PIETRA
Quando escutei o ronco da moto, meu coração doeu.
Eu só conseguia chorar ao ponto de soluçar e tremer.
Só queria que ela estivesse aqui, que me abraçasse e falasse que ia ficar comigo...como ela ficou todas as vezes que fiquei mal.
Mas eu sabia que era mais que necessário que a gente ficasse um tempo longe.
Eu precisava pensar no que eu queria pro meu futuro, e a Marcele precisava decidir se ela queria fazer parte dele ou não.
Por mais que eu esteja apenas com vinte e dois anos, eu já sei o que quero pro meu futuro. Já passei tempo demais sofrendo e ao invés de ir pra frente, só ia para trás. Não é isso que quero pra mim.
Não sei por quanto tempo fiquei ali, parada no meio do meu quarto, chorando sem parar. Só sei que um tempo depois eu reuni forças de onde não tinha e fui por um pijama ou uma roupa molinha pra dormir.
Tudo aconteceu tão rápido que eu ainda com a mesma toalha que sai do banho.
Quando abri meu guarda-roupa procurando algo pra vestir, não consegui segurar o choro. A primeira coisa que vi foi a camisa do Travis que era dela e eu acabei roubando pra mim.
E foi ela mesma que vesti.
O cheiro dela ainda tava na camisa. Aquele cheiro de Malbec que eu amava tanto...
Eu passei o resto da noite no meu quarto. Não consegui comer mais nada. Só de pensar em comer algo, meu estômago embrulhava de tão nervosa que eu tava.
Meu celular ficou desligado o tempo inteiro. Eu só queria ficar sozinha e tentar colocar toda bagunça que minha cabeça tava, no lugar certo.
Ficou passando alguma coisa na tv e eu não sei o que era por que eu chorei tanto que meus olhos ardiam, e eu nem conseguia mais prestar atenção em nada.
[....]
Minha cabeça doía tanto que parecia que eu tava de ressaca.
E sinceramente, quem me dera fosse isso...
Eu nem sabia que horas eram, só acordei por que acabei deixando a janela do meu quarto aberta e o vizinho colocou um funk hiper alto.
Levantei na força do ódio e da preguiça e fui direto pro banheiro.
Me assustei quando me olhei no espelho. Eu tava mal demais. Meu rosto tava hiper inchado de tanto chorar, meu nariz e bochechas vermelhos, minhas olheiras estavam muito roxas e fundas e como eu nem penteei meu cabelo depois que lavei, tava um ninho horroroso.
Se antes eu tava mal por tudo que tinha acontecido, agora eu também tava por me ver assim.
É isso que me deixa triste. Me ver dessa forma me faz lembrar de quando eu ainda tava com o Daniel. Me faz lembrar de como eu vivia mal, chorando e até mesmo me culpando por não ser boa o suficiente pra merecer amor.
Eu tentei me blindar contra isso. Tentei evitar de ficar assim de novo.
Sei que Daniel e Ferraz são completamente diferentes e tudo mais..Mas eu não suporto mais passar por esse tipo de coisa. Eu só quero alguém que realmente me ame, e que eu seja o suficiente.
A única coisa que eu queria da Marcele é que eu fosse a certeza dela. Que ela demonstrasse que me queria de verdade e que não era só um lance e tchau.
Mas de novo, eu tava arrasada por amar demais. E mais uma vez eu precisava me reerguer e pôr minha cabeça no lugar, por que diferente do meu antigo relacionamento, esse ainda não havia tido um ponto final. e pra que isso acontecesse, eu precisava espairecer.
Segurei o choro o máximo que pude. Não queria chorar por que já tava morrendo de dor de cabeça e pra piorar meu rosto tava ardendo.
Escovei os dentes e fui direto tomar banho. Aproveitei e lavei meu cabelo de novo por que só assim pra eu conseguir desfazer esse ninho que tava nele.
Depois reuni minhas últimas forças e fui pôr uma roupa descente, mas molinha e de ficar em casa. Como hoje é domingo, eu não iria trabalhar, e poderia ficar em casa. E graças a deus por isso, por que eu tenho condições de atender ninguém do jeito que eu tô.
Escovei meu cabelo e passei chapinha, tudo na maior calma do mundo. Aproveitei pra me curtir e espairecer assistindo um desenho bobo que passava na tv.
Tinha deixado meu celular carregando antes de começar a secar meu cabelo, e só depois que terminei que fui dar uma olhada.
Tinham algumas mensagens da julinha perguntando se amanhã era pra ela abrir o Studio ou se seria eu. Tinha mensagens da Hillary e também da Aimmé que tava me chamando pra ir com ela comprar umas coisinhas de casa, já que ela e a Musa vão se mudar semana que vem pra casa delas. Minhas mães também tinham mando mensagens e algumas fotos do cachorrinho que elas adoraram, o Tobias. Um vira lata caramelo hiper fofo. Daiane também tinha mando mensagem me chamando pra ir almoçar na casa dela, mas sinceramente, sem condições de eu sair de casa hoje.
Tinham algumas mensagens da Marcele além de algumas chamadas perdidas. a última mensagem foi pra volta das 03:00 da manhã, e depois não teve mais nenhuma.Respondi todo mundo, menos a Marcele. Não era momento pra gente conversar. Nem pessoalmente, nem por mensagens.
Já eram 14:40 da tarde e eu não tinha comido nada.
Desci pra cozinha e fui fazer um macarrão com carne moída. Queria algo rápido, só pra matar a fome. Aproveitei pra pôr comida pro Cria e abrir a porta do quintal pra ele poder sair de dentro de casa um pouco.
Enquanto o macarrão não ficava pronto, tomei um remédio pra dor de cabeça pra vê se aliviava um pouco e depois resolvi dar uma geralzinha na casa.
Como eu tava hiper cansada e dolorida por não ter dormido direito, não ia conseguir fazer uma hiper faxina, mas ao menos ia conseguir organizar algumas coisas.
Essa semana foi uma correria só, não tive tempo nem de passar uma vassoura em casa. Tinha uma pilha enorme de roupa pra levar e eu já comecei por isso mesmo.
Deixei a rouba batendo e fui organizar o resto da casa. Passei só uma vassoura e um pano no chão e nos móveis, só pra tirar a poeira e manter em ordem.
Terminei bem rapidinho e já fui comer. Já tava até começando a tremer de tanta fome.
Coloquei Manifest pra passar na tv e almocei no sofá mesmo. Não tinha sentido comer na mesa, já que eu tava almoçando sozinha.
Passei o resto do domingo vendo séries e filmes. Mal mexi no celular, só mandei algumas mensagens pra julinha dando algumas instruções sobre o que é preciso fazer amanhã e depois foquei só em não fazer nada...
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A DONA | SÁFICO
Hayran Kurgu📍Rocinha, RJ Quais as chances de encontrar paz e aconchego num lugar perigoso e cheio de controvérsias? pois é, as chances são poucas, mas eu encontrei minha paz, e foi nos braços da sub dona do morro.