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PIETRA

Sábado.

Hoje eu tinha tirado o dia off, não tinha trabalhado. Passaria o fim de semana de folga.

Fiz isso com o peso na consciência? Sim, fiz. Porque se deixar eu passo todos os dias trabalhando, porque simplesmente amo o que faço.

Mas era necessário tirar esses dias de folga, principalmente porque eu passar a a tarde/noite de hoje com as minhas mães.

Como já tinha comentado, ao menos uma vez no mês eu janto lá pra aproveitar um tempinho com elas. E hoje eu iria até mesmo, dormir lá, já que iríamos fazer um "cinema" em casa, com filmes que eu gostava de assistir quando criança.

Nesse exato momento eu estava arrumando uma mochila, com tudo que precisaria para passar a noite fora.

Porém tinha uma certa preta tatuada que estava dificultando minha tarefa.

Marcele: mas tu vai voltar quando? - levantei os olhos e encarei ela, que estava largada deitada na minha cama.

Pietra: amanhã depois do almoço. eu já te disse isso - ri e neguei com a cabeça. Era a terceira vez que eu respondia a mesma pergunta.

Marcele: pô nega, logo hoje que é minha folga pô - resmungou - eu vou fazer o que sem tu aqui? - virou de lado me olhando.

Sério, era impossível não rir de uma cena dessas.

Ferraz tá resmungando desde ontem, quando avisei que passaria boa parte do fim de semana fora do morro.

É até engraçado porque por um momento, esse jeitinho apegado dela me faz esquecer de quem ela é.

Pietra: ihh, cadê a posturada que eu conheci? se apegou foi? - brinquei enquanto colocava minhas roupas dentro da mochila.

Marcele: posturada só com os crias, contigo eu sou suave - deu de ombros - mas se bem que tu se amarra na minha pegada de cria, que eu sei - riu com a língua entre os dentes e eu ri revirando os olhos.

Pietra: você se acha demais cara - peguei minha necesserie e guardei também.

Vi ela levantar, e sentar na ponta da cama, do lado da minha mochila, e ficou olhando cada coisinha que eu fazia.

Pietra: que foi preta? - parei do lado dela, depois de um bom tempo que estávamos em silêncio.

Marcele: queria passar um tempo contigo pô. tamo sem tempo por conta da correria e os caraio e eu sinto tua falta pra porra, nega - confessou e limpou a garganta. Provavelmente ficou sem graça por se abrir desse jeito, certeza.

Marcele é muito sincera, tanto que até assusta. Mas em questão de sentimentos é ela mais reclusa, não se expõe tanto, ainda mais sobre a gente.

Nós ainda não conversamos sobre o que vai ser do nosso "futuro". Não falamos se vamos namorar ou não, se queremos algo a mais ou não.

Depois do chá de bebê da Daiane, semana passada, nós ficamos a semana toda sem se ver. Na verdade só nos vimos na quinta, porque ela foi levar uma marmita lá no Studio pra mim, já que eu comentei que não tive tempo de preparar almoço.

A DONA | SÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora