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MARCELE

Foi um beijo com saudade, um beijo que dava pra sentir que as duas queriam e até parecia que precisava para viver.

Segurei firme seu cabelo, trazendo um pouco da sua cabeça para trás. Mordi seu lábio ouvindo ela suspirar.

Senti falta pra caralho disso.

As mãos dela espalmaram meu peito quando o ar foi faltando, e o beijo foi finalizando.

Ela abriu os olhos devagar e ficou me olhando, parecia que ela conseguia enxergar até o que tinha dentro de mim. A boca inchada do beijo tava me convidando pra beijar ela de novo.

Mas é u tava ligada de que precisava ser sincera com ela. Se eu não falasse tudo que tava guardando, tudo que eu tentei não sentir, ia perder ela.

Marcele: Nega..– Começo a falar mas vejo ela negar com a cabeça enquanto outras lágrimas começam a descer.

Pietra: Não dá. Não posso fazer mais isso. – Soluça – Isso foi um erro, não dá. – Se vira pronta para sair, mas a seguro pelo braço fazendo ela ficar e voltar a me olhar.

Marcele: Não nega. Não faz assim, pô. Vamo conversar. – Peço. E pela primeira vez em uma cota, eu sinto medo. Medo de perder ela de vez.

Pietra: Conversar sobre o que, Marcele? – Tenta segurar o choro.

Marcele: Sobre a gente, sobre nós. – Aponto pra mim e para ela. – Por favor nega, só me dá mais essa chance. – Peço.

Na moral, se ela me mandar implorar, eu imploro. Já entendi que com ela, não tenho postura nenhuma.

Ela respira fundo e passa as mãos nas bochechas tentando secar as lágrimas.

Pietra: Não dá pra conversar aqui, alguém pode vir atrás da gente e aqui não é lugar.

Marcele: Vamo pra outro lugar então, não tem neurose. – Digo rápido.

Pietra: Não, vamos ficar mais um pouco. Depois você me leva em casa e aí a gente conversa. – Diz e eu concordo. Claro que concordo. Concordaria até se ela dissesse que quer que eu me vista de Hulk. – Vou voltar pra lá antes que uma das meninas venha atrás de mim.

Só consigo confirmar com a cabeça e fico ali, paradona olhando ela sumir no corredor e descer a escada.

Passo mais um tempo ali pra ninguém ficar enchendo o saco ou sacar que a gente tava junto e daí resolvi descer.

Levo a roupa que tinha pego pra Mus e ela leva a Babi no banheiro que tem perto da piscina pra poder se trocar.

Procuro pela Pietra e acho ela conversando com a Daiane do outro lado da piscina.

Tava agoniada, doida pra poder ficar perto dela de novo. Doida pra poder falar de uma vez.

Me segurei por muito tempo tentando ser forte, e pensando que tava fazendo o certo pra nós duas. Não queria bagunçar a vida dela e também não queria dar o braço a torcer que tinha me apaixonado, mas não dá.

A DONA | SÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora