. E ainda por cima, só consigo pegar no sono mermo se tiver dormindo com ela.

Nois tem conseguido ficar mais tempo junto, as coisas tão mais tranquilas e tals.

Semana passada teve o campeonato aqui do morro, e foi bomzão. Tava com saudade pra caralho de poder jogar, principalmente basquete.

A doida foi mermo com uma camisa com o número 12 e o meu vulgo.

Ela disse que queria o número 12 por que foi o dia que nois ficou lá no baile.

Fiquei como? Toda boiola.

Essa mulher me deixa toda cheia de viadagem.

Eu nem lembrava qual era o dia, mas fiquei felizona dela lembrar.

No final de tudo, tava eu e a doida com as camisas iguais.

Ferraz - 12.

Joguei muito, papo reto mermo. Dei meu sangue como se eu tivesse na final da mvp e fosse profissional da NBA.

Acabou que meu time venceu, óbvio.

Pietra comemorou comigo cada jogo. A doida gritava mais que tudo a cada cesta minha, parecia até que entendia algo.

No final do campeonato teve um churrasquinho de leve, só pra fechar com chave de ouro.

Depois que tudo voltou ao clima normal no morro, nois voltou a atenção pro roubo de carga que teve a quase um mês atrás.

Musa continua focadona nisso. Ela disse que provavelmente daqui uns dias já tenha a resposta de quem foi que fez uma filha da putagem daquelas com a gente.

Breno tá doido pra descobrir quem foi, e resolver isso logo. Ele quer focar na gravidez da Daiane, e se pá eu concordo com ele.

Barbara: eai filha do Bob Marley — entrou na minha sala.

Depois que eu fiz o bagulho no cabelo ela tá com essas graças de ficar me chamando de filha do Bob Marley e os Caralho.

Tô quase dando um murro na cara dessa otária.

Marcele: vai ver se eu tô na esquina vai, Barbara — bufei. Essa porra me faz perder o juízo rapidinho.

Bárbara: mas cê tá braba é? — riu e eu mostrei o dedo do meio pra ela — Breno tá acionando tu lá na sala dele, cola lá pô — pegou um baseado no bolso e acendeu.

Fui pra sala do Breno e o menó já tinha acionado a Musa também. Já achei que era sobre o roubo.

Breno: senta aí mana, bora trocar um papo reto — apontou pra cadeira na frente dele e eu sentei.

A DONA | SÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora